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Juan

Já era noite quando voltei para casa, o silêncio do ambiente me incomodou como se não houvesse ninguém. Não ouço o som das empregadas andando pelos cômodos, como também não vejo o movimento normal desse horário. Vou até a sala de jantar, encontrando Flora em pé com a mesa posta. Ela está séria enquanto ajeita um jarro de suco. Ao perceber minha presença, ela sorri.

– Boa noite, Flora, como foi seu dia?

– Normal, nada de novo.

Talvez ela não queira que eu saiba sobre suas compras. Recebi a conta em meu escritório e paguei com prazer. Flora está assumindo o seu papel como dama da Organização, sendo fútil e gastando meu dinheiro com joias que nunca vai usar.

– Onde estão as empregadas?

– Já foram embora. Quem fez nosso jantar fui eu. Sinta-se à vontade, vou servi-lo.

Ela está saindo melhor do que imaginei. Flora colocou o prato à minha frente, servindo o risoto com um pedaço generoso de carne assada. Pegou o copo, colocando o suco ao lado do prato.

– Não coloquei os talheres dispostos como manda a etiqueta porque estamos só nós dois. Imagino que não precisamos de tanta formalidade. Gostaria de conversar com você sobre a colônia. Os trabalhadores precisam de ajuda em alguns aspectos. Tomei a liberdade de anotar alguns pontos para sua análise; talvez você possa ajudá-los.

– Eles reclamaram com você?

Era por este motivo que não queria que Flora se misturasse com eles. Minha mulher está em uma posição privilegiada, não deve se envolver nos problemas dos trabalhadores e suas famílias.

– Não, Juan, eles nem sabem quem sou eu. Percebi por conta própria que eles necessitam da sua atenção e apoio. Você poderia pelo menos dar uma olhada, serão apenas alguns minutos. Prometo que não vai tomar muito do seu tempo.

– Eles não precisam de nada disso, Flora. Você não tem que se preocupar com eles. Aquele povo vive bem do jeito que eu determino, pois sabem que não é bom terem o desafeto de um Magalhães. O meu pai era ainda mais rígido. Os mais antigos aqui estão cientes de que essa é a vida deles e são gratos por terem comida na mesa e um emprego, além da proteção de nossa família.

Não quero que Flora fique enchendo a cabeça com essas preocupações bobas. Essas pessoas já estão acostumadas com a vida que ofereço a eles, e não reclamam, pois não admito que queiram algo diferente do que é oferecido.

– Por favor, Juan, estou pedindo apenas que dê uma olhada. Prometo não perturbar você mais.

– Qual parte do "não se preocupar" você não entendeu? Agora, esqueça esse assunto. Me diga, gostou das joias que comprou? Quero ver todas.

Flora não precisa perder seu tempo com essas questões; ela deve ser linda e disponível para mim, não para problemas que não são dela. Parece que entendeu meu ponto, já que começou a falar das roupas que queria comprar e das bolsas. Uma conversa fútil e enfadonha, mas pelo menos é o esperado. Confirmei que daria a ela o dinheiro para comprar as roupas e a bolsa. Flora comemorou, batendo palmas como uma garota mimada que sempre teve tudo.

– É um valor salgado, mesmo você não merecendo. Darei o que quer com a certeza de que vou receber por esses agrados.

O meu pagamento envolvia Flora sendo fodida em nossa cama, enquanto sinto seu perfume de flores. Ela fica sem jeito, sabendo bem o que quero depois de todo esse gasto que terei com ela. Ela começou a comer sem dizer nada. A comida que fez é deliciosa, minha sogra a ensinou bem a ser uma mulher prendada.

A Confiança - A Organização - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora