15 - menininho

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- não quero ficar aqui. - me sentei na cama, brincando com as mãos.

- sof...- ele respirou fundo. - Não quero discutir com você. Amanhã eu tô aqui e pronto. Mas sair daqui você não vai.

- Que merda! - murmurei, esfregando as mãos no rosto, sentindo meu peito apertar.

- pensa em uma coisa boa. - sua mão acariciou a minha coxa. - eu tô aqui. Você não está em um avião, pousando na Rússia. Você tá comigo. - o olhei, vendo-o sorrir.

- a pergunta é...até quando? - Me deitei na cama e Matteo se juntou a mim, entrelaçando os nossos dedos. Olhamos para o teto em silêncio.

- eu te amo. - ele sussurrou.

- eu também te amo...mais que tudo. - me virei de lado, passando o dedo na sua tatuagem do pescoço, que era uma pistola. - Você é a minha única família. O homem que deveria me ver como sua filhinha favorita, me vendeu. A mulher que me deu a luz, diz que me ama mas depois me ajuda com os machucados para que o meu marido não veja nada do que o meu papai fez. - fechei os olhos. - tô cansada...acho que de tudo.

- você é o meu mundo. Eu mataria e morreria por você. Somos só nós dois. - ele virou o rosto, olhando nos meus olhos. - monstrinha.

10 anos atrás

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10 anos atrás.

Era 31 de outubro. As janelas e portas do meu quarto estavam fechadas e mesmo debaixo do edredom pesado, eu conseguia ouvir as risadas e as pessoas falando no primeiro andar. Estava acontecendo uma festa para comemorar o halloween. E como ordem, papai me deixou presa aqui.

A chave do meu quarto rodou, e rapidamente a porta recebeu a minha atenção. Ela foi aberta devagar e logo Matteo entrou vestindo um terno, maquiagem de esqueleto e uma cartola. Ele parou e chamou alguém com as mãos, e logo outra pessoa entrou, vestida de pânico.

- Quem é você? - recuei um pouco. Mas ela não respondeu, Matteo deu uma última olhada e fechou a porta, a trancando.

- trouxemos roupas pra você. - Matteo sorriu animado, vindo em minha direção.

Então percebi. A pessoa segurava duas sacolas nas mãos. Matteo sentou na cama e a pessoa deixou as sacolas na minha frente.

- o que isso? - espiei um pouco.

- são roupas. Você vai usar pra sair daqui. - a pessoa finalmente falou, parecendo ser um menino.

Mordi os lábios e olhei pro meu irmão, que concordou com a cabeça em um aceno. Abri a sacola com cuidado e peguei com cuidado a peça de roupa que tinha ali. Era um vestido azul claro, com mangas que lembravam conchinhas.

- não conseguimos comprar um vestido igual. Mas é para lembrar o da Alice no país das maravilhas. - Matteo riu nasalado.

- era pra ser. - o garoto que eu não sabia o nome, deu de ombros. - você precisa ser rápida, Sofia. - ele afastou as sacolas e eu concordei com a cabeça, saindo de cima da cama.

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