Capítulo 12

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Abdiel narrando

Quando me virei para descer, comecei ouvir acusações que envolviam o nome de Ellie. Eu tenho que mudar esse meu jeito impulsivo. Parei na metade da escada e voltei para onde Ellie estava.

- Ellie, vim te buscar para ficar em um lugar melhor para filmar. Vem. - Peguei sua mochila do chão e estendi a mão para ela pegar, ignorando completamente as meninas ao redor dela. Quando Ellie me olhou, partiu meu coração. As lágrimas já tinham molhado todo o seu rosto. Me segurei para não demonstrar fraqueza.

- Obrigada. Eu posso ficar aqui mesmo. - Ela abaixou a cabeça e secou o rosto com as costas das mãos.

- Vai se arrepender se não vir, o ângulo de lá é muito bom. - Sorri para ela.

- Está bem. - Ela estendeu a mão segurou na minha.

- Aff. Será que ele sabe quem ela é? Que nojo!  - Uma patricinha cochichou com outra que estava ao seu lado. Eu juro que tentei não responder. Mas ainda não dominei meus impulsos.

- Sei, sei bem quem ela é. E você quem é? Não te conheço. - Encarei a menina que estava com mais outras cinco.

- Meu pai é um dos sócios dessa escola. - Ela mexeu no cabelo, após se gabar. - Essa garota aí é numa bolsista. - Falou a patricinha com a cara cheia de blush. - Tenho horror a pobre.

- E eu tenho horror a pessoas como você. Ter dinheiro não te faz melhor do que ninguém. Vocês acham que estão acima do bem e do mal, por isso eu prefiro pessoas como Ellie. Vem Ellie, o jogo já vai começar. - Entrelacei meus dedos nos dela e a puxei.

- Isso não vai ficar assim Ellie. - A garota gritou. Continuamos a descer as escadas.

- Desculpe, eu tenho que aprender a controlar meus impulsos. Sei que não era para eu me intrometer na sua vida na escola, mas foi mais forte do que eu. - Acabamos de descer e eu a arrastei para a lateral do vestiário, para ver como Ellie estava. A imagem dela chorando estava martelando na minha cabeça.

- Abdiel. - Ela me abraçou. - Muito obrigada. Eu não tenho como te agradecer. Eu não posso revidar, por conta da minha bolsa.
Mas você lavou a minha alma. - Ela me soltou do abraço e fungou, limpando o nariz com uma mão e sacando as lágrimas com a outra mão. Eu ainda estava parado, a ficha não tinha caído, é sério que ela tinha me abraçado? Ellie é espontânea, esqueço desse lado dela. - Que cara é essa? Foi só um abraço. Te peguei de surpresa?

- Sim. Não estou acostumado com isso. Tenho que manter minha fama de Bad boy. - Eu estava muito tenso.

- Ah é? - Ela pegou meus dois braços que estavam caídos na lateral do meu corpo e os levantou. Me abraçou novamente e eu deixei cair os braços em cima dela. - Me abraça de volta! Você tem que parar de ser tão rígido.

- Eu não consigo. Tenho que treinar isso.

- É só dobrar os braços. Vai! Está fácil. - Meu coração disparou.

- Olha, está quase na hora de voltar, depois nós treinaremos isso. - Ela me soltou e eu me afastei.

- Desculpe, acho que cruzei a linha. - Ela olhou para o chão e segurou uma mão na outra.

- Que linha? - Olhei para o chão, meio desnorteado. Olhei para cima, procurando a bendita linha.

- Não essa linha. Do limite. A linha do limite. - Ela sorriu para mim. Pelo menos ela tirou aquela cara de triste.

- A tá. Estou meio zonzo. Não estou acostumado com isso.

- Desculpe. Não vou te abraçar mais, vi que ficou desconfortável.

- Isso é estranho. Não estou acostumado com contato físico. Você entende?

- Perfeitamente. Eu também não estou acostumada com contatos físicos, mas eu sou muito espontânea.  - Ela sorriu. - O impulsivo e a espontânea, damos uma boa dupla.

- Eu tenho que me frear, já arrumei confusão por conta desse meu jeito. Por isso sou fechado. - Falei.

- Vamos treinar para controlar isso. Agora vai, o time já está em campo.

- Tá bom. Torça por mim. - Me virei para correr em direção a eles.

- Abdiel. - Ela segurou minha mão. Ela fez isso novamente .

- O que foi? - Olhei para ela surpreso. - Aconteceu algo? - Eu estava preocupado.

- Achei o máximo a palavra  na camiseta. - Ela sorriu com os olhos.

- Estou ficando criativo, não podia colocar seu nome, tive que arrumar outra coisa. Achei que cairia bem, garanto que essa memória vai ficar com você pelo resto da sua vida. - Sorri.

- Verdade. Tive medo de ler meu nome na camiseta. - Ela sorriu e cobriu a boca com a mão. - Vai lá, não vou te atrasar.

- Vai Tigors! - Falei.

- Vai Tigors! - Ela respondeu e levantou a mão com o punho cerrado, como alguém comemorando algo.

Corri em direção ao time. Me alonguei um pouco e logo começamos a correria. Cinco minutos de jogo e dois gols, meus.
Cada comemoração era levantada de camisa.
Os olhos de Ellie estavam brilhando.
Como me faz bem vê -la sorrir.
Após muitos gols o jogo terminou.
Meu time ganhou de 12x4. Corri até Ellie.

- Me espera um pouco, vou tomar banho.

- Vou andando para a sala. Pode fazer as coisas com calma.

- Mas, sua mochila está muito pesada.

- Eu aguento. Vou na biblioteca deixar os livros lá, depois vou para a sala. Não se preocupe comigo.

- Você vai machucar a sua coluna, me dê aqui a mochila, vou deixar os livros na biblioteca após terminar o banho.

- Você é engraçado e gentil. Obrigada pela importância.

- Você não pode se machucar nem ficar doente. Quem vai fazer minhas refeições se isso acontecer. - Sorri de um jeito sarcástico.

- Ah, então é isso. Só está me tratando bem pelo custo benefício? Só pra eu preparar suas refeições?

- Claro. Por que mais seria? - Falei, pisquei um dos olhos, peguei a mochila e sai andando em direção ao vestiário.

- Que absurdo! Você ainda concorda? - Escutei sua gargalhada.

Ellie é uma pessoa incrível. Nunca conheci alguém como ela, nunca imaginei conhecer ninguém assim. Ellie vê positividade em tudo e está sempre feliz, pra cima. Aprendo tanto com ela.
Tomei banho e fui até a biblioteca deixar os livros que minha amiga  tinha pego.
Repito para mim mesmo: Ela é sua amiga, não confunda as coisas.
Estou tentando controlar a impulsividade.

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