Capítulo 57

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Ellie narrando

É estranho essa vontade de cuidar de Abdiel.
Prometi para mim mesma que vou fazer esse "carinha" feliz, vou ser a amiga que ele precisa.
Temos vinte e dois um anos e nem vivemos nada na vida ainda. Ele tem que ser feliz e ter vontade de viver.

Dirigi até ao hotel que ele está hospedado, quando a porta do elevador se abriu levei um susto.
Uma histérica estava aos berros chamando Abdiel de bebê.
Mordi o lábio inferior, prendendo o riso. A cara que Abdiel fez foi hilária.

Não entendi como ele não deixa uma pessoa, que já o conhece, tocar nele e eu que o conheço há dois dias já até o abracei.
A tal da Anne também reparou isso, após ele me dar mão para me pôr para dentro.
Não sei porque, mas esse nome não me desceu.

- Desculpe o transtorno. Anne parace aqueles cachorrinhos de madame. Me dá nos nervos só de ouvir a voz dela.

- Ela é sua namorada ou já foi? - Senti uma pontinha de ciúmes. Olha como eu estava abusada.

- Deus me livre. Imagine essa voz o dia todo na cabeça. Você tem que conhecer a mãe dela, a voz é pior. - Anne tinha a voz fina e falava como uma pessoa mimada.

- Pelo jeito querem que você fique com ela. - Sentei na poltrona e sorri.

- Todos, menos eu.  - Ouvir aquilo me deu um certo alívio. - Isso é coisa da minha mãe. - Ele colocou a mão na testa. - Por que ela tinha que dizer que eu estava aqui?  Agora esse pinscher vai ficar me azucrinando.

- Pinscher? - Tapei a boca com a mão para não rir.

- Ri, não é com você, né? - Ele sorriu de volta.

- Eu tenho um que pega no meu pé também. Insiste que temos que ter algo a mais, mas eu só olho para ele como um amigo. - Falei de Ian.

- Quem é? Qual o nome dele? - Abdiel parecia enciumado.

- Se eu te conhecesse mais tempo, diria que você está com ciúmes. - Sorri.

- É só para eu apresentar para Anne. Vai que eles se apaixonam. Daí os dois largam dos nossos pés.

- Seria uma boa. - Sorri.

- Pode ficar a vontade, está bem? - Ele me mostrou a casa. - Aqui é a cozinha, aqui os quartos, a sala você já viu, aqui tem um banheiro e nos quartos também. Tem uma varanda aqui próximo a sala. Ele me deu a mão e em levou até lá. A vista era linda. - Se você quiser , pode ficar em um dos quartos, quando sair tarde do servido ou tiver que chegar muito cedo, já pode ficar aí.

- Muito obrigada.

- Depois vou no carro pegar sua mala, pode deixar aqui. Não tem problemas.

- Obrigada. Não vou tirar sua privacidade?

- Que privacidade? Eu nem sei o que é isso. - Ele enfiou as mãos no bolso.

- Você é engraçado.

- Você precisa de alguma coisa que está na mala agora? Está esfriando.

- Preciso, vou lá pegar um conjunto de frio. Pode fazer o que você ia fazer.

- Eu vou. - Ele se prontificou.

- Não precisa. Pode se arrumar. - Falei.

- Então grave a senha para você entrar. Está pronta para memorizar? - Ele sorriu.

- Sim. Pode falar. - Olhei atenta.

- É a data do meu aniversário. A mesma senha que a sua.

- Mentira! - Tapei a boca e gargalhei.

- Pois é. Essa data tem muita importância para mim, tem muito significado.

- Como pode tanta coincidência?

- Ainda bem que fiquei o dia todo com você, daí você viu que não deu tempo de mudar a senha.

- Verdade. Mas eu acredito no que você fala.

- Dê uma olhada na minha identidade, daí você vai ver que  é meu aniversário.

- Eu acredito em você. - Sorri. - Vou lá buscar um conjunto de frio, já volto.

- Vou tomar banho. Se quiser usar algum banheiro, fiquei a vontade. Tem toalha em todos eles.

- Está bem, muito obrigada.

- Traz a mala toda. Pode deixar aqui.

- Está bem. - Saí e peguei o elevador. Ao chegar na garagem do hotel meu celular tocou. Era Ian.

- Oi, onde você está?

- Ian, estou trabalhando.

- Até essa hora? Você já viu as horas?

- Ian, escuta. O meu serviço é diferente do seu, ok? Vou ficar uns dias fora, vou ter que acompanha-lo.

- Você é a nutricionista ou a acompanhante dele?

- Olha só, eu tenho mais o que fazer. Tchau. Desliguei na cara dele.

Ian era sem noção, as vezes. Com qual direito ele pergunta se sou acompanhante de Abdiel?
Peguei a mala e fiquei com aquilo na cabeça. Caminhei em direção ao elevador, apertei e fiquei esperando o elevador abrir as portas para eu entrar.

- Ei! - Uma voz feminina ecoou atrás de mim.

- Sim? - Era a tal da Anne.

- Deixa eu te perguntar, de onde você conhece o Abdiel?

- Conheço daqui mesmo. Mas eu não sou de ficar falando da minha vida. Com licença.

- Ei, não gostei nada de ver você segurado a mão dele.

- Aí você tem que reclamar com ele, foi ele quem segurou a minha, só retribui. Com licença. - O elevador abriu as portas e eu entrei. Dei um tchauzinho para ela e as portas se fecharam.

Que garota irritante. Bem que Abdiel falou. Saí do elevador e Abdiel já estava no corredor.

- Aconteceu alguma coisa? - Ele estava de calça jeans e ainda vestia o casaco de tricô. Vi que ele tinha uma tatuagem na lateral do corpo, na altura da costela.

- Anne me parou para falar comigo. Queria saber de onde te conhecia.

- Vou ter que dar um basta nisso. Desculpe.

- Não precisa se desculpar, eu entendo perfeitamente. Um cara bonito e rico como você, qual mulher não iria querer correr atrás?

- Então você correria atrás de mim? - Ele sorriu.

- Talvez. - Me fiz de difícil. - Acho que você não é muito o meu tipo.

- Sério? Que coisa, heim!

- Você é muito famoso. Eu sou do tipo ciumenta, não daria certo. Se bem que nunca namorei para saber, mas eu acho que não daria certo.

- É sério? Você nunca namorou?

- Sim. Pelo menos nesses quatro anos . - Sorri.

- Vem. Vamos entrar. - Ele foi na frente, sorrindo, abriu a porta para eu entrar. - Vou ligar aqui para minha mãe, um minuto. - Pensei que ele ia sair de perto de mim para falar no celular, que nada.

- Quer que eu espere lá fora? - Perguntei. Ele fez que não com o dedo.

- Olá mãe, tudo bem? Eu preciso que senhora suma com Anne daqui.
Eu sei que a senhora se preocupa, mas ela começou interrogar a minha nutricionista. Eu não tenho nada com Anne, então não quero que ela se meta na minha vida.
Estou te pedindo porque não quero ser grosso.
Até mais, fica bem.

Eu escutava a conversa e fingia mexer no celular. Ele nem esperou a mãe responder.

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