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Juan,

Perdi o controle, isso nunca deveria ter acontecido. Não deveria ter transado com Flora daquele jeito. Porra, ela é minha esposa, será a mãe dos meus filhos. Não podia ter tratado a filha de uma das cinco como uma meretriz. Em minha defesa, suas palavras me feriram como se fossem facadas no meu coração.

Mesmo agora, depois de ter batido no seu rosto por dizer que quer outros além de mim, sinto a dor da traição sem nem ao menos ter acontecido. Flora parece saber onde atingir na parte que dói em mim. Seu sorriso cínico mostra que não sente remorso por nada que disse. Se pudesse, teria feito pior.

– Saia do meu quarto, não quero dormir ao lado de uma víbora como você.

– É um prazer, senhor Magalhães. Aliás, minhas coisas já não estão aqui. Pensei que realmente não iria querer dividir sua cama como uma puta. Se me der licença, preciso tomar outro banho.

Ela colocou o dedo na boceta, tirando os resquícios de porra misturados com o seu sangue, como se estivesse com nojo.

– Estou realmente suja. Espero que os outros homens sejam mais higiênicos e limpos usando camisinha comigo. Odeiei você me sujando com essa porra grudenta.

Ela virou as costas, saindo do meu quarto totalmente nua, rindo com vontade. Olhei para o grande closet do quarto, constatando que não havia uma roupa sequer dela, nem suas maquiagens ou joias, somente as minhas coisas. Olhei para a cama, que até pouco tempo estava ocupada por ela, onde ficou sentada havia um rastro de sangue; meu pau também estava sujo.

Deveria ter sido mais calmo com ela, não ter caído na sua provocação. No final, Flora conseguiu me tirar do controle, algo que não acontece com frequência. Sinto minha cabeça doer, prevendo que ela me dará muito mais trabalho do que imaginei.

Deito na cama, exausto por todo esse dia. O quarto ainda tem o cheiro dela, como se conseguisse sentir a presença dela aqui. Odeio essa sensação de perda que sua falta faz comigo. Preciso tomar o controle da situação. Flora não pode continuar agindo assim. Vou pensar em uma estratégia diferente para mantê-la ao meu lado sem que me envergonhe.


Flora

Tomei um banho, apreciando minha pequena mas significativa vitória hoje. Sei que estou numa guerra com várias batalhas a serem vencidas, no entanto, é prazeroso ter ganho a primeira. Pego o celular que Magalhães não sabe que tenho, é um modelo bem simples. O mantive bem escondido junto com minhas pílulas. Procuro o Instagram de Ulisses Toledo, para minha sorte ele já me seguia.

Resolvo segui-lo de volta, curtindo todas as suas fotos. Uma em particular chama minha atenção: Ulisses montado em um cavalo preto. Além de curtir a foto, comento "Lindos" na postagem. De repente, recebo uma notificação de mensagem. É ele. Mandou um emoticon de coração. Logo em seguida, devolvo com um "oi".

Ulisses: Não deveria estar com seu marido comemorando seu casamento?

Flora: E você deveria estar dormindo, Ulisses. Por que está acordado?

Ulisses: Trabalhando. Aliás, estava linda hoje. Juan realmente é um homem de sorte. Mas ciumento devo pontuar, afastou todos os homens que queriam dançar com você. Eu realmente entendo perfeitamente, é lindíssima, Flora.

Flora: Com certeza, ele é controlador, isso sim. Eu não quero falar do meu marido. Na verdade, soube que suas terras fazem fronteira com as dele. Ouvi dizer que tem uma criação de cavalos lindos.

Ulisses: Sim. Recebi alguns recentemente, puros sangue árabes. Dizem que são descendentes do primeiro casal de equinos que saiu da arca de Noé. Árabes gostam de fantasiar em tudo. De verdade, não acredito muito nisso.

Flora: Homem de pouca fé. Quando vai me convidar para conhecer seus cavalos?

Ulisses: Quando seu marido deixar. Sei que Magalhães é muito controlador e disciplinado. Com certeza, vai querer que siga suas ordens.

Flora: Então não preciso de um convite. Posso ir quando quiser. Meu marido não manda em mim, Ulisses. Não estou sem o controle da minha vida apenas por ter casado com ele. Sei que é um homem muito ocupado, por isso gostaria de saber se amanhã cedo posso ir até seu haras e procurar uma égua mansinha para cavalgar um pouco.

Ulisses: Garota, acabou de casar. Imagino que seu marido queira sua companhia. Não quero trazer atenção desnecessária para mim.

Flora: Ele não vai saber que vou até seu haras, só se você contar, como sei que não será um dedo duro. Amanhã bem cedo estarei aí. Aliás, adoro bolo de chocolate com café sem açúcar, é só uma dica. Vai que você queira companhia para o café da manhã.

Mandei um emoticon de sono, encerrando nossa conversa e mandando beijos para ele. Magalhães pensa que eu e Ulisses temos alguma coisa, portanto será nesse ponto que vou começar minha vingança. Fazê-lo imaginar que estou o traindo, mesmo que não esteja, vai enlouquecê-lo. Ele vai se arrepender de ter atravessado meu caminho.

A Confiança - A Organização - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora