Seus olhos encaravam o céu pela janela do carro. Estava nublado, o que indicava que logo choveria. Aquele clima era o mesmo que havia dentro de si. Raios atingiam seu coração, deixando-o extremamente doloroso. Se recusou a olhar para Tom quando disse as palavras que deram início a sua tempestade interna. Sabia que tinha o magoado.
Não estava totalmente sóbria, mas conseguia pensar com clareza. Permaneceu a viagem para a casa dos Williams em um silêncio profundo. Bill, que estava no volante, olhava dela para o retrovisor. Louis estava atrás, segurando um lenço em seu nariz.
- Faith, Bill... - ele susurra, com os olhos fechados - Obrigada.
Nenhum dos dois responde. Ambos estavam pensativos e surpresos com a revelação que a pouco tiveram. Principalmente Faith, que tentava se controlar.
Chegando na casa do garoto, Bill e Faith o ajudam a descer. Os pais do Williams não estavam o que para eles, era um grande alívio. Ajudando-o a sentar, Bill vai a procura de algo para tratar das feridas que no rosto de Louis estavam. Sangue escorria de seu nariz e o olho direito mal se abria, além disso, havia hematomas em suas costas, causados pelos chutes do Kaulitz mais velho.
- Pensei que você me deixaria lá - Louis diz para Faith, fazendo uma careta ao sentir uma toalha molhada em seu rosto.
- E eu ia - reponde a ruiva, contraindo o maxilar.
- O que? Então por que me ajudou? - o moreno pergunta, confuso.
- Por que você morreria se ficasse lá - fala, olhando-o feio - Além disso, eu gosto de você e quero que me explique o porquê dessa sua ação no passado, para que eu não quebre a sua cara.
- Oh... você gosta de mim? - Louis sorri maliciosamente, parando ao sentir seu rosto arder - Ok. Você sabe que sempre tive uma quedinha por você desde o momento em que você me enfrentou no parque aquático, não é?
- Não especificamente - a ruiva franze o cenho.
- Pois então, eu dei em cima de você algumas vezes mas nunca deu certo - o garoto suspira, relembrado-se - Não gosto de falar muito sobre o meu passado, já que eu detestava o que eu fazia... Mas continuando, eu soube por alguns "amigos" meus que você e Tom haviam brigado. Eu fiquei feliz pois o caminho estava livre... contudo, você ficou uma semana sem ir à escola e quase perdi as esperanças. Então, em uma segunda feira, você voltou. Vi você sozinha, andando pelos corredores e sem a companhia dos meninos no intervalo... achei estranho. Foi então que decidi falar com você, mas naquele exato momento, você se levantou e sumiu entre os corredores. Foi até a sala de Tom e deixou algo em meio ao seu caderno. Por curiosidade e burrice, fui ver o que era. Uma bela carta, admito. Rasguei o envelope e li todo o conteúdo que nela estava. Confesso que esse foi um dos piores erros que já cometi em minha vida.
- E o que você fez com a carta? - pergunta ela, sem olhá-lo.
- E-eu não lembro direito - tenta pensar o garoto - Talvez eu tenha jogado no lixo ou...
Antes que pudesse terminar de falar, a mão de Faith vai em direção ao seu rosto. O estalo que se propaga no ar chama a atenção de Bill que estava no banheiro. O Kaulitz corre até lá e vê o moreno com a mão na bochecha, enquanto a ruiva cerra os punhos.
- Mas o que... - começa o vocalista, analisando aquela cena.
- Louis, eu sei que você mudou e se arrepende por isso, - ofega a Srta. Gomez, segurando-se para não o bater novamente - mas não me culpe se eu não falar com você nos próximos dois anos.
- Faith... - chama o Williams, vendo a garota indo embora - Porra, Bill... eu estraguei tudo. E pensar que eu achava que havia me tornado uma boa pessoa...
- Há coisas do passado nas quais nos envergonhamos, realmente... Mas, Louis?
- O que? - funga ele, encarnado os belos olhos castanhos de Bill.
- Sempre tem como recomeçar - diz o vocalista, passando a mão pelos cabelos - Devo confessar que ouvi toda a sua história enquanto estava no banheiro, e te pergunto: Você tem certeza que jogou a carta fora?
- Não... - responde o moreno, pensativo - Mas não sei o que fiz com ela.
- Tem certeza? Por exemplo, você não a guardou ou a deixou em...
- Isso! - exclamou Louis, se levantando e segurando Bill pelos ombros - Você é maravilhoso, cara. Sorte de quem se casar com você.
O Kaulitz fica boquiaberto enquanto vê o Williams se afastando e sumindo entre os corredores. Suas bochechas ardem e tenta respirar normalmente. Tenta agir com calma quando Louis volta com um papel amassado em mãos.
- Aqui - diz ele, balançando a folha - Essa daqui é a carta.
- Você guardou... se lembra por que? - Bill fica supreso, olhando para os olhos esperançosos do Williams.
- Não, mas ainda bem que fiz isso - sorri, apesar das dores faciais - Temos que entregar para o Tom.
- É uma ótima ideia. Vou ligar para ele e... - assim que pega o celular, nota várias chamadas perdidas de seus pais e da dupla GG - Merda.
- O que foi? - pergunta Louis, sem entender.
Bill não reponde e liga para a mãe. Suas mãos tremem ao ler as mensagens nas quais a ele foram enviadas.
- Filho... que bom que você atendeu. Estava entrando em desespero - a mulher suspira, do outro lado da linha - Você está com seu irmão?
- Não... - responde, engolindo em seco - E é sério que ele não voltou para casa com Gustav e Georg?
- Sim... Seu pai até disse que o viu passando pela frente de casa, mas não o achamos em nenhum lugar. Pensei que você estava com ele, mas quando perguntei para Faith, ela negou.
- Tom não respondeu nenhuma mensagem?
- Nenhuma - diz a mãe, respirando fundo - Eu sei que ele deve estar em algum lugar, porém ainda me preocupo por ele não ter avisado.
- Fica tranquila, mãe - assegura-lhe o filho - Vou pegar o carro do meu amigo emprestado e passarei por todos os lugares possíveis que ele pode estar.
Desligando, olha para Louis que o entrega a chave da camioneta. O moreno até pede para ir junto, mas Bill diz que é melhor ele ficar. Se toda aquela revolta fora causada pelo ódio de Tom pelo Williams, não seria uma ótima ideia ambos se reencontrarem.
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ᴠɪᴢɪɴʜᴏs | 𝐓𝐨𝐦 𝐊𝐚𝐮𝐥𝐢𝐭𝐳
RomanceCom a morte repentina de sua mãe, Faith Gomez, uma menina que desde cedo experimentou a amargura da perda de um ente querido, se muda para a casa de sua tia, na Alemanha. Passando pelo estágio da aceitação e da superação da morte de sua mãe, um grup...