Enquanto Tom olhava para os olhos cor de mel de Faith, sentia seu coração acelerar cada vez mais, caso isso era possível. Aproximou-se dela, com a frequência da sua respiração ficando mais forte, suas mãos tremiam e seu corpo começa a suar mesmo com o vento gelado que batia contra ele.
Não era simplesmente atraído por ela, estava apaixonado por ela.
Demorou para perceber que não queria apenas provar um beijo da garota, mas algo a mais, sem malícia. Notou, com o passar dos dias, que seu apetite diminuia e havia dificuldade para se concentrar nos ensaios.
Dormir era outro problema, assim como coisas simples do dia a dia eram esquecidas facilmente enquanto Faith não saia de sua cabeça. Ver Bill e ela a sós, foi a gota d'água.
No começo, achou que estava doente. Simone até pensou em levá-lo ao hospital... Tudo foi se tornando rotina e normal, mas Tom ainda detestava sentir aquela ansiedade constante.
O que sentia por Faith, não era um amor safado, como sentia pelas outras garotas. Era um amor... romântico. Claro que não podia evitar seus desejos carnais, mas não era só nisso que pensava ao olhar para a ruiva.
Agora, frente a frente com a causadora de seus pensamentos pecaminosos e enloquecedores, tem a chance de expressar toda a sua estima. Seus olhos percorrem cada traço de Faith, que é iluminada pela luz do luar.
Seu peito arde e seus membros formigam antes de dizer:
- Sim. Eu gosto de você, e muito - sua voz sai, quase em um susurro - Torço para que seja recíproco.
Ao falar isso, um alívio enorme perpassa pelo seu corpo trêmulo e nervoso. Suas pupilas dilatam ao encarar os lábios de Faith enquanto esperava uma resposta.
A garota por sua vez, sente uma sensação horrível em seu peito. Fica sem palavras, mal conseguindo respirar. Não entende que sensação era aquela... parecia que ia morrer.
- Eu... - susurrou - Eu...
- Faith Gomez! O que pensa que está fazendo aí?! - uma voz a chama, vindo debaixo. Ao seguir com o olhar o barulho, vê sua tia encarando-os da janela de sua casa - Você precisa dormir! E você também, Tom! Todos precisam descansar para ir à escola. Desçam já daí.
Sentindo suas bochechas queimarem ao ser flagrada tão próxima de Tom, olha para ele receosa. Este, apenas assente e força um sorriso que sabe que foi doloroso. Ele sabia a resposta da garota... ou achava que sabia.
- Vamos - diz, evitando olhá-la.
Ao chegarem em terra firme, se despede na maior rapidez e corre até sua casa. Um coração partido pelo amor não correspondido.
Faith, que recebia alguns sermões de sua tia, mal prestava atenção no que ela falava. Sua mente estava em outra coisa... ou melhor, em outra pessoa. O jeito como ele se despediu... A forma como havia o magoado ao não respondê-lo... Sentia-se um lixo porque: não sabia o que sentia.
Deitando-se em sua cama, demora alguns minutos para pegar no sono. Sonha como Tom e com seus olhos cor de avelã encarando seus lábios... Quando estava prestes a tocá-los, acorda com o despertador irritante.
A ansiedade que sentia para ir à escola havia, felizmente, diminuído. Sua confusão para com os seus sentimentos era o motivo. Tomou café sem perceber que a xícara estava transbordando... colocou sal ao em vez de açúcar... comeu o pão com uma colher...
Sua tia estava de pé, determinada a apoiar Faith mesmo com a dor que ainda ardia contra o seu peito. Encarando a ruiva, nota a estranheza de suas atitudes.
Via que a jovem olhava inúmeras vezes para a casa ao lado. Então, compreende. "O amor jovem é tão lindo" pensou, com um olhar triste.
Despendido-se de seus tios, Faith anda até o ponto de ônibus. A sensação que teve ao ver Bill e Tom já presentes, e principalmente, o último, quase fez seu café retroceder.
Cumprimentando-os, nota como o Kaulitz mais velho a ignora. Bill tenta tornar o clima mais divertido, mas fracassa ao ver que Faith também estava mal.
Entrando no ônibus, a ansiedade em relação a escola volta. Olha para as pessoas que lá a encaram, curiosas.
- Senta com a gente - pede Bill, sorrindo - Não vai ficar apertado já que somos pequenos.
Aceitando o convite, Faith fica no canto direito, na janela, enquanto o Kaulitz mais novo fica no meio e o mais velho na beirada do assento. O trio não diz nada, esperando ansiosamente a chegada na escola.
Então, após vinte minutos, o ônibus para. Faith tem um vislumbre perfeito de seu pesadelo. Ao descer do ônibus recebe um olhar de reconforto de Bill, que sorri amigavelmente.
A escola era bonita, por assim dizer. O portão estava aberto e várias crianças e adolescentes corriam para dentro. A princípio, ninguém a notou. Porém, quando o quieto Tom e o alegre Bill a deixaram para ir às suas respectivas salas, as pessoas começaram a notá-la.
Havia vários murmúrios como: "Quem é aquela?" "Você viu o cabelo dela?" "Será que ela é da nossa sala?" "Acho que deve ser namorada de um dos Kaulitz".
Estava tudo ocorrendo tranquilamente. Nenhum xingamento, nenhum olhar de desprezo, nem nada do tipo. Já havia começado a pensar que sua preocupação era desnecessária...
Sendo apresentada pelo professor na sala, porém, notou alguns olhares de julgamentos vindo das garotas dos fundo. Mas isso não era o pior.
Percebeu, bem no fundo, na última carteira da última fileira, o menino no qual havia feito bullyng com Bill e a empurrado na piscina. O sorriso de satisfação que fez ao vê-la, deixou Faith enjoada.
Sentando na primeira carteira, tenta prestar atenção nas aulas. No recreio, é uma das primeiras a sair, procurando avidamente pelos gêmeos Kaulitz.
- Olha só - diz o menino que queria evitar - Nem me disse oi... pensei que éramos amigos.
- Não enche, Louis - diz Faith, que agora sabia seu nome - Agora me de licença, estou procurando meus amigos.
- Os Kaulitz e a dupla GG? Coitada, acho que você devia repensar suas amizades - ri ele, olhando-a de cima a baixo - Sabe, eu não havia percebido, mas você é uma gatinha.
- Obrigada, agora me deixe sozinha - pede Faith, andando.
- Qual foi, vamos conversar...
- Eu... não... quero - esbraveja a ruiva, mostrando o dedo meio.
- Escuta - diz ele, pegando em seu braço - Só quero te conhecer melhor. Você é o tipo de garota que me amarro.
- Eu já disse, não quero - persiste ela, tentando se desvencilhar das mãos de Louis.
- Gatinha... - susurra ele, apertando mais forte.
- Você é surdo? Ela disse que não quer - diz uma voz atrás deles.
- Tom... - arfa Faith, feliz em vê-lo.
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ᴠɪᴢɪɴʜᴏs | 𝐓𝐨𝐦 𝐊𝐚𝐮𝐥𝐢𝐭𝐳
RomanceCom a morte repentina de sua mãe, Faith Gomez, uma menina que desde cedo experimentou a amargura da perda de um ente querido, se muda para a casa de sua tia, na Alemanha. Passando pelo estágio da aceitação e da superação da morte de sua mãe, um grup...