4.

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Entrego a prova e saio da sala com pressa, contornando a corrente de outros alunos que também estavam saindo, para não ter que trocar mais nenhuma palavra com ele, que apesar de ter finalizado sua prova muito antes que a minha, continuou atrás de mim, como uma sombra. No entanto, mesmo que eu estivesse quase que correndo; Sebastian não demora nada para se colocar ao meu lado, acompanhando meus passos rápidos. Droga.

— Com pressa, exemplo? — sua pergunta soa sorridente e nem preciso olha-lo para saber que ele está sorrindo, porque sua voz se modifica toda vez que aquelas malditas covinhas estão enfeitando seu rosto.

— Na verdade, só estou tentando te evitar mesmo — escolho um outro caminho, qual não me aventuro muito simplesmente por ser um que leva bem mais tempo para chegar ao prédio de dormitórios, mas que pode ser a minha salvação nesse instante.

— Mentir não é seu forte — sinto vontade de gritar assim que sua voz ainda me perseguindo surge.

— Não estou mentindo, acredite em mim — o respondo com sinceridade e até faço menção de virar em uma rua, mas fico em dúvida e nesses poucos segundos que fico parada tentando me lembrar do caminho certo; Sebastian se coloca à minha frente, conseguindo monopolizar meus pensamentos, como sempre faz.

— Você está com medo? — sua pergunta aleatória me faz deixar de lado a ideia de fingir não estar o vendo, ainda que ele seja como uma rocha cheia de músculos e tatuagens bem na minha frente.

— Como assim medo? — aproximo as sobrancelhas fixando meus olhos nos seus e Sebastian da de ombros.

— Está apaixonada? — sua segunda pergunta sem nexo me faz rir sem humor.

— Apaixonada? Não, claro que não, por que você está perguntando isso? — o questiono adotando uma careta, começando a questionar se ele estava chapado ou algo do tipo.

— Só fugimos por duas coisas, exemplo — seus olhos passeiam meu rosto sem pressa — Porque estamos com medo ou apaixonados e se você não está com medo, muito menos apaixonada, significa que está mentindo — ainda com o olhar fixo no seu, por mais que o dele estivesse me analisando minuciosamente; tento entender o porquê de Sebastian estar fazendo isso... Quer dizer, se sentar atrás de mim na prova, ok, fazemos o mesmo curso então é quase que inevitável não esbarrar com ele de vez em quando, porém ainda não sei o que ele está fazendo aqui, do lado de fora, com essas perguntas e sorrisos — Ei, está tudo bem? — percebo seus dedos vindo em direção ao meu rosto, mas antes que ele pudesse me tocar; sou rápida em afastar sua mão com um tapa.

— Não toque em mim — o aviso o mais séria que consigo e boa parte do seu sorriso vai embora. Ótimo, estamos chegando próximos uma conversa normal, sem investidas fajutas da sua parte.

— Sem toques — Sebastian me surpreende levantando as mãos no ar em forma de redenção e me faz aproximar as sobrancelhas — Só se você pedir.

Ignoro seu complemento sujo, porquê nunca, até hoje, consegui com que ele escutasse de fato algum pedido meu, fosse ele qual fosse e o detalhe de conseguir dessa vez não só faz com que minha nuca arrepie, como também me faz dar um passo para trás por não confiar nem um pouco nele.

— O que quer, Carter? — o questiono ainda de sobrancelhas unidas e dessa vez quem analisa quem; sou eu a ele.

— Por que acha que quero algo, exemplo? — seu sorriso ressurge e não posso dizer que senti falta dele, porque estaria mentindo.

— Desembucha de uma vez — tento focar na conversa e não nas suas covinhas.

— Certo, quero propor algo pra você, mas antes vai ter que me prometer que vai escutar a proposta até o final, sem me interromper — Sebastian deixa de sorrir, adotando um tom de voz mais sério, o qual não deixa a suspeita de uma brincadeira sem graça.

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