A Confiança - A Organização - Livro 3

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Juan

Estou ansioso!

A cada passo até meu quarto ao lado de Flora, parece uma tortura. Minha vontade é pegá-la no colo para acelerar o processo, já que parece não querer ser minha. Ela conversou com cada convidado, até as crianças não escaparam de sua atenção desnecessária e absurda para o dia de hoje. Se despediu da mãe sem sequer olhar para o pai; é visível sua mágoa por ele permitir o casamento comigo.

Miguel foi embora cedo, com certeza sentindo a rejeição da irmã. No começo, não queria obrigá-la a se casar comigo, porém, com o tempo, percebi que não poderia ficar sem Flora. Com ela, poderei recuperar a reputação da minha família. Se todos a virem repleta de filhos, sendo cuidadosa e amorosa com meus herdeiros, irão perceber que minha irmã foi um erro de percurso; a família Magalhães tem bom sangue e honra.

Ao chegarmos no quarto, ela correu em direção ao banheiro novamente, fugindo de mim. Poderia muito bem abrir a porta, obrigando-a a se explicar, mas preferi dar um tempo a ela. A partir de hoje, ela deixa de ser uma garota para se tornar uma mulher. Tirei meu terno, camisa, assim como as meias e sapatos, ficando apenas com a calça social. Aproveitei o tempo apreciando um copo de uísque, comemorando finalmente minha vitória contra a maldita birra da filha da família Acácia.

Flora, durante esses últimos meses, me testou insistindo muitas vezes em não cumprir com suas obrigações. Mas, no final, venci sua teimosia e ataques promíscuos. Agora, posso apreciar seu corpo e ganhar meu prêmio por ter sido forte e determinado até esse momento. Sentei-me em uma poltrona próxima à nossa cama, aguardando sua vinda.

Ouço o barulho do chuveiro, aprecio sua atenção em ficar limpa para mim, mesmo não pedindo isso. Sigo tomando minha bebida, esperando pacientemente que venha. Sinto o perfume do seu creme hidratante, experimentando uma euforia diferente. Finalmente, Flora será minha totalmente. Sei que será uma boa esposa, farei com que se torne uma dama respeitada das cinco famílias.

Quando a porta se abre, penso que estou sonhando. Ela está linda ao natural, usando apenas uma camisola branca com detalhes dourados nas bordas, sem sutiã e calcinha. Vejo na transparência da camisola fina seu corpo maravilhoso. Vou até ela desesperado para tocá-la. Minha necessidade de controle quer vê-la ajoelhada, implorando por mim e por tudo que tenho a oferecer, mas me contenho.

Flora merece ser idolatrada, e não subjugada como uma qualquer. Ela sorri de um jeito estranho, não parece estar com medo, como se poderia esperar de uma virgem. Parece uma vadia enquanto solta os seus cabelos. Não gosto dessa postura; parece que quer me irritar agindo assim. Minha expressão vai mudando, sei que ela percebeu, pois parou de sorrir.

– Você não gostou da camisola, Juan? Eu escolhi especialmente para você; inclusive, foi uma dica de alguém bem próxima. Lana Suárez é muito simpática, aliás. Me tratou tão bem quando fui levar o convite de casamento até sua casa. Conversamos muito. Realmente uma querida. Pena que não quis vir ao casamento, disse que não poderia desobedecer a você. Por que proibiu sua amante de estar aqui? Que coisa feia, marido!

Lana sabia bem que não poderia estar aqui. Mandei que fosse avisada bem antes de receber o convite. Aquela maldita vai me pagar por ter envenenado minha mulher.

– Aqui não era o lugar dela; pelo menos, obediente, Lana consegue ser, ao contrário de você, que me desobedece até quando tem que me agradar.

– Verdade! Talvez não seja apropriada para assumir o posto de esposa. Lana já está acostumada com você. Por que não se casou com a viúva? Ela é bonita, tem posses, é elegante e totalmente alinhada com o que você gosta.

O que Flora sabe? O jeito que fala parece saber da minha inclinação à dominação. Sei que o fato de disciplinar minhas submissas pode ser uma fofoca entre vários da Organização. No entanto, a forma como fala parece que sabe muito mais do que burburinhos de pessoas desocupadas.

– Porque ela não é você. A escolhi entre outras mulheres. Sim, poderia ter escolhido Lana como qualquer outra, mas acredito que é o ideal ter a filha de uma das cinco famílias. O que quer dizer com "alinhada com o que eu gosto"?

Flora se sentou na cama puxando uma alça da camisola do ombro, rindo como se estivesse debochando de mim.

– As pessoas falam muito sobre você, Magalhães. Algumas informações são realmente verdades; outras, nem tanto. Você é bem autoritário, controlador, possessivo, um tanto obcecado e, principalmente, um homem de honra. Durante todos esses meses e as minhas investidas, percebi como é firme em uma ideia. Agora, você tem seu prêmio. Fico pensando: vai demorar quanto tempo para ir atrás das suas prostitutas ou até de Lana?

– Nunca irei atrás delas, Flora. Você é minha esposa; pretendo ser um marido fiel, honrando minha promessa perante Deus. Quando disse que a teria em minha cama até engravidá-la e até depois disso, não estava mentindo. Não vou me cansar de você jamais.

O jeito que sorri, como se não acreditasse nisso, me desaponta. É visível como ela não confia em mim. Me sento ao seu lado, virando seu rosto para que veja na minha declaração como a idolatro, e jamais faria nada para desonrar nossa união.

– Sei que perdeu muito ao se unir a mim, Flora, e que agora não entende o porquê. Apenas preciso que me aceite como marido, esqueça o passado e tudo que aconteceu antes de hoje. Se me der a oportunidade de mostrar que sou um homem bom e que poderei fazê-la feliz, prometo que não vai se arrepender.

Ela segurou meu rosto olhando para mim de uma forma que me arrepiou. Conheço um pouco do ser humano, e esse olhar vindo dela me causa uma sensação horrível.

– Não acredito em nada que está dizendo. Vou me empenhar para que a cada dia se arrependa de ter ajudado a destruir minha vida. Odeio você, Juan Magalhães, e não vou descansar até jogar a sua reputação e honra na lama. Não me importo com minha família ou com a Organização. Quero vê-lo lamentar por ter entrado na minha vida. Agora, faça sua parte como homem de honra e veja que sou pura de corpo, mas de alma vai descobrir que nem tanto.