A noite anterior não saia da minha cabeça, mesmo que eu fizesse de tudo para não pensar.
Eu sabia que tinha tomado uma decisão errada, e em plena consciência, o que não me dava nenhuma desculpa plausível para aquela atitude.
Tive certeza de que ela pensava o mesmo que eu, principalmente quando acordei naquela manhã e não a vi em lugar algum do quarto.
Lembro que fechei os olhos apertando fortemente quando me dei conta de que ela não estava lá. Senti um certo medo, um vazio e até mesmo insegurança, e pela primeira vez me dei conta que foi exatamente o que talvez ela sentiu naquele dia, há 11 anos atrás.
Eu a deixei sozinha. Dulce acordou sozinha sem entender o porquê eu não estava ao seu lado. E no meu caso, eu sabia o motivo de ela não estar lá.
Ao mesmo tempo que agradeci, pois não precisaríamos falar sobre o que tinha acontecido, fiquei me questionando o motivo de ela não ter esperado eu acordar.
Será que foi por vingança ainda por anos atrás? Será que ela se sentiu mal pelo que aconteceu? Será que ela se arrependeu? Será que ela está misturando as coisas?
Porra! Como pode ser tão difícil responder essas perguntas?
Balancei a cabeça tentando realmente esquecer aqueles pensamentos e principalmente os momentos da manhã em que ela evitou olhar para mim. Eu precisava focar no trabalho e foi exatamente isso que eu fiz, até me dar conta que tinha passado do horário.
Vi que eram mais de 21h quando olhei para a tela do meu celular. Levantei da cadeira logo em seguida e fechei o computador, suspirando profundamente.
Eu me afoguei no trabalho só para tirar aquelas cenas da minha cabeça, e para ser sincero, estava agradecendo por ter funcionado.
Cheguei em casa e fui recepcionado por Sol, que pulou nas minhas pernas e chorou um pouco até que eu passasse minha mão nela.
Ela abanou o rabo radiante, e saiu caminhando de volta para a sala de estar. Aquilo foi o suficiente para eu sorrir sozinho. Até que ter um cachorro dentro de casa não era uma má ideia.
Me aproximei da sala de estar e dei de cara com Dulce, que estava esparramada no sofá enquanto assistia Grey's Anatomy.
— Você está assistindo de novo? — Questionei com a testa franzida e a mesma sorriu se canto.
— É minha série favorita da vida. — Ela deu de ombros. — Achei que fosse dormir no escritório hoje.
— Pouts, eu poderia mesmo não é? Assim finalizava o relatório de amanhã. — Falei em tom de deboche e ela riu pelo nariz. — Você já jantou?
— Sim, hoje foi noite das meninas e jantei por lá. — Ela me olhou rapidamente e depois voltou a olhar para televisão. — Mas a Paula me avisou que deixou seu jantar no forno antes de ir embora. — Apenas assenti quando me dei conta de que ela não ia tirar os olhos da televisão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nossa maior mentira
RomanceTrês grandes famílias são sócias de uma rede de cosméticos no México. Um acidente muda todo o destino, trazendo uma briga de custódia à única criança que os unia. Uma proposta indecente é feita para que tudo saia exatamente como deve ser. Será que e...