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Acho que dentre todas as milhares de pequenas coisas que fazem minha atenção ficar sempre voltando a Sebastian; o simples fato dele não esconder o caos presente nos seus olhos, nem mesmo quando está sorrindo é o que — mesmo que eu odeie admitir — sempre me fez observá-lo ainda mais, estando perto ou não. Como nesse segundo, onde não consigo desviar meus olhos do seu quase sorriso puxado de lado. E mesmo que pareça, não observo só a parte física de Sebastian, gosto de cada palavra não dita que vibra nos seus olhos. Gosto do detalhe das sombras presentes em cantos estratégicos nas suas bochechas, anunciando de antemão suas covinhas, que são tão terrivelmente atrativas, quanto o seu sorriso de fato. Gosto da forma como sua cabeça sempre pende um pouquinho para a esquerda quando está mesmo prestando atenção em uma conversa. Gosto da forma como sempre parece estar sério demais, até quando sorri com o vinco presente entre as sobrancelhas. Faz apenas um dia desde que visitei o inferno particular de Sebastian e descobri que as pessoas não saem de lá queimadas, mas sim com as pernas fracas e por isso sempre fazem de tudo para voltar. Dias desde que muito do que tudo que sempre pensei a respeito dele se resumiu a suspiros cada maldita vez que seus lábios encostaram nos meus. E pensar que só temos mais 6 dias para "usufruir" do segundo — terrível — acordo que fizemos; me deixa tão ansiosa quanto desconfortável, não era para as horas estarem passando assim tão rápido, pelo menos não agora que finalmente estamos descarregando nossa raiva... De um outro jeito. Porque ainda o odeio, na verdade, o odeio ainda mais agora justamente por querê-lo. Em todos os minutos e em todos os lugares. Droga.

Sebastian onde estava cruza seus braços, balançando sua cabeça em negação a algo que Rony e mais dois caras estão falando no semicírculo que eles criaram antes de virar seu rosto, sem pressa, fixando seus olhos nos meus. O moreno assume seu sorriso número 2 e sinto tanta raiva de mim mesma por não precisar de mais que dois segundos para conseguir visualizar e entender as legendas que seus olhos estão exibindo. Sim, estamos tratando tudo como um elefante na sala e não, a gente não está se importando nem um pouco com esse elefante. Na verdade, mesmo que a gente saiba que ele não é, o elefante parece tão minúsculo agora que se assemelha a um camundongo, que por hora escolhemos espantá-lo. Sebastian umedece seus lábios com a ponta da sua língua e espera até minha atenção retornar aos seus olhos, fazendo um único movimento com a cabeça em uma certa direção. Tão sútil, que qualquer pessoa que o visse de fora provavelmente nem perceberia, mas que ao meu ver se assemelha a um grito desesperado, o mesmo desespero que sinto formigar em todos os pontos que ele havia me beijado antes. Principalmente quando meus olhos vão para o lugar que ele acaba de apontar, entendendo tão rápido o significado daquela porta afastada; que um sorriso tão travesso quanto o qual estava no seu rosto acaba surgindo no meu. Então esse é o seu tal chamado de sexo, que ridículo. 

*

Escuto o barulho de algumas coisas caindo no chão com o baque que minhas costas fazem no segundo que se chocam contra a parede fina de madeira do mini almoxarifado, mas assim como Sebastian; não ligo para elas, estamos focados demais em apenas tocar o máximo possível de partes no corpo um do outro. Seus dedos ágeis apertando e levantando uma das minhas pernas conseguem fazer meus lábios produzirem um gemido contra os seus. Meu colega de quarto aproveita a deixa para primeiro sorrir e logo em seguida morder sem cuidado algum meu lábio inferior o puxando, enquanto seus dedos que mantinham minha coxa levantada escorregam para a parte de dentro dela, se aproximando perigosamente mais do meio entre as minhas pernas do que deveriam. Incentivada pelas pequenas descargas elétricas que seus toques estão produzindo; aproveito o detalhe de Sebastian estar curvado para enroscar meus dedos nos seus fios longos, os puxando e saboreando o som único e rouco que acaba deixando seus lábios, um gemido tão único que perco o controle do que estava fazendo. Meus dedos afrouxam o aperto e por alguns segundos nossos lábios se afastam, executando apenas o comando de auxiliarem uma função básica e simples do nosso corpo, mas que agora, nesse instante, com seus olhos passeando em cada centímetro que conseguem do meu rosto; respirar se transforma em algo difícil pra caramba. Sebastian como sempre eleva o grau do desafio assumindo seu sorriso com covinhas diabólicas e sem desviar seu olhar do meu começa a escorregar sua mão; começando a mapear todo o contorno da minha bunda. Puxo o ar sentindo o rastro que seus toques deixam para trás. Nesse momento nossas energias não criam apenas descargas, agora cada toque ou mordida que estou recebendo de Sebastian desencadeia milhares de faíscas, quais sabemos que muito facilmente se transformariam em fogo vivo, que queima sem se importar com o que. Reconheço seus dedos apertando minha bunda, como se a reivindicasse para si e recepciono seus lábios com os meus. Nunca achei beijos bonitos, nem mesmo quando eram descritos nos livros que leio, mas Sebastian de alguma forma faz com que toda vez que seus lábios encontram com os meus; seja o ato com mais presença e perfeição do mundo.

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