Flora
Acordei determinada a acabar com toda essa saudade, eu não posso continuar orgulhosa com essa situação, eu amo Juan, não posso viver sem ele, é burrice ficar longe dele. Durante todos esses meses senti que me amava, seu ciúmes e falta de confiança causaram uma grande magoa, no entanto, preciso pensar nos meus filhos, não posso permanecer nesse estado constante de tristeza fingindo estar bem quando na realidade não estou.
— A patroa está certa, se esperar o senhor Juan, os meninos vão nascer e ele estará vivendo longe daqui e distante da senhora. Eu vou fazer um jantar maravilhoso, homens ficam mais agradáveis quando estão com a barriga cheia.
Flavia é minha maior incentivadora, sabe como estou sofrendo com essa distância. Ainda dói saber que Juan prejudicou o meu melhor amigo, no entanto, estou disposta a esquecer tudo isso pelo meu bem e pelo bem dos meus filhos.
— Estou bonita? Pois eu acho que estou horrível.
— Pare com isso, senhora, está linda como sempre. Agora vá e traga o patrão de volta.
Entrei dentro do carro determinada em resolver minha situação com meu marido, sei bem que Juan vai perceber a besteira que está fazendo e voltar comigo para casa. O tempo para pensar já passou, assim que me ver e perceber como nossos filhos estão ocupando boa parte do meu corpo e de como preciso dele vai se desculpar comigo e ficar ao meu lado.
Ao chegar na empresa entro sem precisar ser anunciada, Expedito não está aqui com certeza está ao lado do seu patrão, antes de bater na porta pego meu espelhinho na bolsa para verificar se estou bem, pelo menos meu rosto não parece uma batata enorme como meus pés e o resto do meu corpo. Antes de entrar ouço a voz de Hugo Assis, estranho pois sei que Juan o detesta, a secretária do meu marido não está portanto aproximo meu ouvido da porta para ouvir melhor a conversa.
— Magalhães, como seu líder gostaria que entendesse essa decisão. Flora está grávida, um momento delicado da vida de uma mulher, portanto ao invés de ser infantil reconsidere essa decisão.
— Não, Hugo, a decisão já está tomada. Sua presença aqui para mim é mera formalidade, os papéis já estão prontos, só falta a assinatura dela, o divórcio é uma realidade.
— Se eu soubesse que iria fazer isso, jamais teria dado minha benção a você. Como vou falar com o pai de Flora que não a quer mais, que simplesmente vai abandoná-la grávida dos seus filhos. A decisão é sua, mas não tem meu apoio.
Juan não quer mais ser meu esposo, desistiu de mim, do nosso casamento e de nós. Como fui burra? É lógico que não me ama, na primeira oportunidade de se livrar de mim, Juan o fez sem pensar em mim e nos nossos filhos. Respiro fundo para acalmar meus nervos, eu não vou chorar por ele, já deveria saber que tudo que começa errado, termina errado. Juan forçou esse casamento apenas para provar seu ponto, depois que conseguiu o que queria não precisa mais de mim.
Ele é igual a sua irmã, falso, manipulador e dissimulado, deve ser um mal de família. O que eu estava pensando? Vir aqui me humilhar como uma carente, isso é para que eu possa aprender a nunca mais confiar em ninguém. Se ele quer esse maldito divórcio é isso que ele terá, não me importo mais, só não vou permitir que tire meus filhos de mim, eles não precisam saber que tem um sangue como dos Magalhães.
Saio do escritório de Magalhães entrando dentro do carro para voltar a fazenda, o caminho inteiro eu pensei no que fazer. Miguel não vai aceitar minha presença novamente na família Acácia, não posso fugir até porque não fiz nada de errado, Rafael tem problemas demais não vou adicionar mais uma na lista imensa que tem ainda mais com Celeste e o pequeno Pedro para nascer.
— Flavia, arrume minhas coisas, estou indo embora.
— Indo embora? Senhora, onde está o patrão? Não me diga que brigaram.
— Seu patrão não quer nada comigo, já preparou os papéis do divórcio, Flavia. Por favor, preciso da sua ajuda, agora não consigo e não quero responder nenhuma pergunta, só preciso da sua ajuda.
Eu não fico mais um minuto nessa casa sabendo que não sou bem vinda. Vou conseguir sobreviver sem Juan, será difícil mas não impossível, se ele quer se separar de mim é porque não há amor de sua parte e não vou me humilhar para que fique comigo.
Juan
Hugo foi embora contrariado, mas de verdade sua opinião não me importa, eu vou fazer isso, Flora precisa saber que a amo mas permanecer em algo que não foi do seu desejo no começo é bobagem. Volto para casa encontrando Irma com as crianças junto com minha mãe, pelo menos uma vez no mês ela traz Lucas para visitar a avó
Um gesto nobre, bem diferente de Maurílio que nunca fez questão disso pelo contrário sempre manteve o menino afastado de nós. Assim que chego percebo uma interação diferente de Lucas com Adélia que se afastam dos demais, ela sorri beijando o rosto do irmão, mas Lucas parece incomodado. Fico mais próximo para ouvir a conversa sem que me vejam.
— Eu amo você, irmãozão.
— Adélia, eu também te amo, só não gosto desses beijos e abraços. Você podia parar?
— A mamãe falou que você precisa de amor. E eu vou dar muito amor para você, irmãozão.
A menina é doce enquanto meu sobrinho parece sempre em alerta, incomodado com tudo e todos. Ele percebi minha presença escondendo sua irmã atrás dele, é um líder nato, capaz de proteger e manter aqueles que ama seguros.
— Lucas, podemos conversar?
— Vou levar Adélia até nossa mãe, o senhor me espere, por favor.
Ela segurou na mão do irmão como se confiasse toda sua vida a ele. A ligação entre os dois é visível para qualquer um, logo Lucas volta, resolvo fazer um passeio com ele pelo jardim dos fundos enquanto minha mãe conversa com Irma, não tive oportunidade de conversar com ele sobre o que houve no dia da morte da minha irmã, acredito que agora seja a hora para isso.
— Lucas, nunca tivemos chance de conversar e ficarmos mais próximos. Por culpa do seu pai é lógico, não vou dizer que gosto dele pois seria mentira.
— O que o senhor quer de mim? Preciso voltar, minha mãe não pode ficar sem mim.
Ele puxou o traço irritante de Rossio de ser direto quando quer saber de algo, o mais interessante é que sei que Lucas sabe o motivo que quero conversar com ele por isso quer ser direto.
— Na noite da morte da sua mãe, você estava na casa? Não viu ninguém estranho ou alguma visita diferente das demais?
— Eu estava treinando depois fui dormir, percebi a movimentação na casa depois que Hugo Assis apareceu lá. Não sei quem matou minha mãe.
Ele virou as costas sem dizer mais nada, Lucas é curto e grosso no que tem que falar, fico realmente assustado como meu sobrinho apesar de tão novo é frio parece demonstrar afeto pelos irmãos e pela mãe até da minha mãe parece ter algum tipo de carinho, no entanto tem algo de muito errado com esse garoto. Antes de entrar para casa meu telefone toca, é Expedito, fico em alerta na hora.
— O que houve, Expedito?
— A patroa arrumou as coisas dela, e foi embora, senhor. Eu tentei segui-la, mas ela não deixou, não fui para que não ficasse nervosa por conta da gravidez. É verdade que o senhor quer se divorciar da patroa?
Como Flora soube das minhas intenções? Queria fazer tudo de uma maneira que não sofresse, porém tudo foi por água abaixo, preciso achar a minha esposa. Flora é uma flor delicada, não saberá viver no mundo sozinha ainda por cima grávida dos meus filhos. Vou encontrar ela e trazê-la de volta para casa.
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A Confiança - A Organização - Livro 3
ChickLitJuan Magalhães é leal, sério e dedicado a manter sua família em uma posição favorável e de confiança dentro da Organização. No entanto, tudo muda com um erro cometido por alguém muito próximo. Agora, Juan tem que lidar com pecados que não pertencem...