A Confiança - A Organização - Livro 3

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Flora

Atravessei a fronteira para entrar na Colômbia sem dificuldades, seu que minha barriga chama a atenção, mantive a calma enquanto descia do carro em um mercado para beber água e ir ao banheiro. Um silêncio incomodo bem diferente do que lembrava dessa cidade, meu pai é amigo do líder desse lugar, tem muito tempo que não venho aqui por isso estou estranhando. Vejo alguns homens observando o carro percebendo que era um modelo novo e do ano.

Estou sentada do lado de fora do posto fingindo que o carro não é meu e que está com todas as minhas roupas, joias e dinheiro. Levanto sutilmente assumindo meu melhor papel de moça indefesa e abandonada, na verdade, é isso que sou agora.

— O carro é seu, garota?

— Não. Eu roubei para poder fugir, eu sei que não tem tempo de ouvir uma historia triste, podem levar o carro só me deixem tirar minhas coisas.

Eles andaram ao meu redor como se fosse fazer algo comigo, segurei minha barriga sentindo um medo horrível. Não sabia o que esperar deles, mas com certeza nada vai vir de bom.

— Sua barriga esta muito grande, tem quantos aí dentro?

— Dois. São bastardos, como falei, longa história, eu realmente não quero problemas. O que uma mulher grávida seria útil para vocês?

Um deles pegou no meu braço me levando até o carro, o homem se sentou no lado do motorista olhando para mim de um jeito esquisito.

— Entrou pela fronteira. Não é uma espiã, talvez seja uma puta?

— A história é longa, quer ouvir?

Ele balançou a cabeça enquanto entregava a chave para dirigir, os outros entraram em um segundo carro seguindo o nosso.

— Divorciada e grávida? Que merda você fez, garota?

— Bom, nascer mulher já é algo ruim, não é? Eu não tive escolha apenas aceitar o que me obrigaram, o pior você não sabe. Como toda garota nesse tipo de situação acabei me apaixonando pelo meu marido. Pode falar eu sou uma burra, o que pensei? Homens como meu marido não amam, apenas tem posses e propriedades.

O homem riu, contei a história omitindo o fato de quem sou filha ou quem é meu marido, que provavelmente já é ex.

— Burra sim, culpada não. Eu sei como as coisas acontecem na Organização. Eles estupram e matam inocentes como se não fosse nada, não somos como eles, relaxa, você está muito tensa.

Logicamente a minha vida não esta difícil o suficiente eu precisava complicar ela mais ainda. Chegamos em uma mansão bem conhecida por mim, meu pai nos trazia para passar as férias na casa verde, vejo algumas garotas da minha idade sentadas nas escadarias que eu costumava brincar com Emanuel apostando corrida.

Desci do carro segurando minha barriga, elas vieram até mim andando ao meu redor observando os brincos, anel e colar que usava.

— Imbecis, estão assustando a garota. Ela está grávida, ao invés de ficarem assim como se tivessem vendo a Virgem Maria podem tirar as malas dela do carro.

— Não precisa se preocupar, eu vou seguir meu caminho, preciso encontrar um amigo que vai me ajudar. Ele está na capital, muito obrigada pela ajuda de verdade.

Sua expressão parecia tranquila, ele vai me deixar ir, sorrio percebendo que vou embora e que não terei problemas para seguir meu caminho. Tenho um plano simples, encontrar Ulisses na capital com base nas nossas conversas sobre sua família e pedir sua ajuda.

— Para onde você vai nesse estado? Fica conosco, sou um homem bom e minha família agora é sua. Aliás, meu nome é Bartolomeu, e a partir de hoje minha casa é sua casa.

Fiquei calada sem opção de fuga ou discussão, já vi esse olhar, o mesmo olhar obstinado de Juan quando insistiu no nosso casamento, o mesmo olhar do meu pai no dia do meu noivado como também de Miguel. Eu sabia que eu não iria sair daqui, e mesmo que pedisse não conseguia ir, as garotas pegaram minhas malas me ajudando a ir até a casa.

O lugar ainda está do mesmo jeito que lembrava, com o único detalhe o quadro da família que ficava no salão principal não está aqui. Elas me levam para cima como se o destino quisesse me trazer até o quarto que eu ficava quando vinha para cá.

— Bartolomeu é bom, cuida de todos nós. Os irmãos dele também tem cuidado com todas, quando você ganha o bebê?

— Daqui três meses. Mas o que vai acontecer comigo?

— Cada irmão tem suas próprias mulheres para cuidar, Bartolomeu gostou de você provavelmente vai reivindicá-la. Ele é o mais velho, vai consultar os outros mas só para seguir as regras, ele só tem a garota que fica no quarto bonito e agora você.

Mas que confusão eu me meti. Não estou entendendo nada do que está acontecendo aqui. Sento na cama mais perdida do que estava antes e bem arrependida de ter parado nesse lugar.

— Calma. Reivindicar para que? Eu não estou entendendo nada.

— Você vai ser uma das mulheres dele, é assim, os homens se comprometem com quantas quiser, Bartolomeu é o mais velho, ele só tem a menina que fica no quarto grande, e agora com certeza você. É bonita igual a que fica lá, não que nós não sejamos bonitas, só que vocês tem algo diferente. Você tem outras joias como essas que esta usando? Aqui dividimos tudo.

Os olhos da garota brilhavam como se estivesse louca para ver o que eu tinha para dividir com ela, de repente as outras entraram junto com alguém que eu conhecia muito bem. Lourdes ficou assustada ao me ver mas como eu soube disfarçar, as outras pareciam ver ela como uma espécie de rainha.

Elas abriram minhas malas olhando as roupas e logo encontram minhas joias. Seus risos chamavam a atenção e usei do momento que elas estavam distraídas para me aproximar de Lourdes tirando o brinco das minhas orelhas e colocando na sua mão como se estivesse dando a ela.

— Lourdes, o que houve?

— Flora, eu não posso falar aqui, mas o que está fazendo nesse lugar ainda por cima grávida?

Algo de muito errado está acontecendo aqui. Ao tentar fugir dos meus próprios problemas acabei entrando em outro bem pior. Elas chamaram Lourdes que foi até minhas malas olhando minhas roupas, não havia muito que servisse nelas o que realmente chamou a atenção foram as joias.

Bartolomeu chegou e ficou observando todo o movimento até que elas pegaram tudo que interessavam e saíram uma a uma ficando apenas eu, Lourdes e ele.

— Acredito que as meninas contaram a você como tudo funciona, fico aliviado que não mostrou resistência ao ter que dividir suas coisas com elas. Aqui nós dividimos tudo, estamos organizando tudo depois da nossa tomada de poder, Lourdes vai explicar tudo a você.

— O que pretende fazer comigo, Bartolomeu?

Eu precisava saber se o que a menina disse é verdade, Lourdes ficou observando as reações do homem como se soubesse que minha pergunta tem fundamento.

— Imagino que alguém tenha falado para você que temos várias mulheres, até hoje só tive Lourdes e agora você.

— Eu não sirvo para nada. Estou grávida, sozinha e abandonada.

Bartolomeu riu como se o que disse fosse uma grande bobagem, foi até Lourdes a pegando pela cintura mostrando como são íntimos.

— Aqui ninguém se importa com isso com o tempo vai perceber, vai dividir o quarto com Lourdes como minha mulher, explique como as coisas funcionam aqui, rouxinol.

Ele beijou a boca dela apertando sua bunda levantando sua saia de um jeito que me deixou sem graça. Não sei se queria me mostrar como seria comigo porém não vou pensar nisso. Ele saiu deixando Lourdes tremendo com o ataque dele, será que ela é abusada por ele ou até faz coisa pior com Lourdes? Meu Deus, onde fui parar?