Os raios de sol que passam pela janela batem nos corpos descobertos que estavam esparramados na cama. Sentindo o calor do sol queimar as partes sem cobertor, Faith desperta de seu sono profundo. Piscando várias vezes para acostumar os olhos com a claridade, se permite observar quem estava ao seu lado.
Tom ainda estava dormindo. Seus braços estavam ao redor da cintura da ruiva, e pela proximidade, a Sra. Kaulitz pode sentir o ar calmo que era expelido de seu nariz bater contra o seu rosto. Ele era lindo. Seu marido era lindo.
Nunca se cansava de dizer isso a si mesma. Era a mulher mais feliz do mundo, disso tinha certeza. Enquanto observava a longa barba assim como os compridos cabelos do amado, percebeu os olhos deste se abrirem lentamente.
- Bom dia, amor - diz ele, com a voz rouca. Faith não se importou que Tom não estava com um hálito muito agradável. Isso a fez lembrar do passado.
Ao em vez de dizer para o homem ir escovar os dentes, aproximou os lábios dos dele, em um leve selinho.
- Bom dia - sorri, esfregando a bochecha na barba áspera do marido - Feliz véspera de ano novo.
Ao dizer isso, arregala os olhos. Pega rapidamente seu celular, olhando a hora. Nove da manhã. Se levantando em um salto, começa a se vestir. Não conseguia entender como dormiu por tanto tempo. Talvez, quem sabe, fazer amor três vezes seguidas com Tom a deixou fatigada na noite anterior.
O Kaulitz a observava sem entender, tentando lembrar o porquê da expressão preocupada da esposa.
- Tom - diz ela em um tom desesperado, colocando suas calças - Falta uma hora para eles virem... Porra.
- Eles... quem? - semicerrou os olhos o homem, coçando a barba. Então, se lembra. Sua família. Seus filhos... Seus amigos! - Cacete!
Na meia hora que se passou, ambos arrumaram toda a casa e deixaram tudo pronto para a chegada de seus convidados. Era dia de festa. Faltava poucas horas para mais um ano... um novo ano. 2024.
Tudo foi feito na correria. Tom foi ao mercado e comprou tudo o que Faith tinha pedido em uma rapidez absurda. Estavam morrendo de cansaço quando os primeiros convidados chegaram.
- Pai! Mãe! - gritou um garoto de cabelos vermelhos, correndo para o abraço acolhedor dos pais - Olha o que a vovó me deu. Um carro de controle remoto!
- Uau! Que maravilha meu filho - diz Faith, analisando o brinquedo - Só espero que Frozen não quebre como da última vez.
- Ele não vai, mãe - assegurou-lhe o menino, com um sorriso orgulhoso - Atropelei as patas dele sem querer. Duas vezes. Ele morre de medo do carro agora.
- Sem querer? - uma garota entra, com um gato branco no colo - Ben fez por querer. Agora ele está traumatizado.
- Foi isso que eu ensinei - brinca Tom, fazendo a menina que vem ao seu encontro para um abração rir - Oi, Nessa.
- Olá, pai - sorri a garota, com os braços envolvidos ao redor do pai.
- Ok, também quero um abraço - diz a Sra. Kaulitz, abrindo os braços para receber a filha - Estavamos com saudade de vocês.
- Nós também - disseram as duas crianças, envoltas pelo abraço quente dos pais.
- Olá olá, família linda! - exclama Simone, entrando na casa com as malas dos netos.
- Oi, mãe - cumprimenta Tom, se levantando para abraçá-la.
- Eles aprontaram muito? - pergunta Faith olhando para os filhos que já corriam pela casa.
- Foram ótimos. Nem fizerem minha cabeça quase explodir - brinca a mais velha, abraçando a ruiva e suspirando - Irei no banheiro. Ah... Gordon está lá fora limpado o carro. Parece que o Frozen fez cocô lá.
Após alguns minutos, todos os convidados já haviam chegado. Ben estava correndo atrás de Frozen com seu carro, só para irritar a irmã que já estava mais vermelha que o seu cabelo. A filha de Gustav, gargalhava ao ver a cena.
A maioria dos homens estavam no quintal, conversando e ajudando Tom com o churrasco. Gordon e Kennedy, estavam jogando baralho, longe dos mais jovens.
- E aí, como foi passar uma semana sem os seus pirralhos? - pergunta Georg, abrindo uma latinha de cerveja.
- Ah, tivemos uma segunda lua de mel - diz o Kaulitz, fazendo todos rirem - Mas é sério. Fazia um bom tempo que não fazíamos o que fizemos. Aquecemos nossas cordas vocais.
- Ainda bem que não há vizinhos tão próximos - ri Louis, sentado com o braço ao redor de Bill - Pensariam que vocês estavam morrendo.
- Não duvido - gargalha Tom, relembrando os momentos passados na semana.
- Ok, a gente pode falar sobre outra coisa que não seja sobre Tom fazendo sexo com a minha irmã? - Kleiton pergunta, fazendo uma careta - É nojento.
- Você diz isso porque a garota com quem você estava terminou com você - diz Tom, apontando um espeto de carne para o garoto - Você tem vinte anos. Vai viver.
- Seguindo os seus conselhos, acho bem difícil que ele consiga "viver" - provoca Bill, recebendo um olhar de desdém do gêmeo.
Não muito longe, estavam as mulheres. Todas estavam ajudando Faith com as comidas, levando-as para o quintal. Com um prato de salada em mãos, Simone quase é derrubada por Ben que passa correndo por ali.
- Crianças, já disse para não correrem pela cozinha! - grita Faith, ao ver Nessa com um vassoura, correndo também - Mas o que está acontecendo?
- Benjamin chamou meu gato de feio, mãe! - gritou a pequena ruiva, perseguindo o irmão - Ele que é feio!
- Iguais aos pais quando eram pequenos - ri Olívia, cutucando Simone.
- Literalmente - concordou a loira, sorrindo.
Vanessa Kaulitz tinha nove anos. Era ruiva, igual a mãe. Seus olhos eram castanhos, iguais os do pai. Na maioria das vezes, era calma. Mas quando era provocada por Ben, ficava irritada. Uma vez, quase acertou a cabeça do irmão com um violão, após ele jogar Frozen, o gato, dentro da privada.
Ben era igualzinho a Tom quando criança. Tinha seis anos e adorava provocar a irmã, assim como o pai adorava provocar Faith quando eram jovens. Era ruivo e tinha olhos verdes, herdados da falecida vó, mãe de sua mãe. Não era uma criança levada, era comportada quando necessário. Por mais que maltratasse Frozen, amava o bichano.
Estavam todos ali, reunidos. Uma família que, mesmo não tendo o mesmo sangue, se amavam. Todas as dificuldades foram passadas juntas e superadas juntas. Assim foi quando Faith perdeu seu segundo filho, ainda dentro de sua barriga. Era uma lembrança distante, mas que a dor foi diminuída pelo apoio dos amigos e familiares.
Tinham orgulho por ter chegado até ali, juntos por mais um ano. 2024 viria e com ele, a incerteza do que poderia acontecer. Mas independente do que aconteceria, estavam todos ali, juntos.
É amanhã... o fim de Vizinhos.
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ᴠɪᴢɪɴʜᴏs | 𝐓𝐨𝐦 𝐊𝐚𝐮𝐥𝐢𝐭𝐳
RomanceCom a morte repentina de sua mãe, Faith Gomez, uma menina que desde cedo experimentou a amargura da perda de um ente querido, se muda para a casa de sua tia, na Alemanha. Passando pelo estágio da aceitação e da superação da morte de sua mãe, um grup...