Acordando com um pulo, Faith ofega, olhando para o relógio. Eram apenas três horas da madrugada e faltavam mais quatro horas para seu verdadeiro pesadelo começar. Não conseguia dormir, seu coração e sua mente não a deixavam em paz.
Ligando a luz, a jovem anda de um lado para o outro, tentando se acalmar. Se alongava, bebida água, molhava o rosto... nada adiantava. Nada dimuina a ansiedade constante que sentia em seu âmago.
Sua insegurança e seu medo também eram a causa de sua insônia. Pensou que as lágrimas que começaram a jorrar de seus olhos eliminariam um pouco do seu nervosismo, mas só pioraram a situação...
Levantando-se para ir ao banheiro, um menino de dreads para ao ver a luz do quarto da casa ao lado ligada. Seus olhos percorrem pelo cômodo e encontram Faith sentanda com os braços ao redor de suas pernas e com a cabeça entre os joelhos.
A garota balança para frente e para trás, aos prantos. Sentindo culpa e uma pena enorme pela ruiva, abre a janela. Com uma bolinha de papel, tenta chamá-la.
A menina só conseguia escutar seus pensamentos mais sombrios. Suas lágrimas já haviam acabado e restava apenas a dor. Pensou em deitar e nunca mais levantar... até que escutou um leve baque em sua janela.
Olhando na direção do barulho, nota um menino a observando da janela ao lado. Seus olhos desfocados demoram até perceber que era Tom, acenando para ela.
O garoto, ao vê-la olhando-o, pega uma folha e escreve com rápidos rabiscos. Grudando na janela de vidro, a ruiva lê.
"Quer dar uma volta?" estava escrito, com a caligrafia desajeitada de Tom. Fungando, a garota nega.
"Qual foi? Vamos, vai ser legal" insiste ele, fazendo beicinho. Um sorriso escapa dos lábios de Faith e ela pensa que não seria tão ruim assim.
Entendendo a resposta da ruiva, o Kaulitz pega um casaco e sai do quarto. A garota espera vê-lo indo até a porta da frente, mas Tom para na frente de sua janela.
- Espera... você não acha que eu vou descer, não é? - susurra ela, com os olhos arregalados - Só pode estar maluco.
- Isso faz parte da diversão. Eu te pego - diz ele, com os braços abertos - Se pendura na janela e pisa no começo da outra. Se você se jogar, eu tento te segurar.
- Tom, não é mais fácil ir pela porta da frente? - pergunta a jovem, olhando-o daquela altura.
- Ah, vem logo Faith - ri o Kaulitz, fazendo sinal para que ela desça.
- Se eu morrer, juro que te mato - bufa ela, saindo lentamente da janela.
Com os pés apoiados no objeto abaixo, a garota segura firme para não cair. Se esticando para deixar seu pé na outra janela, acaba escorregando. Ficando apenas com as mãos penduradas, a ruiva tenta, mas fracassa terrivelmente em achar qualquer outro apoio para o pé.
- Tom! Meus braços não vão aguentar - arfa ela, ofegante pelo esforço.
- Merda - xinga Tom, correndo até ela - Se você se soltar, acho que consigo te pegar dessa altura...
- Você... acha? - a garota repete, rangendo os dentes - Mas no que eu fui me meter...
- Não tenha medo, eu amortecerei sua queda.
- Ah... meu Deus, me ajude - choraminga a garota - Me segura!
- O que? Espe...
Antes que Tom pudesse terminar de falar, Faith já estava caindo em sua direção. O menino tenta agarrá-la e ambos vão direto para o chão
- Ai... porra - esbraveja o menino de dreads, com a cabeça girando - Você é mais pesada do que imaginei.
- Você está bem? - pergunta ela, acima dele - Eu avisei que não era uma boa ideia, mas você me escuta por acaso?
- Uh... - geme ele, com as mãos na cabeça - Sai de cima de mim, por favor.
- Ah, desculpa - diz ela, se levantando e estendendo a mão para o garoto - Quer ajuda?
- Quero... - aceita ele, segurando a mão da garota e sendo puxada por ela.
Assim que suas mãos se tocam e seus olhos se encontram, uma pequena faísca se forma, fazendo ambos ganharem um choque.
Desfazendo as mãos imediatamente, ambos ficam sem jeito. Tom não sabe, mas Faith reconhece os sentimentos que ele tem por ela... mas não será uma boa ideia tocar no assunto.
- Hã... você ainda quer dar uma volta? - pergunta Faith, envergonhada - Você parece meio... cansado.
- O que? Ah sim. Claro que quero - diz ele, pegando na braço dela - Vem comigo.
Sentindo seus bochechas quentes, agradece o fato de Tom estar de costas para ela. Não era acostumada com toques desse tipo por meninos...
O Kaulitz a conduz até os fundos de sua casa, onde há uma grande escada que leva para o telhado.
- Você só pode estar brincando - franze o cenho a ruiva - Quase morri pulando uma janela... imagina cair de um telhado.
- Para de ser medrosa. Vamos - diz Tom, cutucando-a e logo em seguida, subindo a comprida escada.
Ao chegarem no topo, um arrepio percorre o corpo branco de Faith. Ela havia esquecido do casaco.
- Toma - murmura Tom, entregando-a seu próprio casaco - Você não pode ficar resfriada no seu primeiro dia de aula.
- Na verdade, adoraria - força uma risada a jovem, vestido o casaco - Obrigada.
- Você não precisa se preocupar tanto assim. Ninguém vai querer se meter contra você. Ruivas tem gênio forte, lembra?
- Rá, engraçado - sorri Faith, olhando para a lua - Ah... é tão linda a vista daqui.
- É, é sim - concorda ele, sem tirar os olhos da ruiva.
Alguns minutos de silêncio se passam enquanto ambos admiram o céu estrelado. O coração de Tom palpita em seu peito, ameaçando rasgá-lo. Não conseguindo mais permanecer naquele silêncio, diz:
- Desculpa pela forma que agi ultimamente... Fui um completo babaca.
- É, que bom que sabe - ri a garota, hesitando - É verdade que... você viu Bill e eu nos beijando?
- Ah - Tom se surpreende com a resposta - Bill te contou.
- Não, eu descobri sozinha - nega a ruiva, desviando o olhar - Percebi como você estava agindo estranho comigo e com Bill, então, cheguei a essa conclusão. O motivo da sua arrogância foi porque... você gosta de... mim?
Encarando-o nesse exato momento, o coração de Tom ameaça parar. Tinha a chance de se declarar para a garota que tanto desejava... a garota que fazia seu coração acelerar e parar com um simples olhar... a garota a muito tempo, desejava beijar.
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ᴠɪᴢɪɴʜᴏs | 𝐓𝐨𝐦 𝐊𝐚𝐮𝐥𝐢𝐭𝐳
RomanceCom a morte repentina de sua mãe, Faith Gomez, uma menina que desde cedo experimentou a amargura da perda de um ente querido, se muda para a casa de sua tia, na Alemanha. Passando pelo estágio da aceitação e da superação da morte de sua mãe, um grup...