Capítulo 7

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A vontade que eu tinha de dizer que não quando Santiago perguntou se Dulce iria pra casa com a gente era grande, mas não consegui

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A vontade que eu tinha de dizer que não quando Santiago perguntou se Dulce iria pra casa com a gente era grande, mas não consegui.

Não porque queira que ela esteja na minha casa, e sim porque eu estaria dizendo não para uma criança de quatro anos e meio que acabou de perder os pais.

A sensação é estranha só de pensar que ela está me seguindo com seu carro, a caminho da minha casa. Uma porque não costumo receber muitas pessoas, e outra porque Dulce é a última pessoa que eu imaginaria entrando lá.

Abri a garagem e olhei ela estacionando seu carro na rua do condomínio mesmo, descendo de óculos escuros e seus cabelos vermelhos ao vento. Desviei o olhar. Sabia melhor do que ninguém que eu não podia ficar admirando-a tempo demais.

Desci do carro e tirei Santiago da cadeirinha. Estranhamente, fizemos o caminho inteiro em silêncio. Ele nunca foi uma criança quieta, e temia que mudasse demais depois de tudo o que aconteceu. Me sentiria culpado se deixasse ele perder sua essência.

— Onde está a tia Dul? — Ele perguntou assim que o coloquei no chão. Ele estava grudado no carrinho que Carla havia dado para ele.

— Estou aqui, Santi. — Ela disse entrando pela garagem.

Santiago saiu correndo em sua direção, lhe dando a mão. Fechei a garagem e peguei a sacola com os biscoitos, caminhando em direção da porta de entrada, a abrindo.

— Vem tia, Dul, vou mostrar pra você meu quarto. — Ele disse puxando ela pela mão e a fazendo entrar dentro da casa.

Coloquei as chaves do carro no porta-chaves e larguei a carteira em cima da mesinha que ficava ao lado da porta da garagem. Fechei a mesma e comecei a observar as reações de Dulce.

Ela não conseguiu parar, pois Santiago não parava de puxá-la em direção às escadas, mas já deu para perceber ela observando bem cada parte que podia da minha casa, certamente tentando encontrar alguma coisa para tirar com a minha cara.

— Onde vai ser o quarto dele? — Dulce perguntou antes de chegar nas escadas, virando o rosto para me olhar.

— Ele já tem um quarto aqui. — Percebi que ela franziu a testa de leve, surpresa com a resposta.

— Sim, tia Dul, eu já tenho um quarto. Vou levar você lá! — Ele disse, continuando a puxá-la com seu braço não imobilizado.

Subi as escadas logo atrás dos dois. Ri quando Dulce pediu para que Santiago tivesse calma umas três vezes, mas, confesso que eu estava feliz por vê-lo mais ativo e menos brigão depois que saímos do hospital.

Entramos no quarto e Santiago começou a mostrar todas as coisas que tinha.

Me encostei na porta e cruzei os braços, enquanto Dulce observava tudo atentamente e conversava com ele, percebendo o quanto ele se sentia em casa naquele espaço. Eu sabia que ela vir até aqui tinha a ver com isso também.

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