• 𝟎𝟎𝟏 - 𝑶𝒔 𝒎𝒆𝒏𝒊𝒏𝒐𝒔.

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2002

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2002

Dor: sentimento associado à sensações desagradáveis que causam algum desconforto sendo ele físico, ou mental.

É um conjunto de emoções e sensações de ansiedade, medo, aflição, desamparo, angústia, para os quais a pessoa não encontra palavras ou representações. É preciso ser forte, mas também se permitir sofrer.

A força é justamente reconhecer o tipo e o tamanho da dor, vivê-la, tentar sobreviver a ela, e um dia, transformá-la em saudade, sabedoria e maturidade. É preciso encarar a dor da perda de frente, sem hesitar.

Porém, Faith Gomez era jovem demais para entender. Antes, vivia ao lado do ser que mais amava. Ficou evidente que a questão não era descobrir se a vida precisava ou não ter algum significado para ser vivida... Estava feliz.

Agora, ao contrário, tem certeza de que não existe nenhum significado senão sofrer. Era nisso que pensava com os olhos fixos no caixão a centímetros de si. Não conseguia discernir as palavras do padre, apenas escutava murmúrios indistiguiveis e confusos.

Queria sair correndo dali; Acordar daquele pesadelo; Correr para os braços da pessoa que jazia em sua frente. Não permitia-se chorar com várias pessoas a olhando, não queria nenhuma palavra de reconforto, já que estas não tinham nenhum significado para ela.

Todos os seus alicerces e colunas desabaram, fazendo-a entregar-se de bom agrado para o sofrimento.

"Ela se foi..." tristemente, pensou "Nunca mais a verei... nunca mais". Seus pensamentos vagueavam nas tristes memórias que para sempre ficariam estagnadas em sua mente.

Os últimos momentos que teve com sua mãe... a dor... o sofrimento...

Descobriram, tarde demais e com estágio avançado, o câncer de mama. Sem chances e esperanças de que fosse sobreviver, a mãe de Faith tinha apenas alguns meses de vida. Mesmo sabendo o que logo cedo aconteceria, a menina de onze anos não foi capaz de vê-la sofrer.

A Sra. Gomez conseguiu viver por mais dez meses, com a quimioterapia. Apesar de Faith ser muito nova, sabia que devia aproveitar o máximo possível do tempo que ainda lhe restava com a mãe.

Sua tia, vinda da Alemanha, fazia companhia para a mais velha enquanto a garotinha ruiva ia para a escola. Ela, por sua vez, a visitava após a aula todos os dias, no hospital.

Quase sem forças, a Sra. Gomez fez Faith prometer não fechar seu coração para o mundo e de estar disposta a receber assim como dar amor para aqueles que mereciam. Contudo, ao chegar da escola e encontrar sua mãe com os olhos fechados em seu leito, a fez repensar aquela promessa.

Sua tia chorava incontrolavelmente debruçada sob o corpo já sem vida da irmã. A garota ruiva apenas encarava a cena perplexa, e a partir daquele dia, se tornou mais reservada e quieta.

ᴠɪᴢɪɴʜᴏs | 𝐓𝐨𝐦 𝐊𝐚𝐮𝐥𝐢𝐭𝐳 Onde histórias criam vida. Descubra agora