É difícil dizer adeus.

390 63 15
                                    

Pov: Marília

"Dizem que morrer é mais difícil para os vivos. É difícil dizer adeus. Às vezes, é impossível. Você nunca deixa de sentir a perda. É o que faz as coisas tão agridoces. Deixamos pequenas partes de nós para trás, lembretes, uma vida cheia de memórias, fotos, quinquilharias. Coisas para sermos lembrados, mesmo quando nós formos."

Eu não podia acreditar que aquilo aconteceu, eu sei, eu não deveria sentir, Lauana me fez muito mal quando a gente decidiu por um ponto final, e é claro que doeu saber que ela tinha me traído, logo a pessoa que mais me conhecia, a pessoa que cuidou de mim, ainda muito nova.
Eu não sabia como estava me sentindo em relação a isso, eu tinha paralisado, eu não deveria sentir tanto, mas estou sentindo, mesmo com tudo que aconteceu, ela nunca deixou de ser alguém importante na minha vida, uma pessoa que amei a minha vida inteira, desde que éramos bem pequenas, foi com ela que eu escolhi passar a minha vida, foi ela que me pegou no colo quando minha mãe morreu e quando eu tive que forjar a morte do meu pai.

Foi a Lauana, então sim...eu senti que uma parte de mim, morreu quando a Maraisa contou que ela tinha sofrido acidente.

- Marília, fala comigo! Por favor! – Maiara pede, enquanto estou com a cabeça encostada no volante do meu carro, eu não sabia o que falar, o que pensar, eu só sei que eu precisava me despedir dela, mesmo que ela já tenha ido...

Maiara passa a mão sobre as minhas costas, me puxando para um abraço, mas me recuso, eu não quero afeto nenhum, na verdade de tudo, eu não sei o que eu quero!

- Eu preciso ir ao hospital, preciso vê-la... Maiara, eu preciso...- Começo a chorar desesperadamente, Maiara sem saber o que fazer, desce do carro, abre a minha porta e me tira do carro, me abraçando com força.

Eu não tinha forças nem para empurrar a Maiara de mim, de negar um abraço ou qualquer tipo de afeto, eu não tinha essa coragem.

- Vem, vamos nos sentar no banco de trás, a Naiara sabe dirigir...ela leva a gente, pode ser? – Maiara pergunta, limpando minhas lagrimas.

- Acho...acho que pode! – Respondo, abrindo a porta de trás do meu carro, Naiara entra e dá partida.

Colocamos no GPS para ela, facilitar a vida dela, já que a Naiara não conhece nada aqui, então seria mais fácil.
Não conseguia parar de chorar enquanto estávamos no caminho do hospital, e quando chegamos lá, dei de encontra com o Murilo, Maiara já passou a minha frente, não deixando ele trocar uma palavra comigo.

- Marília, como você está? – ele pergunta, ignorando a Maiara ali, bem na nossa frente.

- Ela está ótima, não está vendo não?! – Maiara é grossa com ele.

- E quem está falando com você, garota? – Murilo pergunta, debochando.

Não aguentava mais ver os dois brigando, já não basta a maior vergonha na porra do casamento, eles vão mesmo brigar aqui, no hospital? Vejo a Veronica de longe, chorando, na sala de espera, deixo os dois brigando e discutindo por mim e vou até ela.

Ela suspira fundo e seca as lagrimas assim que eu me sento ao seu lado, ela vai pra se levantar, com certeza não queria ficar ali comigo, mas eu sei que ela precisa de uma pessoa tanto quanto eu, e eu sei que sou madura o suficiente para deixar todas as diferenças e desavença que temos, e fazer dessa situação a mais tranquila para nos duas, ela também perdeu uma pessoa que ela ama, e eu perdi uma pessoa que eu amava, amo com uma pessoa que me fez bem por muito, muito tempo, e que estava comigo a minha vida toda, praticamente.

- Não quero mais desavenças, somos iguais nessa questão! – Falo, pegando-a pelo braço.

- Nunca vamos ser iguais Marília! Você não queria uma família com ela, eu queria! A gente estava planejando! Iriamos nos casar, ter filhos e ser feliz e agora...- Veronica não consegue terminar a frase.

Minha Querida Porteira - MaililaOnde histórias criam vida. Descubra agora