Capítulo 52

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Ellie narrando

Cheguei no meu apartamento e recebi uma notificação no meu e-mail, dizendo que a minha comida tinha sido aprovada. Dei pulinhos de alegrias. Tinha uma observação, eu teria que ser nutricionista de um jogador de futebol. Uma nutricionista particular.
Parei assustada e boquiaberta, isso é igual ao meu sonho.
No sonho não consigo enxergar o rosto do jogador de futebol, o rosto dele tem um clarão em cima, como se o sol batesse diretamente ali.
Pensei em ligar para Ian para contar a novidade, mas me contive. Ele com certeza irá ficar reclamando de eu ter que ficar viajando.
Vai falar que não vou ter tempo para ele e tals.

Guardei a minha ansiedade e tomei um banho relaxante. Amanhã começarei no meu novo emprego. Tomei um chá de Cranberry e sentei para estudar mais um pouco a culinária coreana e brasileira.
As horas passaram e nem percebi, já era quase noite.
Tinha umas cinco chamadas perdidas de Ian.
Liguei de volta e falei que estava em casa. Ele quis vir aqui, mas eu falei que ia descansar, pois teria um dia cheio amanhã.
Após muito insistir, ele desistiu.

Fiz Topokki para testar, como fiz muito, guardei o que sobrou no freezer. Até que ficou gostoso. Peguei algumas receitas coreanas e comecei a testar para ver se atendia ao meu paladar.
Após muito testar, guardei tudo no freezer e fui deitar.

A noite passou voando, quase perco a hora. Levantei em um pulo e me arrumei. Peguei o meu carro e fui para o hotel.
Ian mandou uma mensagem dizendo que estava chegando para me buscar, avisei que já estava no hotel.
Me apresentei ao metre e ele mandou eu ir para um endereço, o jogador tinha um jogo hoje e sua refeição seria lá.
Peguei o papel com o endereço e dirigi até chegar lá.
O jogo já tinha começado, eu fui direto para a cozinha e preparei a refeição. Tinha bastante verde e proteínas, após preparo, deixei na estufa e fui ver se o jogo já estava acabando. Queria servi-lo quando ele saísse.

Sentei na arquibancada, esperando os minutos finais.

Abdiel narrando

Em todos os jogos fico olhando para a arquibancada, na esperança de ver Ellie.
Se não fosse por ela, não teria conseguido ir tão longe. Sinto tanta saudade, se eu pudesse ter pelo menos um dia a mais com ela.
Olhei para a arquibancada no final do jogo e fiquei incrédulo com o que vi. Meu corpo paralisou.
Vi Ellie sentada, com um jaleco de nutricionista. Meu coração disparou de uma tal forma que eu perdi meus sentidos. Por um momento achei que estava ficando louco.

Acordei no hospital com um soro na veia.

- Olá. - Chamei a enfermeira.

- Sim. - Ela estava ajeitando meu soro.

- Eu posso ir embora? Já estou me sentindo melhor.

- Isso não é comigo. Tem que esperar o médico passar. E o senhor só pode sair depois que comer. Sua nutricionista está ali fora com a sua refeição, vou pedir para ela entrar.

- É sério isso? Vou ter que ficar plantado aqui? - Meu mau humor aflorou.

- Você está com desnutrição e hipoglicemia, quer mais o quê? - A senhorinha me lembrava a mãe de Ellie. Se senhora Helena fosse enfermeira, seria assim.

- Não tenho opção, né? Então manda ela entrar. - Me acomodei na cama e a enfermeira saiu, pedindo para a nutricionista entrar. Eu estava deitado de lado, tentando pegar minha bolsa pendurada no canto da parede.

- Com licença, senhor Abdiel. - Senti um arrepio da cabeça até a planta dos meus pés. Não sabia se virava ou se continuava de lado. - Aqui está sua refeição. -  A escutei colocar em cima da mesinha. - Precisa de ajuda para se levantar?

Eu estava ficando louco ou aquela era a voz de Ellie? Lembrei dela falando atrás do portão. Só aquela voz causava essas reações em mim. Controlei o choro e me virei aos poucos. Quase que a minha alma saiu do corpo quando a olhei.

- Ellie? - Meu coração disparou de um jeito que parecia que eu ia infartar. Meus olhos estavam arregalados.

- Se acalme, seu batimento está muito alto. - Ela colocou a mão no meu peito e me fez deitar. Enquanto isso olhava o monitor. Eu estava boquiaberto a olhando e as lágrimas estavam escorrendo no meu rosto.

- Ellie? - Eu não estava acreditando no que estava vendo. Segurei a sua mão no meu peito e tentei me acalmar. A crise de choro me sufocou, minha vista ficou embaçada e eu comecei a me debater. Parecia estar tendo uma crise convulsiva. - Não me deixe aqui sozinho, Ellie. Por favor, não vá embora. - Eu gritava para ela enquanto tentava me controlar.

- Eu vou ficar aqui. Agora tenta se acalmar. - Alguns médicos entraram e aplicaram medicamentos no soro. Fui desacelerando até dormir. Acordei depois de três horas, tentei levantar correndo, mas meu corpo estava estranho. Queria arrancar aquilo tudo e sair correndo. - Ei mocinho. Nada de levantar. - Ela colocou a mão em meu peito e me empurrou vagarosamente para deitar. O quarto estava pouco iluminado. Ela ajeitou o travesseiro embaixo da minha cabeça.

- Ellie? - Meu batimento começou a acelerar novamente.

- Olha, tenta se acalmar. Você vai ter um troço. - Respirei fundo.

- Ellie, me responde uma coisa: Você me conhece? Olha bem para mim. - Ela parou e me encarou com aqueles lindos olhos.

- Sim. Você é Abdiel e eu sou sua nutricionista.

- Você me conhece desde quando?

- Desde hoje. Não sou muito de ver jogo de futebol, me desculpe. Tenho estudado muito também, não tenho tenho tempo para ver televisão.

- Sempre estudando muito. - Falei, enquanto as lágrimas escorriam.

- O que o senhor disse?

- Nada de importante. Me chame de você, ok? Sou da sua idade.

- Sim. Como quiser. - Ela respondeu.

- Então foi você que fez aquele Ramen? -  Meus olhos estavam rasos de lágrimas, eu tinha que me controlar. Meus batimentos aceleraram novamente. - Ellie, se me colocarem para dormir novamente, vou te pedir um favor; Não me deixe aqui sozinho, por favor. Eu pago por isso, estou te implorando.

- Pode ficar tranquilo, Abdiel. Eu ficarei aqui com você. Não tenho nada de mais importante para fazer.

- Posso segurar sua mão? - Minha voz quase não saiu.

- Sim. - Ela estendeu a mão e eu segurei. Aquilo fez meus batimentos aumentarem freneticamente. A crise de choro veio e eu não quis controlar. Agradeci tanto a Deus, por Ele ter me dado uma segunda chance. Agradeci por Ele não ter permitido eu morrer nesses dias de dores. Segurei sua mão o mais forte que pude. Seus grandes olhos me observavam assustados.

- Você não sabe a saudade que eu estava sentindo. - Tentei falar mais alguma coisa, mas a minha voz embargou. Os médicos já tinham entrado novamente e me colocaram para dormir. Adormeci ali, segurando a mão de Ellie.

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