A Confiança - A Organização - Livro 3

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Flora

Minha mãe está animada!

O casamento de Rafael e Celeste é hoje, a única felicidade no meio da tristeza que minha vida vai se tornar ao me casar com alguém em quem não confio e não amo. Minha futura cunhada está linda com seu vestido de noiva todo bordado em pérolas; o véu preso em uma coroa de flores de girassol a deixou ainda mais bonita. Ela sorria como se o seu maior sonho tivesse se tornado realidade.

Estou feliz por ela e por meu irmão; Rafael estava ansioso para se casar, os dois são almas gêmeas, é uma sorte que o casamento arranjado tenha sido algo bom para os dois. Lembro como Rafael ficou inconformado com o compromisso; como não queria se casar, tudo mudou quando ele se aproximou de Celeste, encontrando nela tudo que sempre quis em uma mulher.

Celeste também não queria o casamento; tinha medo de que Rafael tentasse mudar seu jeito de ser. Minha amiga não é tão sofisticada como talvez se espere de uma filha da Organização; ela gosta de andar descalça, correr no meio dos animais da fazenda do seu pai e até gosta de nadar nua no rio, mas terras da divisa do seu território e do nosso.

Ela sabe se comportar nos eventos da Organização; no entanto, sei que gosta de viver fora das convenções. Rafael amou conhecer o lado verdadeiro da minha amiga e se apaixonou. As mulheres da família estão aqui comemorando a felicidade de Celeste; Elisa e sua mãe estão ao seu lado terminando de ajeitar seu véu.

– Celeste, minha nora querida, em nome de toda família Acácia gostaria de dizer como estamos felizes com sua entrada em nossa casa. Não é segredo para ninguém como nossas famílias sempre foram próximas; vi você e sua irmã crescerem, portanto, são como minhas filhas. Quero que saiba, Maura, que sua filha será tratada com amor, atenção e dignidade por nossa família, enfim, não vou mais me estender; logo Benedito estará aqui para levá-la para se unir ao meu filho amado.

Mamãe abraçou Celeste deixando todas nós emocionadas. Ela saiu sendo guiada pelas mulheres da Organização até seu pai; é uma cena realmente muito linda. Saímos primeiro que eles para poder chegar antes; a igreja está linda, toda decorada com girassóis e um lindo tapete verde. Respiro fundo olhando na direção da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe para que possa conseguir disfarçar o incômodo que será ficar ao lado de Magalhães.

Ele está sério ao lado do meu irmão, Miguel. Ao perceber que cheguei, Juan fixa sua atenção em mim. Seu olhar sempre parece cheio de admiração; se não soubesse quem é, poderia acreditar. O vi conversando com sua amante no dia do meu aniversário, com certeza, marcando um encontro sexual. Já posso imaginar como será um suplício conviver com as traições dele. Me coloco ao seu lado, cumprimentando-o com um sorriso sem dar espaço para qualquer assunto.

Vejo Rafael ansioso olhando na direção da porta da Igreja; padre Lucas acalma meu irmão, que parece que vai explodir a qualquer momento. Juan segura minha mão em um momento de distração; seu toque é suave enquanto entrelaça seus dedos com os meus. Queria me soltar, mostrar que não tinha permissão para fazer isso, mas o olhar de Miguel não permitiu.

– Você demorou para chegar, Flora.

– Desculpe, senhor Magalhães, a união das mulheres é demorada. Agora estou aqui ao seu lado.

Sua expressão se suavizou; parecia feliz com a forma como o respondi. Não é como se tivesse transado com algum homem antes da cerimônia. Bem que eu podia perder a virgindade; assim, Magalhães não iria me querer, em contrapartida, iria perder minha família. O sacrifício não vale o esforço.

A marcha nupcial começa a tocar; Celeste entra acompanhada do seu pai. Meu irmão ostenta um sorriso lindo nos lábios, e minha amiga está igualmente feliz. Todos admiram a forma como eles estão felizes; esse casamento foi muito guardado e esperado por nossas famílias. O padre Lucas, como sempre, disse palavras lindas; presto atenção em cada frase dita, observando as expressões do meu irmão e da minha cunhada.

No momento que trocam as alianças, com certeza é o mais lindo. No final, o padre os abençoa com os juramentos feitos. Os dois se beijam, sendo aplaudidos por todos; eles seguem até a saída, como costume, os pais seguem os filhos, depois os padrinhos fazem o mesmo. Solto a mão de Juan na primeira oportunidade que tenho. Ao longe, vejo Ulisses Toledo cumprimentando meus pais. O conheci em um jantar promovido pelo meu pai há anos atrás; ele é muito engraçado e simpático.

Ele se aliou à Organização já faz algum tempo; não ficaria surpresa se meu compromisso não tivesse sido firmado com ele. Ulisses é um negociante de armas muito bem-sucedido; infelizmente, Magalhães apareceu primeiro. O homem não disfarça seu galanteio em minha direção assim que mamãe e papai se afastam.

– A próxima é você. Está pronta?

– Com você, Toledo, posso ser sincera: ainda não. Casamento é algo muito sério, enquanto puder adiar farei isso.

Ele ri como se não tivesse me levando a sério. É óbvio que o coerente seria minha total disposição para o casamento como se espera de uma filha da Organização; se ele soubesse o que realmente desejo, não estaria rindo.

– Sei que está brincando! Seu noivo vem aí, é a minha deixa para ir para festa, caso Juan a deixe disponível, seria um prazer dançar com você.

Magalhães parecia sério além do normal quando chegou perto de mim, segurando o meu braço e me puxando para o seu carro.

– O que o senhor está fazendo? Vou com os meus pais para festa, não é adequado irmos juntos.

– Não se preocupe, avisei Miguel que levaria você; sou seu noivo, e sou eu que digo o que é adequado ou não.

Era só o que me faltava. Magalhães não contente de parecer um guarda costa colado em mim, agora quer ditar as regras da família cumpridas há anos; isso só pode ser brincadeira. A minha vontade é descer do carro e ir a pé; só não faço isso pois não quero brigar com Miguel por um novo motivo diferente, estou realmente exausta.