18

420 76 7
                                    

Juan

Ela dormia como um anjo! O meu anjo lindo. Passo a mão no seu rosto calmo e sereno, apreciando esse momento. Poderia viver a vida inteira aqui, zelando pelo seu descanso, sentindo sua pele sedosa e cheirosa, mas não posso. Preciso saber onde ela estava e, o mais importante, com quem. Além disso, quero que fique comigo no meu quarto. Assim ficará mais fácil controlar seus movimentos. Flora quer me desmoralizar perante a Organização, não vou permitir que continue com esse plano imbecil. Ela abre os olhos, se assustando ao perceber que está nua e estou ao seu lado. Talvez tenha pensado que estava sonhando, por isso se assustou. Flora tentou levantar, mas não conseguiu.

– Falei que ia deixar você de cama, querida. Agora que não temos mais plateia ou dois desgraçados inconvenientes que me odeiam para nos interromper, me diga: onde foi mais cedo, Flora?

Flora parecia sonolenta, fechando os olhos e abrindo, tentando vencer o cansaço. Aproveito que está vulnerável para arrancar respostas dela.

– Estava com Orquídea.

– Quem é Orquídea?

Ela voltou a dormir, se deitando no meu peito. Poderia acordá-la e conseguir a informação que quero, no entanto, nesse momento, quero usufruir da distração da minha mulher para ficar perto dela sem pensar que Flora pode estar tramando contra mim. Fecho meus olhos, descansando ao lado da minha linda Flora. Confesso que a cada implicância dela, fico mais louco por ela. Flora me tira do sério. Se toda vez ela fizer isso e terminarmos na cama, será fantástico. Ela começou a se mexer, falando o nome de Ulisses, tudo que não queria ouvir, estragando o clima maravilhoso que estávamos.

Flora

Acordo sozinha em minha cama, apesar de ainda sentir o perfume dele aqui. Todo o meu corpo dói, parece que levei uma surra, minha boceta está ardendo, e não consigo me sentar direito. Droga! Não deveria tê-lo provocado daquele jeito. No entanto, foi maravilhoso vê-lo se render a mim como um cachorrinho sedento por me satisfazer.

Fico mais um tempo deitada até que percebo que já é tarde. Estou bem melhor depois de ter descansado. Vou até o banheiro para tomar um banho, procuro minhas roupas e não encontro. Entro em desespero por medo de que Juan tenha achado minhas pílulas e celular. Respiro fundo, encontrando tudo no mesmo lugar; ele só tirou minhas roupas do guarda-roupa, assim como minhas joias e produtos de beleza.

– Desgraçado! Se ele pensa que vou aceitar isso, está muito enganado.

Saio do quarto totalmente nua, indo em direção ao quarto dele, só que a porta está trancada. O infeliz sabia que eu iria atrás das minhas roupas, por isso trancou o quarto. Desço as escadas sem me preocupar com os empregados ou os homens dele. Algumas empregadas me veem e ficam chocadas. Entro no escritório do infeliz assim que percebo minha presença, ele se assusta.

– Por que está sem roupa no meu escritório?

– Não se faça de idiota, Magalhães. Devolva minhas roupas. Fui tomar banho e não as encontrei. Quero minhas roupas no meu quarto, assim como meus outros pertences. AGORA!

– Suas roupas estão no nosso quarto. Ou pensava que iria dormir longe de mim para poder aprontar igual hoje mais cedo? Não, Flora, seu lugar é ao meu lado, onde posso observar você de perto.

Controlador de merda. Quer me manter no seu cabresto para vigiar meus passos. Com certeza, acredita que vou parar com os meus planos por conta desse contratempo. Ele está muito enganado se pensa que ganhou essa batalha.

– Devolva minhas roupas, Magalhães. Não é como se fizesse tanta questão da minha presença no seu quarto. Fodemos no meu quarto agora pouco, e foi até legalzinho.

– Legalzinho? Com seu amante Ulisses deve ter sido bem melhor, não é mesmo? Você é tão vagabunda que dormiu chamando por ele. Imagino que Ulisses deva ter fodido você com força em todos os seus buracos, vadiazinha.

Não sei bem por que falei o nome de Ulisses. Se foi meu subconsciente alinhado com os meus planos ou porque realmente gostei da companhia dele, mesmo que tenha sido tão rápida.

– Ficou ofendido com isso? Magalhães, sejamos modernos. Você tem suas amantes, por que eu não posso ter um amante? Alguém que possa me satisfazer também. O mundo mudou, as mulheres podem ter os mesmos direitos que os homens. Além disso, entreguei minha virgindade para você. Sou sua esposa como tanto queria. Parabéns, é o vencedor.

Ele não se contenta com o que conseguiu. Mudou minha vida inteira, afastou meu irmão amado de mim, como também tornou terrível minha convivência com Miguel. Agora, exige fidelidade depois de tudo que fez comigo.

– Não há direitos iguais no nosso casamento, Flora. Eu mando, e você obedece. Estava na fazenda de Ulisses mais cedo, não é? Me traindo como uma qualquer. Não esperou nem mesmo um dia para se entregar ao seu amante.

– Juan, eu havia avisado você sobre isso. Não deveria estar surpreso ou chateado. Me obrigar a ficar no seu quarto é de uma imaturidade terrível. Preciso da minha privacidade e de ter meu espaço.

Juan está perdendo a paciência. Essa suposição ordinária dele é ótima para os meus planos. Se pensar que estou com outro pode anular esse casamento.

– Privacidade não é direito de uma mulher casada, nem mesmo espaço. Você me pertence, Flora, e não vou abrir mão de você e nem mesmo deixá-la me envergonhar para viver uma aventura.

– Chato! Pode pelo menos me fornecer a chave do seu quarto, mestre? Preciso tomar um banho. Ou quer que continue desfilando nua pelos cômodos da sua casa? Não seria problema nenhum para mim, principalmente se um dos seus homens aparecer aqui e admirar a mim. Seria bem interessante.

Ele se levantou avançando como um louco em minha direção. Continuei firme, sorrindo com mais um episódio de perda de controle dele. Como é fácil tirá-lo do sério.

– Está testando minha paciência. Depois não reclame das consequências.

– Não há consequência pior do que ser sua esposa. Não posso ter privacidade, não posso ter meu espaço, não posso ficar com outros. Pare de enrolação, me dê a chave, só se quiser que saia para fora e faça um espetáculo especial para os trabalhadores das plantações.

Juan sai, me puxando para fora do escritório até o quarto. Não tem ninguém aqui, provavelmente as outras empregadas avisaram os outros que estava andando nua pela casa. Ao chegar no quarto, ele destranca a porta, praticamente me jogando dentro do quarto e depois tranca a porta.

– JUAN, POR QUE TRANCOU ESSA PORTA? ABRA AGORA!

– PRECISO TRABALHAR E NÃO POSSO ME DISTRAIR COM SUAS GRACINHAS. FICA PRESA ATÉ O HORÁRIO DO JANTAR. APROVEITE ESSE TEMPO PARA PENSAR NAS SUAS ATITUDES, GAROTA.

Maldito infeliz. Se ele pensa que vai me manter presa aqui por muito tempo, está muito enganado. Não entrei nessa guerra para perder.

A Confiança - A Organização - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora