30 - Jardim

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Entrei no meu escritório batendo a porta com força. Me sentei na minha cadeira tentando me acalmar. Passei a mão no cabelo e abri a minha gaveta, tirando um maço de cigarro dali. Tirei o pequeno bastão da droga e levei até os meus lábios, acendendo sem demora alguma com o isqueiro.

Os papéis espalhados na minha mesa me fizeram bufar. Puxei a fumaça o mais forte que eu conseguia e soltei devagar, na tentativa de que tudo sumisse ao meu redor. Mas ao invés de tudo sumir, uma coisa permanecia. Permanecia nos meus sonhos, nos meus pensamentos e nas minhas memórias.

Sofia Martinez.

Ela era pior do que qualquer droga. Ela era viciante. Seu cheiro, o seu corpo grudado no meu, noite passada. O cheiro do seu shampoo. A imagem de Sofia no banheiro quando estava bêbada me fez ter sonhos que me fizeram acordar de bom humor. A primeira vez em que vi seu corpo depois de anos.

E eu não vou mentir. Que mulher que ela virou. E eu sei que ela também vai evoluir muito. Assim que Jackson colocou na minha cabeça que Jacob se enfiava debaixo do seu edredom todas as noites, eu não conseguia deixar de pensar que talvez ele também tenha visto o que eu vi.
Tocado, beijado e sonhado.

Eu estou completamente apaixonada naquela garota. Na verdade eu sempre fui. E eu não saberia o que fazer se soubesse que alguém estaria encostando nela a não ser eu. Eu acho que eu enlouqueceria. Sofia está sendo o motivo que me acorda de madrugada. O motivo que me deixa de bom humor em algumas das vezes e o motivo que eu quero continuar essa merda toda.

- Ei, cara! - Jacob entrou no meu escritório rindo. - desculpa, irmão. - ele se sentou à minha frente.

Eu bufei e o encarei. - o que você quer Jacob? - massageei minhas têmporas, tentando me manter calmo. - eu tô com cabeça pra você. E eu não sei se você viu a situação, mas você acabou de fazer não sei o que com a minha esposa.

- Relaxa, garotão. Eu não fiz nada com ela. - ele abriu um pirulito.

Semi-cerrei os olhos, sentindo meu coração acelerar quando vi a verdade no homem em que eu cresci.

Amen!

- bom, eu tenho uma notícia da infância da sua mulher. - Jacob deixou seus pés na minha mesa. - por algum motivo, ela não lembra quem ela beijou. - ele deu de ombros.

- ela não lembra? - Arqueei uma sobrancelha, totalmente confuso.

Meu coração apertou na mesma hora e o desespero tomou conta do meu corpo. Como assim Sofia se esqueceu?

- a cabeça dela apagou essa merda aí. Ela sabe que não foi o Matteo nem eu, o primeiro beijinho dela. Mas ela tem medo que seja você ou o Jack. - ele revirou os olhos. - deve ser por conta do trauma.

- então ela não lembra de nada? - passei as mãos no rosto.

Senti como se uma faca tivesse atravessado o meu peito. Então o que conversamos e fizemos naquela maldita cabana, foi apagado?

- ela não se lembra do pequeno incêndio. - ele falou em um tom de voz baixo. - mas sempre que tenta lembrar daquela noite. É como se ela sentisse o cheiro da fumaça.

- que merda. - murmurei passando as mãos no cabelo. - ela não lembra de nada... - fitei a minha mesa incrédulo.

- de nada irmão. - Jacob concordou com a cabeça, suspirando. - Giuseppe me ligou. Ele quer falar com você. - ele se levantou. - eu vou atrás da minha ex. Amanhã eu vou embora. - Jacob mandou um beijo no ar, o que me fez revirar os olhos.

Bufei estalando os meus dedos. Ouvi a porta sendo fechada e olhei em volta da mesa, vendo mil papéis espalhados. Eles sendo sobre plantas de casas compradas em alguns países. Papéis de dinheiros e lucros.

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