12.

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Fumaça, música eletrônica e álcool são três coisas que não deveriam coexistir juntas. E ainda sim é só a esses três tópicos que o lado de dentro do prédio, onde está acontecendo a tal da festa; se resume. Continuo acompanhando Sebastian e Claire pelo lugar mal iluminado, lotado, sempre memorizando cada passo que damos, para mais tarde não me perder na hora de ir embora. Paramos algumas vezes em algumas mesas que estavam recheadas de caras completamente tatuados e para surpresa de ninguém Sebastian conhecia cada pessoa, do menor até o maior homem que estava sentado na mesa. Na parte de me apresentar aos seus amigos, não me esforço muito e apenas balançava a cabeça em acenos, que podiam muito bem serem interpretados de uma maneira errada, porém não era como se eu estivesse gostando de estar ali. Porque eu não estava. Nos aproximamos da 9° mesa da noite e nessa acabo aproximando as sobrancelhas ao reconhecer o inconfundível barulho que me assombra, percebendo que os caras estavam tatuando alguém.

— Nem fudendo — ao meu lado Sebastian exclama desacreditado, mas não da mesma maneira que eu estava desacreditada, ele estava mais para "não acredito que estão fazendo isso sem mim", enquanto eu estava mais para "não acredito que estão fazendo isso aqui".

Assim que escutam as únicas duas palavras de Sebastian, boa parte dos olhares presentes na mesa, que antes estavam focados na produção da tatuagem na bunda da garota que está deitada sobre na mesa, se fixam em nós dois com semblantes nem um pouquinho amigáveis. Acabo engolindo no seco quando o maior deles, o cara barbudo com algumas tatuagens no rosto, que estava de fato fazendo a tatuagem na garota balança a cabeça em um sinal de negação e entrega a maquininha para o seu colega — que não fica nem um pouquinho atrás no quesito tamanho e força — enquanto contorna a mesa e se aproxima da gente. O homem com alguns fios brancos na barba grande para a nossa frente e assim como Claire havia feito; me estuda sem discrição alguma, dos meus pés até o rosto e esse único detalhe é o suficiente para fazer com que o meu medo de antes dê lugar a uma pequena raiva. Aproximo as sobrancelhas e diferente da maioria dos outros caras que acabei desviando o olhar, nesse faço questão de sequer piscar.

— Pequeno, Carter por que tem uma ratinha no nosso ninho de águias? — depois do que parece uma eternidade, o cara questiona de uma maneira séria e passa a encarar Sebastian, enquanto ao nosso lado Claire cai na risada.

Encaro a garota por alguns segundos e só então raciocínio o que ele diz. Quando entendo que nessa sua história eu quem seria a "ratinha"; solto uma risada forçada.

— Melhor ser uma ratinha do que o lenhador que enfia a lenha no ra... — não consigo terminar de descrever o meu ponto de vista dessa história, porque Sebastian me puxa para si apertando minha cintura em um tipo de aviso.

— Pessoal, essa é a minha namorada — depois de ter dito isso mais de 8 vezes, agora ele já está tão acostumado com a mentira que nem gagueja mais — Rony, essa é a exemplo.

— Espera, você disse namorada, pequeno Carter? — ah então esse é o tal do Rony.

— Disse, não é insano? — Claire quem responde Rony e se coloca ao lado dele o abraçando.

— Oh! Oh! Oh! — Rony a afasta de si e desconstrói todo aquele seu personagem de homem que vai te acertar um soco se você respirar perto de si; adotando um sorriso enorme e redondo — Ouviram isso rapazes? — o cara olha para o restante do pessoal que ainda estão cercando a mesa — O pequeno Carter agora tem uma namorada! — o homem quase que cantarola sem deixar de sorrir e percebo atrás de si cada um dos caras adotando sorrisos distintos — Vamos! Uma salva de palmas para a mais pequena ainda senhorita Carter! — sem estar esperando isso mal reajo quando a mão enorme de Rony segura no meu braço, me puxando para perto de si, apenas e somente para me tirar do chão exatamente como Sebastian havia feito no quarto antes, como se eu sequer pesasse algo.

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