Depois de uma dúzia de caras, chega a vez de Rony testar o seu mais novo brinquedo e acabo caindo na risada assim que o cara cai do seu touro mecânico rolando, conseguindo um recorde de menos de 5 segundos montado. E ainda que a cena tenha sido hilária, levo alguns instantes para notar que a minha risada é o único som que está vibrando por todo salão. Aos poucos meu sorriso vai se enfraquecendo e a cada olhar feio que vejo, no lugar de um sorriso divertido, sendo lançado na minha direção; começo a pensar que ninguém ama Rony, as pessoas só tem medo dele... Pensar no seu nome me faz olhar na direção do touro, onde dois caras tão fortes e gigantes quanto Rony estão o ajudando se levantar. Como suspeitava seus olhos buscam por mim no meio do pessoal e quando me encontram; o homem barbudo adota um sorriso que me incomoda por algum motivo. Tanto que chego a efetuar um pequeno passo para trás, encerrando o pequeno espaço que havia criado antes, encontrando com o calor do corpo de Sebastian de novo.
— Ao que parece foi uma cena e tanto, não foi, exemplo? — por mais que não ame quando Sebastian me chama por esse apelido, escutá-lo na voz de Rony me faz decidir que ele só soa aceitável quando vem dos lábios do meu colega de quarto — Vamos, pode me responder, ou o gato comeu a sua língua? — Rony insiste e a forma como apesar da sua voz não carregar raiva alguma; seu sorriso parece gritar isso me faz respirar fundo.
— Foi engraçado, só isso — dou de ombros e sinto a mão de Sebastian pousar na minha cintura, enquanto ao nosso redor todo mundo começa a adotar sorrisos tão estranhos quanto o que está estampado no rosto de Rony.
— Aposto que deve ter sido — o cara bate uma mão na outra como se limpasse alguma poeira invisível — Que tal me mostrar como se faz?
Sua pergunta pronunciada de uma forma extremamente lenta, por algum motivo desencadeia vários urros e vozes das pessoas ao nosso redor pronunciando a palavra; "exemplo" repetidas vezes em um tipo de incentivo arisco.
— Não, obrigada — adoto meu melhor sorriso e balanço a cabeça recusando a oferta.
— Ah não, se você consegue rir, então consegue superar a vergonha, pra me ensinar a montar nisso aqui — o observo ainda sorrindo apontar para o touro mecânico — Eu insisto — Rony começa a vir na minha direção e se eu disser que não percebi que a cada passo dele na minha direção; os dedos de Sebastian apertavam ainda mais minha cintura, como se quisesse garantir que eu não iria sair dali, estarei mentindo.
As poucas pessoas que estavam na nossa frente abrem espaço para o barbudo e só quando ele para na minha frente que Sebastian solta minha cintura e move seus dedos até os meus, segurando minha mão.
— Na verdade Rony, estamos cansados, acho que já está na nossa hora — Sebastian toma a frente, me puxando para sair da sua frente e mesmo que a sua intenção seja me puxar para ficar atrás de si, o deixo me afastar só até o seu lado, porque não gosto da ideia de me esconder totalmente atrás de Sebastian, como se ele fosse mesmo me proteger.
Detalhe esse que sei que não vai rolar, porquê Sebastian assim como todos os outros aqui amam puxar o saco de Rony e não tem nenhum porque dele proteger alguém que na verdade não é nada para si. Então entendo sua alternativa de saída dessa situação e me forço a apoiá-lo.
— A viagem foi longa e ficar na moto uma hora e meia é mais complicado do que parece... — começo a complementar a ideia de Sebastian, quando escuto Rony rir claramente sem achar graça alguma, pronunciando um; "Maricas" entre suas entrecortadas risadas arranhadas, que me faz voltar atrás — Não que você chegue a entender — a minha frente Rony vai diminuindo seu sorriso até desaparecer de vez — Porque você sabe, a palavra longa significa ficar montado mais que 4 segundos.
Um silêncio mortal se instala, enquanto Rony trava seu maxilar e por um segundo penso ter imaginado a breve risada que soa ao longe, mas a forma que um dos seus amigos olha na mesma direção que o som havia vindo me diz que talvez eu não seja a única que está achando essa situação uma graça. Me aventuro em correr o olhar ao arredor dos olhos agora surpresos e não mais raivosos ou ameaçadores como estavam antes, só deixando de observar os semblantes desacreditados quando minha atenção encontra com Sebastian já me fitando. O meu colega de quarto umedece o lábio inferior com a pontinha da sua própria língua e balança a cabeça uma única vez em sinal de negação.
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Em Cada Traço
RomantizmQuincie Wyne não vê a hora de terminar a sua faculdade em odontologia, por um único motivo; voltar a ler e estudar sem a presença do seu detestável colega de quarto, qual sua única missão consiste em tirar o sono, a paz e a tranquilidade dela, atend...