04 - medo

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Acho que na maioria das vezes, eu tenho vontade de retrucar todas as suas piadas. Não, eu não acho, eu tenho certeza. Só não quero, pois eu não teria forças para aguentar outro espancamento.

Todos os dias, eu me pergunto o porquê da minha mãe nunca sair daqui. Nunca vi ele bater nela, mas já ouvi os seus gritos agonizantes pelo corredor. Era como se fosse o corredor do desespero. Sempre que passo ali, meu coração acelera e o ar falta.

Eu continuava no mesmo lugar. O dia foi caindo e os pássaros provavelmente indo para os seus ninhos, passaram alinhados no céu, enquanto soltavam o seus barulhos lindos pelo céu rosado.

Um vento frio passou, fazendo com que as minhas cortinas dentro do cômodo voassem. Me levantei com um certo cuidado e me direcionei para dentro do cômodo. Fechei a porta de vidro, passando a chave, fechei as cortinas, me permitindo respirar fundo.

Andei até a cama, me sentando ali. Me encolhi com as costas na cabeceira da cama, e pude sentir o nó se formar novamente em minha garganta. Eu não conseguia ficar sem chorar, era chato, insuportável e agoniante para mim.

Eu estava com tanto medo.

— Espero que você morra do pior jeito possível. - cuspi as palavras, baixinho.

Me deitei na cama, abraçando as minhas pernas. Deixei com que as lágrimas do meus olhos, escorressem para a minha bochecha.

— Você não quer jantar? - a voz da minha mãe falou do outro lado da porta, o que me fez abrir os olhos

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— Você não quer jantar? - a voz da minha mãe falou do outro lado da porta, o que me fez abrir os olhos.

— Não estou com fome. - meus olhos passaram da minha porta, para o meu teto.

— Você precisa comer. - sua voz saiu em um tom preocupado ou eu apenas queria acreditar que era. — Seu pai e eu, iremos a um jantar, onde ele irá anunciar que sua filha, provavelmente, irá se casar com o don da máfia Rússa.

— Não estou pronta. - murmurei alto.

— Seu pai não gostaria de ouvir isso.

— O que ele quer escutar? - ri em um tom irônico. — Ele quer que eu fique feliz? - dei de ombros, incrédula. — Ele tá praticamente me entregando como se fosse ração pros cachorros grandes.

Me virei de costa para porta, fechando os olhos. Ela não disse nada, o que me fez soltar um suspiro pesado.

— Você será entregue como ração para cachorro grande. - a voz grossa do meu pai atrás da porta, me fez abrir os meus olhos rápido.

Me virei na velocidade da luz e encarei a minha porta, pedindo aos céus, para que ela não fosse arrombada por ele.

— Você não quer ter outra conversa comigo. Então, desça e coma. - ele parou, me fazendo estremecer. — Iremos sair e não sei se voltaremos hoje.

Paços se distanciaram da porta e quando percebi que eles não estavam mais ali. Soltei um suspiro de alívio. Eu não sabia quantas horas eu fiquei ali. Só sei que dormi um sono leve, pois acordei com a voz da minha mãe.

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