Minha Querida Porteira - Mailila

Não podemos fazer mais nada.

Pov: Marília

Somos fáceis de decifrar quando bebês. Um choro significa fome... outro choro, significa cansaço. A coisa dificulta quando viramos adultos. Começamos a esconder os nossos sentimentos. Erguemos barreiras. Chegamos ao ponto de não sabermos os que as pessoas sentem. Sem querer, nos tornamos mestres do disfarce.

Faz uma semana e meia que a Maiara se foi e eu estou colocando tudo dentro de várias caixinhas e malas, minhas coisas pessoais do trabalho, pego lençóis que eu gostava muito, para jogar pelos moveis da casa, eu não estava aguentando ficar ali por mais nenhum minuto, aquele apartamento está agora oficialmente no nome da Maiara quando ela fizer 18 anos, não é mais meu! Não é mais nosso, não tem mais do porquê ficar aqui, não fazia mais sentindo nenhum, eu não conseguia mais dormir na cama, porque lá dentro daquele quarto ainda tem o cheiro do perfume da Maiara. Não conseguia entrar no meu próprio banheiro, porque ainda tem fios do cabelo da Maiara espalhado pelo chão e o cheiro do seu creme hidratante que ela passava no corpo toda vez depois de sair do chuveiro e que consumia o apartamento inteirinho. E que me fazia ficar louca e mais apaixonada por ela.

Ela me deixou, deixou a gente. Eu sabia que não seria fácil  ter mesmo um namoro a distância, mas não contava que além de me deixar aqui, ela terminaria com tudo, não contava que ela teria coragem de colocar um ponto final no nosso relacionamento.

Depois de arrumar tudo, vou até a porta do apartamento da Luísa, vou ser vizinha dela, tem um apartamento vazio, de frente com o dela, eu sei que eu ia continuar no prédio, esse hotel é meu e eu não posso me desapegar dele, porque sinceramente, nesse momento ele é tudo que eu tenho;

Bato na porta algumas vezes, mas nenhuma sou atendida pela minha melhor amiga.

- Luísa! – Grito ela e aperto a campainha.

- Já vai!! Meu Deus, quem é essas horas da manhã! – Escuto a voz da Maraisa, suspiro fundo, não queria vê-la, mas ela é namorada da minha melhor amiga.

Ela não tem culpa pelas decisões da própria irmã.

- Marília? Oi!! Aconteceu alguma coisa? São 6h da manhã em pleno domingo. – Maraisa pergunta preocupada.

Eu estou pouco me importando para a hora, eu quero a minha melhor amiga para me ajudar a me mudar, ela repara nas malas que estão à beira da porta, e várias caixas.

- Ah! Você quer a Luísa, vou chamá-la, ela está no banho, quer entrar? – Ela pergunta, gentilmente quando cai na real que eu não precisava falar nada. Está mais do que explicado.

Dou um passo para dentro do apartamento da Luísa, que de um espaço o suficiente para a Maraisa fechar a porta, eu estou ainda sem dizer nada, nada mesmo!

- Quer um café? A Luísa pode demorar um pouco e...

- Eu estou bem, Carla! Não precisa se fingir de amiga! – Falo, interrompendo-a, estou irritada e eu mal conseguia olhar na cara da Maraisa.
ela não tem culpa, claro que não porra! Mas olhar para ela, me faz lembrar da Maiara, e eu não quero lembrar dela.

- Bom dia Lila! Cheguei, me desculpa pela demora! – Luísa fala, vindo até de mim, com os cabelos molhados.

- Bom dia, consegue me ajudar com as malas? – Pergunto, bem seca, Luísa percebe e olha para a Maraisa.

A mesma afirma com a cabeça, abro a porta daquele apartamento, empoeirado, mas bem mobilhado, não consigo me lembrar do porquê não vendemos esse apartamento, tem uma vista linda e bem espaçoso.

- Ele é bem lindo, feito para família, tem dois quartos e um deles um suíte! – Luísa fala, tirando os lenções que cobria os moveis novinhos.

- Sim! Mas ele vai ser somente para uma pessoa, que bacana! – Digo, colocando minhas malas na sala, Luísa percebe o que falou e tenta se aproximar.