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Flora

Parecia que uma faca perfurava meu ventre com tanta força que não consegui ficar sentada, as crianças ficaram assustadas com meus gritos de dor logo sendo acalmados por Lourdes, ela está machucada mas mesmo assim conseguiu me ajudar a deitar o banco. Nádia continuou dirigindo até passar por um posto de vigilância a toda velocidade, ela entra em uma curva coberta por árvores e plantas.

Parou o carro em uma clareira embaixo de uma grande árvore, ela desce do carro ido até onde estou, Nádia subi meu vestido tocando em meu ventre, não está na hora deles nascerem e ainda mais desse jeito, mas estou sentindo que não vou conseguir segurar até chegarmos na fronteira.

— Flora, o primeiro já está coroando, temos que fazer o parto aqui. Esse atalho ninguém conhece portanto não teremos homens nos perseguindo, eu preciso que você faça força para trazer seus meninos para este mundo.

— Eu sei que não tenho escolha, mas você sabe o que está fazendo?

— Você vai ser minha primeira, eu só vi minha madrinha trazendo bebês ao mundo, aprendi a função de parteira assim, Nossa Senhora vai nos ajudar, reze uma Ave Maria e uma Salve Rainha. Não temos muitos recursos aqui mas precisamos trazer os bebês ao mundo.

Nádia pegou a caixa de pequenos socorros tirando uma tesoura, a dor atravessava meu corpo e sem opções fiz força para que o primeiro bebê nascesse, Lourdes está atrás de mim segurando minha mão enquanto uso toda minha força para ajudar meu primeiro bebê a nascer enquanto rezo que Nossa Senhora para que interceda por mim. O suor desce por meu rosto por conta da dor e força que estou fazendo, mas continuo firme.

— Mais um pouco, Flora, seu primeiro menino já está chegando.

De repente, ouço o choro do meu filho, Nádia pega meu menino entregando para Lourdes que me deixa para cuidar dele, ainda tenho que trazer o meu outro menininho, fecho meus olhos intensificando meus pedidos a Deus para que continuasse me dando forças para trazer meu segundo filho ao mundo.

— O seu outro bebê está vindo, Flora, faça mais força, querida.

— Eu não consigo, Nádia, estou tão cansada, meu Deus me ajuda!

Nesse momento, vejo Nádia com meu segundo bebê nos braços mas ao contrário do irmão, ele não chorou, ficou quieto. Um pressentimento ruim vem em minha mente a medida que o tempo vai passando e meu bebê não chora.

— Nádia, porque meu filho não está chorando?

Ela fez uma pequena massagem em seu peito como se tivesse tentando reanimá-lo, não, meu Deus, não tire meu filho de mim, não depois de tudo que passei. Logo o chorinho fino aparece, Nádia está chorando feliz por ter conseguido salvar meu bebê, ela junto com Lourdes colocaram meus filhos em meus braços.

— Oi, meus bebês, eu sou a mamãe de vocês. São tão lindos, meus filhos!

As crianças ficam curiosas para ver os bebês sorrindo e dizendo que são bem pequenos, agora meus filhos não estão chorando, só foi colocá-los em meus braços que ficaram calmos, Nádia voltou para o lado do volante, enquanto Lourdes me ajudava com os meus filhos, ela os cobriu com uma grande manta verde que estava dentro da picape.

Nádia seguiu o caminho até voltar para estrada, a fronteira estava a nossa frente até que Lourdes olhou para trás e viu vários carros ido em nossa direção, meus bebês olhavam para mim de um jeito tão doce e meigo, eles tem os olhos de Magalhães.

— Estamos chegando, Lourdes segure as crianças terei que acelerar mais, Flora sei que acabamos de fazer seu parto e que está exausta, mas você precisa segurar os bebês o mais firme que conseguir. Nós vamos conseguir fugir desse inferno.

Nesse momento ela segurou firme o terço pendurado no retrovisor do carro acelerando, vejo ao longe a entrada da fronteira repleta de carros e homens, a Organização realmente veio nos resgatar, mas será que Juan está entre eles?

Bartolomeu

Horas antes

Eu perdi totalmente o controle, não suportei pensar na possibilidade de Lourdes querer outro que não seja eu. Que seu amor não fosse só meu, Agostinho não pode tirá-la de mim, entro dentro da casa procurando por ela, deveria ter parado de beber mas precisava afogar minhas mágoas em algo, quando dei por mim humilhei, maltratei e por fim machuquei minha Lourdes.

— Leon, como ela está? Eu vou lá ficar com ela.

— Você ficou louco? Bartolomeu, você jogou uma garrafa de cerveja nela, é lógico que ela não está bem. Deixe a garota em paz, estou começando a concordar com Agostinho, quem sempre quis se vingar foi você e não ele.

Não, eu tive minha vingança quando Carlos foi morto por minhas mãos, mas Lourdes não, ela é tudo para mim, preciso conversar com ela. Pedi o seu perdão, e disser que não ficará com Agostinho.

— Deixa a garota quieta, Flora está com ela e não tem porque se preocupar. A última pessoa que ela quer ver é você.

Agostinho entrou na casa procurando por ela, entro na sua frente para impedir que vá atrás da minha mulher.

— Saia da minha frente, PORRA!

— Não saio! Eu não vou deixar que machuque Lourdes mais, ela vai aceitar ser minha mulher e não fará nada para evitar.

Fui na direção do quarto dela praticamente passando por cima de Agostinho, Lourdes não está no quarto como Flora também não, começo a chamar por elas percebendo que não estão em nenhum lugar da casa, vou até o quarto das crianças não encontrando nem elas como também as crianças.

Chamo meus homens para procurar pelos arredores, Agostinho como também Leon começam a procurar, vejo um dos homens correndo em minha direção informando que um carro foi visto em alta velocidade pelos guardas da fronteira. Minha mente começa a entender o que estava acontecendo.

— Ela está tentando fugir de novo, entre nos carros, vamos alcança-las!

Todos os meus homens juntos com meus irmãos entrarão em seus próprios carros indo em direção a fronteira entre La Rosa e os territórios dominados pela Organização, dirigi o mais rápido que pude para evitar que fugisse, vejo a picape em alta velocidade chegando cada vez mais rápido na fronteira.

Acelero chegando perto da picape mas de repente ouço tiros vindo da direção do território da Organização, vejo ao longe vários homens que fizeram os guardas da fronteira de reféns, acabo por frear o carro apenas observando a picape com minha mulher, filha e sobrinho atravessando a fronteira.

Lourdes conseguiu fugir de mim sem que pudesse fazer nada para evitar sua partida. Por mais forte que esteja me tornando, até eu sei que não posso ir contra a Organização em um combate tão direto. Isso não quer dizer que vou desistir da minha mulher, Lourdes vai voltar a ser minha, vou lutar para reconquistar seu coração.

A Confiança - A Organização - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora