Sempre acreditei em todos aqueles livros que li, onde os protagonistas se apaixonavam na parte dos olhos com olhos, até ter que sustentar os olhos de Sebastian mais que o necessário. Até descobrir que na verdade sustentar o seu olhar não só faz florescer coisas, ele ensurdece, aborrece, desnorteia. E se isso é o que todas aquelas personagens sentem então acho que preciso urgentemente mudar meu hábito literário, porquê não consigo acreditar que alguém que olhe dentro dos olhos de Sebastian encontre algo para chamar de amor. Ali só tem má intenções, disfarçadas de cantadas bem estruturadas. Para pessoas como ele, carinho significa sexo e prometi um dia pra mim mesma que nunca cairia nesse seu jeito de encantar cada uma das garotas que ele já levou para o nosso quarto, porém — e é exatamente nesse porém que sinto que vou me foder inteira — nunca gostei de ser desafiada ou pior; subestimada. E Sebastian ou é muito esperto para mudar sua tática de ataque comigo, ou é muito burro por achar que fazendo isso eu não perceberia.
— Fale, exemplo — Sebastian me puxa de todos meus pensamentos controversos e raspa a ponta do seu nariz na minha bochecha, conseguindo fazer com que meus olhos se fechem por um segundo, desfrutando do arrepio singular que ele consegue produzir — Quero ouvir da sua boca que acertei.
— Só tinha uma mentira e — recupero um pouco do controle, abrindo os olhos e encontro com os seus já fixos em mim — Você tem razão, eu odeio a cor laranja.
— Tem certeza?
— Absoluta — minto.
— Então diga na minha cara que me odeia — seus dedos que antes estavam queimando a pele entre a minha mandíbula e pescoço serpenteiam até os cabelos na minha nuca, criando uma trilha de arrepios que me fazem puxar o ar discretamente.
Sebastian faz com que o oxigênio entre nossos rostos se resuma a praticamente um fio de cabelo ao puxar meu rosto para mais perto do seu e meu corpo bobinho obedecê-lo como um fantoche.
— Eu odeio... — tentando ignorar a forma como meu corpo todo acendeu com essa proximidade, ou a forma como estou sentindo seu ar contra meu rosto; tento provar que ele estava errado, tento e estou quase conseguindo até suas covinhas surgirem e Sebastian revelar seu baralho cheio de As me impedindo de terminar uma simples frase.
— Quem, exemplo? — fecho os olhos no instante em que a mão de Sebastian que estava segurando a minha a solta e o moreno a guia até minha cintura, mas não faz questão de deixá-la esquecida ali, porquê sinto, mesmo que por cima do vestido, como brasa pura, seus dedos descendo em uma trilha que me faz respirar e expirar num nível desregulado até o tecido do vestido deixar de ser uma barreira e meu corpo passa a sentir todo o calor em potência maxilar que seus malditos dedos conseguem produzir — Quem você odeia? — Sebastian acaricia a pele da minha coxa e com a mão que ainda segurava os cabelos da minha nuca, me faz erguer a cabeça, apenas e somente para ele ter acesso ao meu maxilar e por mais que uma parte insana de mim mesma peça, ou melhor, implore pelo contato dos seus lábios ali; Sebastian apenas raspa a ponta do seu nariz pela região de uma maneira lenta, na mesma velocidade que sinto seus dedos subindo para dentro da saia do vestido.
Cada centímetro que o seu toque lento traça na pele da minha coxa, é um novo tipo de anseio que dispara em todos os pontos do meu corpo trairia. Chego a soltar o ar sem me importar com o ele escutar ou não quando Sebastian aperta a parte de dentro da minha coxa, a mesma parte que está muito mais próxima à uma região que ele nunca deveria ter se aproximado.
— Quero uma resposta, exemplo — sua voz adota um tom mais sério que o habitual e ainda que ele esteja segurando meu cabelo, consigo voltar a olhá-lo nos olhos, tentando respondê-lo só assim que eu o odeio, sim, eu odeio Sebastian e todo seu egocentrismo, odeio seus sorrisos diabólicos, seus cabelos perfeitinhos, sua forma de pensar que sempre vai conseguir o que deseja, odeio como mesmo conhecendo cada truquezinho seu meu corpo ainda é totalmente rendido a si, odeio o jeito como seus olhos nunca o deixam mentir, odeio que ele consiga provocar todas essas drogas de arrepios, odeio que mesmo que eu repita mil vezes pra mim mesma sei que no fundo sempre achei incrível a forma como Sebastian se dedica para um algo muito maior do que deixa transparecer.

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Em Cada Traço
RomantizmQuincie Wyne não vê a hora de terminar a sua faculdade em odontologia, por um único motivo; voltar a ler e estudar sem a presença do seu detestável colega de quarto, qual sua única missão consiste em tirar o sono, a paz e a tranquilidade dela, atend...