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Já passou dois dias e eu nem botei os pés no morro, o Natanael falou seriamente mesmo quando mandou nem eu e nem a Victoria subir, a vic tentou ir e foi barrada, agora ela tá aqui deitada na cama reclamando com o jv, especificamente esculhambando ele por áudio.

Victoria: se você não aparecer agora, eu vou embora com a minha filha e deixo esse país ainda hoje mesmo, seu corno safado!  -Mandou outro áudio e eu só fiquei encarando o meu celular esperando alguma notícia do Natanael.- oque porra ele tá fazendo pra não olhar as minhas mensagens? -Falou chateada.-

‐ não sei, que tal nos sentar e comer algo? -Falei levantando da cama.- você devia tá dormindo pra sua consulta amanhã de oito horas, e já são três da madrugada sua safada.

Victoria: aí, é que eu fico preocupada quando o João não manda mensagem. -Olho pra ela e Engulo seco.-

Fomos comer e logo dormimos em seguida, de manhã eu fui para a consulta onde a bebê estava super saudável e forte, Victoria ainda não deu o nome pq quer escolher com o João.

De tarde inventamos de fazer brigadeiro onde meu pai se ofereceu para fazer também e estamos aqui sentados no sofá para assistir algo, ligo a TV onde eu ia botar na Netflix só que o jornal começou a passar onde Victoria mandou deixar.

Olho pra notícia que estava passando até o meu sangue congelar na hora.

"Nesta madrugada de quarta-feira (10) , por volta das 3h , de acordo com os moradores. Foi esse o horário em que publicaram a informação de que a ação se tratava de uma "operação policial" na Penha.
A manhã já tinha se iniciado e a operação continuava com a atividade. Perante orientação da secretaria municipal de educação, 32 escolas, juntando complexo da Penha e do alemão, ficaram fechadas por medidas de segurança.
E…mais notícias chegaram onde se encontrava 15 mortos e 6 baleados.
Uns dos mortos que foram baleados não tivemos notícias de identificação.
Fiquem atentos para mais notícias…"

A notícia parecia que estava em câmera lenta, gritos da Victoria no fundo pegando o celular ligando para algum, sinto meu coração bater forte, cada batida parecia que iria sair do meu corpo.

Sinto lágrimas saindo dos meus olhos e uma leve dor no meu peito foi presença, olho pro meu pai que parecia sem entender nada e preocupado com a Victoria que tava chorando e colocando a mão na barriga sentindo dor.

Fernando: vamos levar ela no hospital, agora! -Falou nervoso e se levantou com a Victoria no braço que chorava de dor.- pega a chave do meu carro.

Faço o que ele falava meio desorientada, ele levou ela pro hospital às pressas onde assim chegamos ela foi levada pra um quarto para ser examinada.

Fernando: pq ela ficou desse jeito quando ouviu aquela notícia sobre a operação da penha? -Perguntou passando a mão no cabelo.- não só ela, você também.

‐ papai, me desculpa. -Falei sentindo as lágrimas saindo dos meus olhos e ele parecia que estava ligando os pontos aos poucos. - eu não sabia que eu ia amar uma pessoa assim.

Fernando: não Elizabeth, não me diga que você tá se envolvendo com trafica- eu aquele homem né?!  Aquele que você levou lá em casa. -Eu apenas abaixei a cabeça chorando e ele me olhou com um olhar de decepção.- não te criei para se envolver com esse tipo de pessoa Elizabeth, não passei noites acordado para te dar uma adolescência digna e você joga assim se envolvendo com tal tipo de pessoa. Você sabe como é ser mulher de traficante? O que você vai passar e acabar morrendo por causa dele? Você está jogando a sua vida no lixo por puro prazer em querer se envolver com uma pessoa que pode morrer ou ser preso a qualquer momento!

‐ eu sei, mas eu não mando no meu coração pai. Eu amo ele, e se você quiser colocar a minha guarda pra mamãe, pode colocar! -Falei soluçando e ele passou a não no rosto parando irritado.- me desculpa.

Fernando: conversamos sobre isso depois.

Me agachei e cobri a boca tentando parar de chorar.

Natanael, pfv, esteja bem.

NO MEU MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora