Meses haviam se passado e Faith Gomez já estava fluente em alemão. Estudava com sua tia e quando essa não podia, ia até a casa dos Kaulitz. Em alguns momentos se via sozinha, pois os meninos se apresentavam uma ou duas vezes por semana em eventos em que eram chamados.
A ruiva era convidada, mas sempre negava-se a ir. Odiava eventos sociais ou qualquer coisa que envolvesse uma multidão de pessoas. Além disso, a volta à escola presencial a deixava ansiosa.
Faltava pouquíssimos dias para esse evento catastrófico acontecer. Estudava online quando não sabia alemão... mas agora que sabe, consequentemente, terá de ir à escola presencial.
O motivo de seu nervosismo derivava dos comentários horríveis que os meninos da casa ao lado faziam. Não que a escola em si fosse ruim, mas as pessoas que lá estavam.
Já viu pela sua janela, Bill chegar em casa chorando e Tom com um olho roxo. Não tocava no assunto, mas os ouvia reclamando de pessoas que faziam bullyng com eles.
Mas não era só isso que a deixava nervosa. Outra coisa a fazia suspirar de desgosto. A maldita puberdade.
Desde semana passada, notou um crescimento excessivo de seus seios. Sua tia aconselhou-a a usar sutiã com bojo e já era perceptível os olhares que para ela eram dirigidos.
Sempre foi magra. Agora, curvas começavam a surgir. Não gostava daquilo... detestava aquilo. Para onde quer que fosse, a Sra. Skinner a aconselhava levar absorventes.
Este era outro motivo de seu coração acelerar ao pensar em ir à escola. E se menstruasse lá? E se todos vissem o sangue em suas calças?
Por causa desses pensamentos sombrios, pediu a tia para comprar o máximo de calças pretas que podia. Assim, mal enxergariam o sangue, caso vazasse.
No momento, se encontrava sozinha em casa. Estava jogada em sua cama sentindo dores em seu abdômen que eram consideradas normais, de acordo com sua tia. Para ela, a sensação de latejamento, era o fim do mundo.
Se for virar "mocinha", que seja agora, pouparia preocupações. Resmungava e rolava em sua cama, até escutar uma batida na porta.
Sabendo que não poderia ser os tios, desce com o maior desânimo para atender Bill em sua porta.
Ao abri-la, nota o Kaulitz todo trajado de verão. Óculos escuros e uma boia pendurada em seu braço.
- Oi - murmurou Faith, sem esforços para ser amigável.
- Nossa - o menino de cabelos negros a olhou de cima a baixo - Você está acabada. Está tudo bem?
- Está - suspirou ela, escorrando-se na porta - Você atrapalhou me sono da beleza, o que quer?
- Ah, desculpa... Bom, nossa mãe irá nos levar para um parque aquático - começa ele, sorrindo - Queríamos saber se você quer ir. Gustav e Georg também vão.
Parque... aquático? Só de pensar em usar roupas coladas... ou pior, um biquíni, a deixava repulsiva.
- Não, obrigada - respondeu, sorrindo fecha a porta - Obrigada pelo convite, até mais.
- Espera! - pede Bill, segurando o objeto - Nós já pedimos para sua tia e ela deixou. A Sra. Skinner disse que ficará o dia inteiro fora e que era para você ir conosco. Além disso, ela disse que você não precisa entrar na água, caso não queira.
- Não... preciso? - diz, mas para si do que para o Kaulitz - Se for assim... tudo bem.
- Uhuuu! - comemora ele, balançando os ombros da ruiva - Mas leva toalha, por precaução. Iremos te esperar lá em casa, tchau!
- Tchau... - susurrou, quando Bill já estava longe.
Voltando para o seu quarto, pega o necessário e desce correndo até o quintal. Ao chegar na casa da Sra. Simone, se depara com todos animados por ela ter vindo.
Cumprimentando-os, seu olhar recai sobre Tom. O menino está sem camisa, fazendo Faith corar de leve. O de dreads nota e sorri, mordendo os lábios.
Isso foi o motivo dos olhos da garota desviarem dos dele. Seu coração saltitou dentro de si e uma sensação estranha se apossou de sua barriga.
Ignorando todas essas sensações, acomoda-se no carro. Por ter cinco pessoas no banco de trás, tiveram que improvisar.
- É só enfiar o Tom no bagageiro, pronto - sugere Bill, que está sendo espremido contra a porta - Argh... vai mais para lá.
- Como? - resmungou Tom - Faith, levanta um pouquinho.
- Por que? - perguntou a garota.
- Só levanta.
Obedecendo, mas em entender, Faith levanta do banco. Um suspiro escapa dos lábios dos meninos, por terem um pouco mais de espaço.
Então, tão repentinamente quanto o pedido de Tom, são as mãos deste em sua cintura, pressionando-a para baixo.
Ao se ver sentada no colo do menino de dreads, os olhos de Faith arregalam-se. Georg, Gustav e Bill olham para Tom com a mesma expressão.
O pais dos Kaulitz não percebem, mas um clima sinistro toma conta do banco de trás.
- O que foi? - pergunta Tom, olhando para as caras surpresas dos outros - Assim fica menos desconfortável, não é?
Olhando para frente, recusando-se a virar a cabeça, Faith apoia os braços no banco do motorista e do passageiro. Está sentanda na ponta das pernas de Tom, mas mesmo assim, sente-se nervosa.
A verdade era que o Kaulitz mais velho não pensou direito no que iria fazer, apenas queria espaço. Mas ao ver Faith ereta em sua frente e remexendo-se com o movimento do carro, xinga-se mentalmente.
Recebendo uma cotovelada assim como um olhar para suas calças dos amigos, nota uma elevação ali.
- Merda - sussurrou - O que eu faço?
- Passa ela para mim - sugere o irmão.
- Não - nega-se Tom - Georg, senta no colo do Gustav, por favor.
- Eu não - resmunga o moreno - senta você no do Bill.
- Por que estão cochichando? - pergunta a ruiva, olhando para trás pela primeira vez.
- Ah... nada... - diz o Kaulitz mais velho, antes da estrada se tornar íngreme e fazer Faith escorregar para trás - Porra.
As costas da garota batem contra o peito de Tom. Desajeitada, tenta voltar para frente. Ao sentir uma coisa abaixo de si, remexe-se.
Pedido socorro urgentemente, Georg senta no colo de Gustav. Suspirando, Tom joga Faith ao seu lado agressivamente.
- Está coçando o meu pé - responde, inclinando-se para frente.
A jovem olha para os garotos que fingem desentendimento. Dando de ombros, aprecia a vista da janela.
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ᴠɪᴢɪɴʜᴏs | 𝐓𝐨𝐦 𝐊𝐚𝐮𝐥𝐢𝐭𝐳
RomanceCom a morte repentina de sua mãe, Faith Gomez, uma menina que desde cedo experimentou a amargura da perda de um ente querido, se muda para a casa de sua tia, na Alemanha. Passando pelo estágio da aceitação e da superação da morte de sua mãe, um grup...