• 𝟎𝟏𝟎 - 𝑬𝒍𝒆 𝒗𝒊𝒖.

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Suspirando ao deitar-se em sua cama, Faith aproveita o silêncio para pensar com clareza.

Havia beijado Bill.

Isso era mais um efeito da puberdade que a fazia odiar-se ainda mais. Não estava totalmente racional no momento em que pediu para beijá-lo...

Notou algo estranho em seus sentimentos. Sentia vontade de fazer coisas que antes não sentia...

Porém, não se arrependia de ter dado um selinho em Bill. Isso só provou que ambos poderiam ser bons amigos de agora em diante, já que ela não sentia nenhuma atração romântica por ele.

Havia dormido por três horas na casa dos Kaulitz, tempo o suficiente para sua tia chegar em casa e levá-la após ser informada do ocorrido.

Quando levantou-se da cama e foi se despedir dos gêmeos Kaulitz e de seus pais, notou algo estranho em Tom.

Além dos vários hematomas em seu rosto, ele mal olhou para ela e agiu de forma breve ao receber seus agradecimentos. Além disso, fez a mesma coisa com Bill.

Pensou se seria possível ele ter visto ambos se beijando... mas isso não causaria nenhum efeito em Tom. Ele não tinha sentimentos por ela. Pelo menos, era o que Faith pensava.

O afeto dele por ela não passaria em sua cabeça nem mesmo se ela soubesse que era real.

Suas aulas presenciais começavam daqui dois dias.

Com esse pensamento, era impossível outro tomar conta de sua mente. Estava nervosa demais, impaciente demais.

- Faith, querida, você nem tocou na comida que eu te trouxe - diz a Sra. Skinner.

- Não consigo comer, tia - suspira a jovem, com a cabeça entre as mãos - Pode guardar para a janta?

- Ah... posso sim - assente a mulher, pegando o prato de sua afilhada - Você sabe que não precisa se preocupar, não é? Vai ficar tudo bem.

- É no que eu queria acreditar...

Indo até o seu quarto, sendo pega mais uma vez pela onda de tédio, Faith se joga em sua cama. Estranhou a falta do som que fazia seus ouvidos sangrarem na casa ao lado, talvez, isso ocuparia sua mente por alguns segundos.

O tempo e a experiência fizeram com que a jovem se acostumasse com o estilo musical que desprezava. Era convidada todas as tardes em que os meninos ensaiavam para assisti-los.

Estranhando o silêncio, decide visitá-los. Descendo as escadas, encontra sua tia apoiada no balcão.

- Tia... você está bem? - pergunta a ruiva, preocupada.

- Faith? Ah...estou - força um sorriso a mais velha - Apenas uma tontura.

- O tio não está? - questiona-a novamente, olhando ao redor.

- Hã... ele foi na farmácia - responde, sentando-se.

- Então você não está bem ‐ assente a garota, compreensiva - Eu ia na casa dos Kaulitz, mas se você quiser, eu fico com você até o tio chegar.

- Oh, querida, não precisa - nega a Sra. Skinner - Pode ir.

- Tem certeza?

- Absoluta. Vá se divertir - confirma a tia, sorrindo para a sobrinha.

Insistindo em ficar mais e cedendo aos pedidos da tia para ir, Faith segue em frente. Seu coração dói aos poucos, ao se lembrar de estar na mesma situação com a sua mãe meses atrás.

Insistia em faltar a aula para ficar com ela, mas a Sra. Gomez se recusava. Queria que Faith tivesse um futuro e que não fosse igual a ela nesse quesito...

Chegando até a casa dos gêmeos, bate na porta. Segundos se passam até Simone abri-la com um sorriso no rosto.

- Faith, amor, o que veio fazer aqui? - pergunta ela.

- Oi tia Simone - cumprimenta a menina - Achei estranho não ouvir os meninos ensaiando hoje, quis saber o motivo.

- Ah, sim - reponde, balançando a cabeça - Eles foram se apresentar em um evento de última hora.

- Oh... entendi - assente a ruiva, pensando - Quando eles voltarem, deixe um oi por mim.

- Pode deixar, meu anjo - concorda a mais velha, acariciando os cabelos avermelhados de Faith.

Tentando esconder sua frustração, a menina anda a passos lentos até sua casa.

Ao chegar, encontra sua tia chorando incontrolavelmente com a cabeça entre as mãos. Preocupada, Faith corre até lá.

- Tia! O que aconteceu? - exclama a menina.

- Eu perdi... Faith... acho que eu perdi - diz a Sra. Skinner, em meio as lágrimas.

No começo, a jovem garota não entendeu as palavras da tia. Mas ao pensar com mais calma, ela entende.

Sua tia perdeu... um filho.

Abraçando-a, Faith sente as costas da mulher subindo e descendo de tanto chorar. Fica na mesma posição até seu tio chegar.

A partir daquele fatídico dia, Olivia Skinner mal se levantava da cama. Uma depressão profunda agarrou-se em seu âmago com garras e dentes. De acordo com o tio, era a terceira vez que sua mulher perdia um filho.

Passando dois dias inteiros em casa para ajudar sua tia e seu tio com o que precisavam, faltava pouco menos de dez horas para encarar seu pesadelo...

Seus pedidos para não ir à escola foram recusados não só pela sua tia, mas também pelo seu tio. Não tinha escapatória.

O soar da campainha chama sua atenção. Deixando a louça de lado, vai até lá.

Abrindo a porta, encontra um grupo de meninos a encarando com olhares tristes.

- Oi... - diz Bill, forçando um sorriso - Soubemos o que aconteceu ontem, mas só hoje conseguimos trazer isso.

Estendendo uma bacia para Faith, a garota nota uma bela torta de amoras ali.

- Obrigada - sorri a ruiva - Eu e meu tio somos péssimos na cozinha.

- Minha mãe me mandou te entregar isso - Georg fala, estendendo uma bacia cheia de macarrões com almôndegas.

- E a minha - continua Gustav - lhe mandou esse suco de limão. Ajuda a acalmar os nervos.

- Ah... muito obrigad... - começa Faith, até ser interrompida.

- E eu trouxe uma torta salgada - corta Tom, entregando-a a bacia com nenhuma delicadeza - Espero que sua tia melhore. Tchau.

Boquiaberta, a ruiva observa o Kaulitz mais velho dando as costas e indo até sua casa. Os outros suspiram, achando aquela atitude normal.

- Ele está assim faz dois dias - diz Bill, encarando-a - Não sei porque.

- Aliás, ele não queria vir aqui de jeito nenhum - murmura Gustav - A tia Simone o obrigou.

- E ele está muito chato com Bill, não é? - pergunta Georg para o Kaulitz que concorda - E sempre que falamos de você, ele muda de assunto...

- Acho que ele acha que você e Bill gostam um do outro - pensa o loiro - Mas é apenas uma suposição.

Neste momento, Bill e Faith se entreolham. Agora, ambos juntam as peças e chegam a uma conclusão.

Tom realmente viu.

Ele gosta de Faith.



ᴠɪᴢɪɴʜᴏs | 𝐓𝐨𝐦 𝐊𝐚𝐮𝐥𝐢𝐭𝐳 Onde histórias criam vida. Descubra agora