• 𝟎𝟐𝟑 - 𝑵ã𝒐 𝒂 𝒄𝒐𝒏𝒕𝒂𝒓𝒂𝒎.

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Ainda debaixo das cobertas, Faith acorda

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Ainda debaixo das cobertas, Faith acorda. Seus olhos, que antes estavam doloridos, estavam mais leves. Seu corpo não doía tanto como ontem, o que era considerado um enorme progresso.

Fazia uma semana que não ia para escola. As dores de cabeça, febre, vômito, fadiga... não cessavam. E não era apenas sua condição física que estava péssima, a psicológica também.

Depois da conversa nada agradável com Tom, entrou em um conflito interno que a fez ter vários ataques de pânico. Se culpava todos os dias e nem dormindo encontrava a paz.

Suas consultas com o psicólogo que eram uma vez por mês, passaram a ser uma vez por semana. A gripe se agravou e negava-se a passar. Os Skinner estavam com medo, muito medo.

Mas, para a felicidade de seus tios, Faith começou a melhorar. Já não tinha tantos pesadelos e sua mente não estava tão pesada. Algo que a ajudou, foi a companhia de Bill, Gustav e Georg.

Por mais que escutava mais do que falava, sentiu-se bem com a presença deles. Bill contando sobre os acontecimentos da escola; Georg repetindo as palavras que Gustav diz dormindo; Gustav com uma receita nova de mingau...

Saber que tinha amigos como aqueles, a deixavam tranquila e não com peso na consciência. Porém, faltava alguém.

Tom a visitava de vez em quando, escorrado na parede enquanto seu irmão e amigos conversavam com Faith. Não dizia uma única palavra, mas sua simples presença já era boa o suficiente.

Ficando a maior parte do tempo deitada, a ruiva formulava um pedido de desculpas. A final, quem perdeu o controle e se vitimizou não foi Tom e sim, ela.

Não agiu pela razão. A raiva a consumiu e bagunçou seus pensamentos. Não magoou só Tom mas a si própria. Agora que estava melhor, tinha que arranjar um jeito de melhorar as coisas.

Levantando-se meio tonta, vai até sua escrivaninha. Revirando os papéis que estavam na gaveta, pega um em específico. Em suas mãos estava, intacta, a carta que deveria ter entregue a tempo.

Lendo-a, rasga uma boa parte. A maioria das palavras que lá estavam não eram suas, mas de Bill, que a ajudou. Deixou apenas o último parágrafo que ela mesma havia feito.

Pegando uma folha nova, começa a escrever. Se era culpada e sabia disso, tinha que encontrar um jeito de se desculpar... nem que fosse da forma mais brega que achava.

Deslizando o lápis de linha em linha, Faith expõe todos os seus sentimentos naquele papel. Reescrevendo o último parágrafo, termina. Fazendo a checagem de erros ortográficos, coloca novamente no envelope.

Ali estava a esperança. Ali estava o que faria com que tudo voltasse como antes.  Descendo as escadas, encontra Olivia e Kennedy tomando café. Ao ver a garota de pé e andando, quase deixam as xícaras caírem.

- Oh! - choramingou a tia, a abraçando - Graças a Deus você está bem... Graças a Deus.

- Tia... - arfou Faith, presa no abraço - Você está me sufocando.

- Ah, desculpe - ri a mulher, acariciando o rosto de Faith - Que bom que está bem.

- Finalmente teremos nossa companhia preferida de volta - diz o tio, abraçando-a também - E... que carta é essa? Vai ao correio?

- O que? - ela pergunta, corando - É-é nada não.

Dizendo isso, se esquiva dos tios e sai da casa. O Sr. Skinner e a Sra. Skinner se entreolham, sabendo aonde a sobrinha estava indo.

Chegando na casa dos Kaulitz, bate na porta, nervosa. Era uma bela manhã de domingo e Faith esperava que se tornasse ainda mais bela.

Batendo na porta novamente, é aberta por Simone com a cara cheia de tinta. Seus olhos ao encontrarem o rosto com cor de Faith, brilham.

- Faith, querida - suspirou ela, envolvendo-a com os braços - Você está melhor... que maravilha.

- Ah, tia Simone... você está me sufocando - resmungou a ruiva, novamente.

- Oh, sinto muito - sorri a mulher - Veio ver os meninos?

- Sim - assente a garota - Eles estão?

- Bom... não - a mais velha comprime os lábios - Foram em mais uma apresentação.

- Que... bom, para eles - força um sorriso a garota - Você sabe que hora eles voltam?

- Bem tarde, na verdade - franze o cenho Simone, notando um envelope nas mãos da garota - Quer que eu diga algo para eles quando chegarem? Ou melhor, entregue algo a ele?

- N-não precisa - nega Faith, levemente encabulada - Eu falo com eles amanhã. Obrigada.

- Tudo bem... - diz a mulher, vendo a ruiva se afastar com os ombros caídos.

Indo para seu quarto, pensa que amanhã será o grande dia. Entregará no ponto de ônibus sem hesitar... Contudo, do dia seguinte, não havia ninguém além dela no local.

Indo para a escola pela primeira vez após dias e pela primeira vez sozinha no banco, todo o encanto se quebra.

Mas aquilo só era o começo. Os garotos passaram a faltar com frequência e mal estavam em casa. Quando iam para a escola, Gordon os dava carona por, provavelmente, acordarem tarde. No recreio, não encontrava o quarteto em nenhum lugar.

Se passava por algum deles pelos corredores da escola, mal a notavam. Era proposital? Estavam a ignorando? Ele estava a ignorando?

Vendo que não era possível conversar com eles, no intervalo, vai até a sala de Tom. Ao chegar lá, procura a mesa mais desorganizada possível. Encontrando-a, deixa a carta no meio de um caderno.

Saindo, tenta não ficar ansiosa por saber que o Kaulitz lerá sua declaração de amor. Apesar de não se sentir tão animada quanto antes, não podia perder as esperanças.

Mas, no dia seguinte, quando o irmãos foram juntos ao ponto de ônibus, o Kaulitz não disse uma palavra. Apenas cumprimentou Faith com um sorriso e nada mais. Talvez ele não tivesse visto, então, continuava esperançosa.

No recreio, corou ao ver os olhos de Tom encontrarem os dela quando a garota sentou com o quarteto na cantina. Tentou falar, mas os garotos estavam tão entretidos com os assuntos da banda que mal escutaram as palavras da garota.

Uma semana depois... estava do mesmo jeito. O Kaulitz trocou algumas palavras com ela mas nada relacionado com a carta. No recreio, na maioria das vezes, os quatro sumiam. Descobriu um tempo depois, que haviam ganhado autorização para ensaiar na sala de música da escola.

Mas nunca, em nenhum momento, contaram a ela.

Mas nunca, em nenhum momento, contaram a ela

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ᴠɪᴢɪɴʜᴏs | 𝐓𝐨𝐦 𝐊𝐚𝐮𝐥𝐢𝐭𝐳 Onde histórias criam vida. Descubra agora