Tom voltava pra casa cabisbaixo. Não era um trajeto longo, já que em menos de trinta passos já estava parado na frente da porta. Observou a ruiva pular o murro e a viu entrar dentro de casa. Sentia-se vazio. Parecia que alguma coisa tinha dado errado ou que não estava certa... e ele sabia o que era.
Não queria "recomeçar como amigos", definitivamente não. Porém, não gostaria de fazer Faith sofrer. Respirou fundo, e girou a maçaneta. Poucos segundos foram necessários para que toda a sua família viesse ao seu encontro, abraçando-o e repreendendo-o por não ter os avisado aonde ia.
Pediu desculpas e logo subiu para o quarto. Bill e os pais se entreolharam, sabendo que alguma coisa estava errada. O Kaulitz mais novo o seguiu, encontrado o irmão sentando em sua cama, de olhos fixos na janela fechada da casa ao lado.
- Está tudo bem? - perguntou Bill, sentando-se ao lado só gêmeo - Já te vi na mesma situação anos atrás.
- É... - suspirou o Tom - E com os mesmos sentimentos de anos atrás.
- Ah... entendo - assentiu o irmão. Após alguns segundos de silêncio, continua - Pensei que você nem me responderia. Achei que estaria de mal comigo.
- E você me julgaria se eu estivesse? - ri o mais velho, cutucando-o - Eu sei que aquele cara mudou e vocês fizeram amiz...
- Não é isso.
- O que? - Tom arqueia as sobrancelhas, confuso.
- Não é porque somos amigos - respondeu.
- Do que você está falando? - o garoto de tranças o olha com curiosidade.
- Então... hã... Sabe aquele garoto que eu disse meses atrás que estávamos conversando? Aquele que eu já conhecia - começa Bill, visivelmente nervoso.
- Sei... - concorda o garoto de tranças, arregalando os olhos de repente - Não vai me dizer que...
- Espera... E sim. É o Louis, mas antes de continuar, quero que saiba que não te contei porque eu sabia que você iria surtar e falar para mim parar de conversar com ele.
- E você estava certo. Eu iria mandar ele a mer...
- Shhhh. Deixa eu terminar - interrompe o gêmeo, franzindo o cenho - Ele pegou meu número com alguém que não faço ideia de quem seja. Me pediu desculpas sobre o passado e disse que havia se tornando uma pessoa melhor. Isso eu te disse.
- Sim, mas eu pouco me impor... - tenta dizer Tom.
- Foi então que ele pediu como era ser famoso e disse que me acompanhava pela Internet há muito tempo. Começamos a conversar sobre coisas aleatórias e nunca mais paramos - suspira Bill, olhando para as mãos - Estava tudo bem até eu perceber que gostava dele. E o pior de tudo, é que o Louis falava sobre Faith sempre que podia. Eu não queria que ele soubesse que eu estava retornando para a Alemanha... Me recusava a ver quem nunca poderia ser meu.
Tom fica boquiaberto. Aquilo, definitivamente, não era o que esperava. Nunca se passou pela cabeça do jovem que seu próprio irmão estava apaixonado pelo garoto que anos atrás fazia bullyng com ele. Não fazia o menor sentido aquilo que a pouco escutou. Segundos, minutos se passam e o Kaulitz mais velho permanece em silêncio.
- Fala alguma coisa - pede Bill, sentindo-se ainda mais nervoso com aquele olhar do irmão.
- Ah... isso é muito... revelador - Tom continua com os olhos arregalados - Eu não sei exatamente o que dizer, mas... não irei te julgar por essa escolha bem... peculiar.
- Oh! É sério? - o de cabelos negros abraça o irmão, feliz - Eu realmente achei que você não iria gostar...
- Tecnicamente, eu não gostei - sorri Tom, dando tapinhas nas costas do gêmeo - Mas não posso te obrigar a não gostar dele.
- Calma... é sério mesmo?! - Bill exclama, supreso - Que bicho te mordeu? Você está doente?
- Para com isso - ri o guitarrista, tirando a mão do irmão de sua testa.
- Ok, não sei o que a Faith te disse mas causou um efeito bem preocupante - o mais novo o analisa, semicerrando os olhos - O que ela te disse?
- Que nós nunca daríamos certo - respondeu Tom, jogando-se para trás - Se fosse qualquer outra garota eu diria "Ok, vou seguir em frente". Mas Faith não é qualquer garota. Eu não entendo, Bill. Como é possível eu não conseguir esquecer dela? Mesmo depois de sete anos?
- Olha, não sou nenhum especialista do amor e qualquer pessoa desprovida de conhecimento diria "procure uma prostituta", mas seria um prazer momentâneo e a paixão continuaria - diz Bill, pensativo - Acho que o que ocorreu com você, foi um apego emocional que criou cordões energéticos difíceis de serem rompidos.
- Ah... fale a minha língua, por favor - o de tranças franze o cenho.
- O que estou querendo dizer é que o seu caso é um dos mais difíceis. Seria mil vezes mais fácil se não morassemos ao lado da pessoa que você quer esquecer. E toda vez que você está fazendo progresso, voltamos para casa e tudo volta como antes.
- E qual é a conclusão final?.
- Sinto muito, mas acho que não será possível esquecê-la - responde Bill, triste.
- Porra... - resmungou Tom, tapando os olhos com a mão - É o meu fim.
Bill escuta o irmão reclamando sobre sua vida até que se lembra de algo. A carta. Aquilo poderia mudar o rumo da história, pelo menos um pouco. O Kaulitz mais novo não sabia o que aquele papel continha, mas sabia que encorajaria Tom e o daria esperanças para reconquistar Faith. Porém, antes de tudo, tinha que conversar com a ruiva.
Deixando o irmão sozinho com seus murmúrios, desce as escadas e corre até a casa ao lado. Provavelmente já estariam dormindo, mas pouco se importou. Jogou uma pedra na janela da garota, chamando a atenção não só dela mas a de Tom que o espiava pela sua própria.
- O que você está fazendo? - sussurrou o de tranças.
- Operação cupido.
- Operação cupido?! - repetiu, antes de ver a janela da casa ao lado se abrir.
Faith os encarava surpresa. A garota não sabia para qual dos gêmeos olhar.
- O que aconteceu? - perguntou ela, intercalando os olhares.
- Quero saber se você gosta do Tom - diz Bill, com determinação.
O garoto de tranças que estava na janela de seu quarto, fica boquiaberto mais uma vez. O que deu na cabeça do seu irmão de fazer aquela pergunta na frente dele e de Faith?
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ᴠɪᴢɪɴʜᴏs | 𝐓𝐨𝐦 𝐊𝐚𝐮𝐥𝐢𝐭𝐳
RomanceCom a morte repentina de sua mãe, Faith Gomez, uma menina que desde cedo experimentou a amargura da perda de um ente querido, se muda para a casa de sua tia, na Alemanha. Passando pelo estágio da aceitação e da superação da morte de sua mãe, um grup...