23 - menos um

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- bom, eu não sei o que dizer. - suspirei cansada, olhando para o cachorro deitado na grama. - mas, eu tô com muita saudade. Desculpa, eu sei que faz só uma semana, e sei que você disse que ninguém ia me machucar - senti meus olhos arderam. - mas eu tô com saudades, Matteo. - mexi na grama. - olha, quando você puder, me liga? Eu ainda fico na esperança de ver você entrar pela porta daquele quarto idiota. - enviei a mensagem, vendo que apenas tinha sido enviada. - ah, que idiotice. - deixei meu celular na grama, olhando pro cachorro.

Ele se mexeu e abriu os olhos. Os olhos escuros, olhando diretamente pros meus. O cachorro bocejou e se sentou, balançando a cabeça.

- eu sou uma pessoa de sorte? - olhei para as correntes do cachorro. - ou uma idiota? - o dobermann latiu, o que me fez revirar os olhos.

Ele continuou parado, olhando para mim. Por um momento eu pensei que ele iria voar em mim. O cachorro me olhou com a cabeça tombada pro lado e de repente correu. Olhei rápido pro enorme cachorro que ia direto para a porta de vidro.

- ah, merda! - bufei me levantando.

Corri atrás do cachorro que passou pela porta e na mesma hora acelerei os meus passos e entrei dentro da casa, seguindo o barulho de suas patas pesadas batendo no chão e o som das correntes do seu pescoço. Sem ao menos perceber, entrei em um dos corredores que nem sabia que tinha ali. A última porta do corredor bateu. Parei de repente, sentindo meu corpo todo arrepiar, quando perdi o cão de vista.

- Jesus, se estiver me ouvindo, me livre de todos os fantasmas presos nessa casa. - olhei pro teto.

Respirei fundo e segui em passos lentos até a porta dupla de madeira. Abri uma das portas, olhando para o cômodo todo escuro.

- morte. - sussurrei. - você está aí? - fechei a porta devagar.

Tateei a parede à procura do interruptor. Acendi a luz e me virei lentamente. Na mesma hora, senti meu coração acelerar e um sorriso largo apareceu em meus lábios. Uma biblioteca. Algumas lâmpadas amarelas nas paredes estavam acesas. Várias prateleiras de livros de todas as cores e talvez de todos os gêneros. Andei lentamente pelo corredor de estantes, vendo no final da sala, um sofá enorme cinza com um travesseiro e um edredom.

Me aproximei mais, me sentando no sofá. Uma mesinha com uma garrafa de água e um copo até a metade com água dentro. Peguei o livro em cima do sofá. O príncipe cruel. Um óculos de grau jogado no meio da coberta e eu me perguntava quem era que estava vindo aqui.

- crianças nascidas como prole de fadas. Nunca precisam de roupa, nem nada. - li o livro e fechei, deixando no mesmo lugar.

Me levantei olhando em volta. Nunca fui fã de livros. Sempre me deixavam com sono, mas sempre tentava vencer essa batalha e ler alguns. Passei os dedos nas lombadas dos diversos livros. Olhei para cada prateleira, tentando achar algo mais legal. E foi então que meus olhos pararam em uma caixa redonda, em cima da prateleira à minha esquerda.

Olhei em volta a procura de alguma coisa que me ajudasse a pegar a caixa. Não achei nenhuma cadeira, mas vi uma vassoura atrás da porta. Corri até ela e a peguei. Voltei para a prateleira e subi os braços pra cima. Mexi com o cabo de madeira na caixa na intenção dela cair e caiu. A caixa decorada de rosa claro caiu no chão abrindo a tampa.

Me agachei pegando a caixa. Larguei a vassoura no chão e me ajoelhei. Era um pano rosa que tinha dentro. Peguei o tecido e dei uma olhada vendo uma camisola. Era branca e lembrava um vestido, com alças finas.

- que merda, achem ele. Custe o que custar, sei lá. Se virem! - a voz alta de Atlas no corredor me fez arregalar os olhos.

- merda. - embrulhei o vestido na mão.

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