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Zilda e Anis estavam sentadas em um longo sofá de couro branco, na recepção do hotel. Quando Anis voltou a chorar, Zilda a abraçou pelos ombros, puxando seu corpo em direção ao seu colo do pescoço e acariciando sua cabeça com uma das mãos.


– Eu sei que disseram que não podem checar as câmeras sem o gerente estar aqui para autorizar, mas assim que amanhecer nós vamos dar um jeito - Lorraine estava agachada de frente para ela, e acariciou seu joelho desnudo em uma tentativa de consolo. - E também podemos ter sorte com o Kai.


– Droga! Eu o acordei não foi? - Anis cobriu o rosto com as duas mãos, frustrada. - Eu realmente achei que estava ligando para o Martin. Por que sempre tenho que ficar bêbada nas minhas lives?


– Está tudo bem. Você estava alcoolizada e desesperada, e não leu o nome de para quem estava ligando. Poderia acontecer com qualquer pessoa - Lorraine suspirou, lançando um olhar significativo para Zilda, em busca de ajuda no consolo. - Tudo bem ficar confusa em situações assim. Eu sempre fico também.


– E sabem qual é o pior? - Anis tirou as mãos do rosto, exibindo suas bochechas vermelhas e com rastros de lágrimas que continuavam a crescer. Os olhos dela estavam brilhantes, em uma mistura de choro desesperado e de embriaguez. - O Cheshire nunca foi um gato de casa, então ele nunca saiu sozinho para andar por aí. Nem nas escadas do meu prédio. Ele ainda é só um gatinho mimado e inocente.


– Vamos ser positivas. Tenho certeza de que, se ele é assim tão doméstico, ainda está aqui no hotel - Zilda apertou mais o braço ao redor dela, dando um sorriso estranho para Lorraine. O olhar que ambas trocaram indicava que não sabiam mais o que dizer ou fazer.


– Eu sei que parece que eu estou passando dos limites e que é culpa minha, porque não o vigiei direito. Só que eu estou mesmo com medo de não o achar nunca mais - Anis esfregou o rosto com as palmas das mãos, de um jeito irritado, e se afastou de Zilda. Ela usou a barra da regata baby doll para enxugar o queixo úmido de lágrimas, e fungou para tentar conter o muco que estava entupindo seu nariz.


– Ninguém acha que você está exagerando - Lorraine se levantou, balançando as pernas para afastar o formigamento. - É claro que essa é uma situação de crise. A gente só precisa ter um pouco de paciência, ou não vamos conseguir nada.


Kai apareceu pela porta da escada, exibindo manchas de suor por toda a regata branca, como se ele tivesse corrido uma maratona. Ele as olhou de um jeito tristonho e, mesmo de longe, elas entenderam que ele não tinha tido sorte.


Anis voltou a cobrir o rosto, chorando de novo. Quando ele chegou perto o bastante delas, deu um tapinha no ombro de Lorraine, apertando os lábios em um traço de insatisfação.


– Ele não estava nas escadas, e olha que eu subi até o último andar. Mas sei que ele não saiu do hotel, porque conversei com o porteiro antes de começar a subir, e ele disse que não trocaram de turno e que nenhum gato passou por eles - Anis fungou, tentando puxar mais ar do que suas narinas conseguiam. Kai estendeu a mão, puxando-a para cima com cuidado. - Vamos subir e descansar. Já marquei um horário com o gerente para o primeiro turno dele amanhã. Nós vamos achar o Cheshire.


Anis acenou com a cabeça de forma positiva, aceitando o argumento. Zilda se ergueu e se aproximou dela, abraçando-a pelos ombros novamente, e Anis se permitiu ser amparada. Os quatro caminharam para os elevadores de forma resignada.

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