Tento não demonstrar como estou nervosa cruzando os braços, mas sei que a forma como sempre estou desviando meu olhar para a porta dupla que Sebastian havia passado algumas horas atrás de cinco em cinco segundos; entrega o quanto estou ansiosa por qualquer notícia. Respiro fundo e encaro a janela dessa ala do hospital, percebendo pela primeira vez desde que cheguei aqui que agora o céu já está claro, diferente de quando viemos para cá. No meio da madrugada, acordei com Sebastian tentando deixar sua cama sem me acordar e só quando percebi que ele estava com o celular na orelha que entendi que alguma coisa estava acontecendo. Precisei de alguns minutos para processar que o bebê estava nascendo antes da hora e que ele precisava ir para o hospital. Uma parte minha acha incrível a forma como Sebastian se preocupa ao ponto de dirigir até aqui de madrugada e entrar na sala de parto para acompanhá-la, mesmo jurando que a criança não é sua. Outra, uma parte mais idiota, acha que ele só está fazendo todas essas coisas por ainda ter duvidas sobre a paternidade do bebê.
Suspiro, afastando esses pensamentos, porque Sebastian sendo o pai ou não da criança não vai ser como se a responsabilidade de ajudar a criá-lo sumisse. Ainda mais quando seu pai é um porco preso e sei sem mesmo precisar perguntar que Sebastian vai continuar dando todo e qualquer suporte que ela precisar com a criança. Só espero que ele nunca chegue a conhecer seu verdadeiro pai. Ainda estou completamente enrolada nos milhares de pensamentos quando a porta finalmente se abre e minha atenção se desvia para Sebastian com uma camisola hospitalar, retirando a máscara do rosto. Me levanto do banco, fitando seu semblante feliz e no segundo que meu colega de quarto abre um sorriso; outro se reflete no meu rosto. Nesse exato segundo, todo o ar pesado desse hospital parece ser substituído por outra coisa, uma outra corrente, não de oxigênio, mas tão energizante quanto. Corro até estar próxima o suficiente para ver cada detalhe das suas tatuagens saindo de dentro da roupa hospitalar e sou pega de surpresa quando Sebastian segura meu rosto com as mãos e se agacha o suficiente para unir nossas testas, soltando o ar.
— O bebê não é meu — escuto Sebastian sussurrar num tom de alívio e antes que eu pudesse falar qualquer coisa; meu colega de quarto me afasta pouca coisa de si — Nem do meu pai.
O breve sorriso presente no meu rosto se enfraquece e um semblante confuso toma conta do meu semblante.
— Como assim?.
— A criança é asiática, exemplo — há risada na sua voz, enquanto ergo as sobrancelhas não escondendo a surpresa.
— Ela enganou vocês — sussurro e todas as vezes que via Sebastian guardar dinheiro me veem à cabeça.
— Tudo bem — "tudo bem"? Sério?.
— E todo aquele dinheiro que você deu pra ela? Como pode falar que está ''tudo bem"? — sei que sou uma das poucas pessoas que via o quanto Sebastian se matava para juntar dinheiro e ainda que ele pense que nunca notei as vezes que ele "desaparecia" com mais da metade de todo o dinheiro, não posso simplesmente fingir a mesma coisa.
— Espero que ela tenha guardado algo, porque nunca mais receberá nada de mim — a seriedade que assume sua voz me faz balançar a cabeça em negação e uma risada deixa meus lábios — O que foi? Por que está rindo?
— Porque estava pronta para chamá-lo de papai, ou senhor papai.
— Guarde essas palavras para usá-las quando voltarmos para o no nosso quarto, exemplo — Sebastian como se não estivéssemos no corredor de um hospital; me puxa para um beijo que consegue disparar tantos arrepios quanto as suas palavras — Lá você pode me chamar de qualquer coisa — escuto e sinto seu sussurro com seus lábios raspando nos meus de um jeito provocante.
— E aqui? Na frente de todo mundo? Como deveria te chamar?
Meus olhos encontram com os seus e diferente das outras pessoas que provavelmente iriam querer se esconder das descargas dentro da tempestade que é Sebastian, as observo e me encanto ainda mais por cada clarão furioso que cintila nos seus olhos.
![](https://img.wattpad.com/cover/365800539-288-k476490.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Em Cada Traço
RomanceQuincie Wyne não vê a hora de terminar a sua faculdade em odontologia, por um único motivo; voltar a ler e estudar sem a presença do seu detestável colega de quarto, qual sua única missão consiste em tirar o sono, a paz e a tranquilidade dela, atend...