A Confiança - A Organização - Livro 3

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Flora

Algo de muito errado está acontecendo, só não sei o que é. Maurilio odeia Juan, e meu marido compartilha desse mesmo sentimento. No entanto, vê-los juntos em uma reunião privada despertou em mim uma sensação estranha. Juan está beijando meu pescoço depois de termos transado, algo não está certo, como se um pressentimento se alojasse no meu peito.

– Juan, você pode confiar em mim. Sou sua esposa, nos aproximamos tanto nesses últimos meses, não há motivo para me esconder nada. O que Maurilio estava fazendo aqui?

– São assuntos da Organização, e não posso compartilhar com você. Sei que tem o costume de me desautorizar e desobedecer, mas dessa vez peço que não se intrometa. Agora, vem, quero apreciar minha esposa.

Não tenho clima para ficar com Juan, especialmente agora que ele está escondendo algo de mim. Levanto-me da cama em um pulo, coloco a camisola. Não quero mais estar com ele quando claramente não confia em mim.

– Para onde vai?

– Para o meu quarto, você já teve de mim o suficiente hoje. Se não confia em mim nos pequenos detalhes, por que devo abrir minhas pernas de novo para você? Boa noite, Juan, e não venha atrás de mim. Quero dormir sozinha hoje.

Voltei para o meu quarto chateada com ele. Como pode não compartilhar informações comigo que sou sua esposa? A pessoa mais confiável que ele poderia ter ao seu lado. Eu abri meu coração, deixei que entrasse, e acabei me apaixonando por ele e todas as suas imperfeições irritantes como suas qualidades inegáveis. Deito-me na cama me aconchegando nos travesseiros procurando seu cheiro, faz tanto tempo que não durmo longe dele que parece que estou cometendo um pecado grave por estar distante do meu marido.

Pego meu celular discando o número de Ulisses, as ligações caem na caixa de mensagem, envio algumas mensagens, mas sem retorno. De repente vejo uma mensagem de um número desconhecido.

Flora

Você é minha melhor amiga, lamento não ter sido totalmente sincero com você sobre mim, principalmente sobre minhas ações do passado. No entanto, em minha defesa, na época estava sob uma grande pressão por um segredo pessoal.

Acredito que logo ficará sabendo do que fiz. Apenas quero que saiba que nossa amizade foi verdadeira e um dos melhores acontecimentos da minha vida. Confio que será feliz com Juan Magalhães, e que será uma dama da Organização ao seu modo rebelde.

Desejo que seja feliz, minha boa amiga. Tenho um último pedido: Cuide de Orquídea e Furacão. Depois de você, eles são meus melhores amigos, e não sei o que vai ser deles depois do que decidi fazer.

Isso é uma despedida? Ulisses está indo embora por quê? Meu Deus, o que ele fez de tão grave para ter que fugir? Não consigo dormir preocupada com meu melhor amigo, pensando no que pode ter feito de tão grave para se despedir de mim desse jeito.

Juan

Maurilio apareceu de manhã no meu escritório com péssimas notícias.

– Ulisses fugiu. Deixou a casa de sua fazenda. Fomos hoje de manhã buscá-lo para interrogatório, mas o infeliz já tinha fugido. Provavelmente soube que estava sendo investigado e se antecipou. Se ele atravessou a fronteira para Colômbia, não teremos chance de encontrá-lo.

Claro que ele foi atrás da sua família. São poderosos traficantes da Colômbia, e ele com certeza percebeu que estava sendo investigado.

– Tem alguma chance da sua florzinha ter ouvido nossa conversa e ter falado algo? Soube que os dois eram próximos.

– Não, Flora não sabe. Ela insistiu para contar, mas não informo nada sobre os negócios da Organização.

Flora parecia distante hoje de manhã no momento do café da manhã, calada demais. No entanto, sei que não sabe de nada. Ulisses usou um telefone não rastreável sem identificação para se despedir dela, mas é claro que não iria contar sobre o que fez.

– Pelo menos nesse ponto você não é um idiota. Avisei Hugo, ele já está voltando, e espere para um interrogatório. Meu primo vai querer saber tudo sobre sua investigação. Perdemos o coelho, mas queremos saber se temos mais iguais a ele.

Assim que Maurilio saiu, meu telefone tocou. Expedito está do outro lado da linha com um tom de voz nervoso, com certeza está acontecendo algo de muito sério com Flora.

– Senhor, sua esposa insistiu para ir até a fazenda Toledo, para não ir sozinha a acompanhei. Ela ficou nervosa por não encontrar Ulisses e acabou passando mal. Já estamos em casa, mas acredito que deva vir. É algo que precisa da atenção do senhor.

Teimosa. Pedi por inúmeras vezes que não fosse até a casa de Ulisses, mas minha esposa não me escuta, faz o que quer sem pensar nas consequências dos seus atos. Saio da minha empresa, enlouquecido de preocupação com Flora. Apesar de nunca me obedecer e sempre dar um jeito de fazer tudo do seu jeito, não consigo ver minha vida sem ela. Flora é importante demais para mim. Quando chego em minha casa, vejo sua mãe conversando com Flavia. Estranho a presença da minha sogra aqui. Quem avisou Flor que minha esposa passou mal?

– Senhor, Flora pediu para chamar a mãe, mas não permite a entrada da senhora Acácia até sua chegada.

– O que penso ser um absurdo. Minha filha passou mal e pediu que viesse aqui vê-la. Como qualquer boa mãe, estou aqui. Não é como se fosse sequestrar minha filha.

Entendo perfeitamente o desejo de Flora, por isso permito que sua mãe entre no quarto mesmo que queira saber o que realmente aconteceu primeiro. O médico ainda está lá dentro com ela, portanto, terei que esperar o retorno dele com o diagnóstico inicial. Espero que não seja nada grave. Não posso perder minha Flora.