Capítulo 72

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Abdiel narrando

Meu coração estava tão acelerado, quatro anos sem subir em uma moto.
Passou um filme na minha cabeça, lembrei do primeiro dia em que subi em uma moto,das ida e vinda sozinho, de quando carreguei Ellie pela primeira vez, do dia que sai da escola com raiva por ciúmes de Ellie com Ian.
Nesse dia ela machucou o pé e eu a levei para o hospital.
Lembrei dela sorrindo das vezes que eu a levava da escola, quando eu acelerava e freava um pouco, isso a fazia ir para frente e para trás.
Lembrei do dia do acidente, o sorriso bobo se transformou em lágrimas. Lembrei da moto caída de um lado, Ellie de outro e eu de outro.

- Ellie, acho que não consigo. - Me abaixei perto da moto e escondi o rosto nos joelhos. Meu coração começou a disparar.

- Eu te carrego até quando você estiver pronto para me carregar. - Ela abaixou perto de mim para sussurrar. - Vem, vou te levar. - Ela segurou em minha mão e eu a segui. A moto foi posta do lado de fora da loja. Estávamos com os capacetes nas mãos. Ela sentou na moto, antes de colocar o capacete ela me falou: - Você experimentou minha comida a primeira vez no restaurante que eu trabalhava, você gostou tanto do sabor que pediu até para viagem. - Ela sorriu para mim. - Daí no outro dia você apareceu com um capacete para mim, um presente que era meu mas só podia usar com você.

- Eu te amo. - Só consegui falar isso. O choro não deixava minha voz sair.

- Eu amei o capacete com orelhinhas. Deve ter dado trabalho procurar algo tão específico. Lembro que você teve que sair muito cedo para procurar, pois me mostrou o capacete  antes da aula. Você era da mesma sala que eu e Ian. - Ela abriu a boca em forma de O, após lembrar que éramos da mesma sala.

- Ellie, estão feliz minha vida. Você está lembrando com riqueza de detalhes.

- Aquele safado me fazia fazer os trabalhos e deveres dele. Não acredito nisso! - Ellie se referiu a Ian. Ah, deixa ele aparecer na minha frente. Ela fez a cara de brava mais linda do mundo.

- Você tem muitos motivos ainda, para querer bater em Ian. Junte todas para dar uma coça só nele. Daí apanha de uma vez só.

- Que raiva! - Ela sorriu. - Mas estou feliz por estar lembrando. Agora deixa de me enrolar e sobe. - Ela colocou o capacete. Sentei atrás dela, coloquei o capacete e grudei em sua cintura. Ela gargalhou. - Segura!

Ellie ligou a moto e meu coração acelerou junto. Me tremia todo.
Ela é muito prudente no trânsito. Deitei a cabeça de lado em suas costas e fechei os olhos. Eu nunca tinha sido carregado, em uma moto, por ninguém. Ela parou em frente ao Château de Chenonceau, tinha um pôr do sol acontecendo. Descemos da moto e ficamos admirando aquele espetáculo.

- Ellie, obrigado por isso. - Falei olhando o pôr do sol, sentado ao lado dela.

- Amor, eu te amo. - Ouvi-la me chamar assim me faz perder a noção das coisas. Segurei seu rosto e tomei seus lábios. - Você é minha vida, te amo.

- Agora vamos, você tem que se alimentar e descansar. Meu artilheiro do Champions. - Ela levantou e me puxou pela mão.

- Sou seu artilheiro, é? - A puxei pela cintura e mordi o lábio inferior vagarosamente.

- Sim, você é meu. Só meu. - Ela segurou meu rosto com as duas mãos e me beijou.

- Sou todinho seu. Pode fazer uso de mim. - Abri os braços e ela me abraçou. Peguei o celular para filmar nosso primeiro dia com a moto na França.

- TE AMO, ABDIEL! - Ela gritou enquanto a filmava.

- TE AMO, ELLIE. - Virei a câmera para nos filmar. Ela me abraçou por trás e deu um beijo em meu rosto.

- Meu namorado é a coisa mais linda desse mundo. Obrigada por seu amor, te amo. - Ela sorriu para a câmera, virei o rosto para que ela pudesse beijar minha boca.

- Olha quem fala de beleza. Olha isso, como você é perfeita. Te amo. - Ela virou meu rosto em sua direção novamente e tomou meus lábios. Abaixei a mão e virei de frente para ela. A puxei para mais perto, o beijo de Ellie estava me enlouquecendo.

- Agora vamos, você tem que descansar. - Ela colocou o capacete e eu coloquei também. Sentei agarrado nela e fomos em direção ao nosso apartamento. Até que é bom eu ter trauma, só assim estou andando agarrado nela.

- Acelera um pouco mais? -  Pedi para ela.

- Tem certeza? - Ela gritou para mim.

- Sim. - Tremi um pouco, estava nervoso.

- Segura. - Ellie deu uma cortada e acelerou. Que sensação incrível. Ela fez igual eu fazia com ela e isso me fez sorrir. Ela acelerava e freava um pouco, me fazendo bater em suas costas. - Lembra disso? - Ela gritou para mim.

- Lembro. Obrigado minha vida.

- Eu que te agradeço por tantas lembranças felizes. - Abri os braços, sentindo o medo indo embora aos poucos. Um dia estarei confiante para voltar a pilotar.

- Te amo Ellie! Gritei com os braços abertos. A agarrei pela cintura e assim permaneci, até chegarmos no hotel. Ellie estacionou do lado do seu carro.

- Gostou do passeio? - Ela sorriu para mim.

- Sim, obrigado. - Ali não podíamos trocar carinhos, a maioria das pessoas do time moram no mesmo hotel, inclusive Dereck e outros profissionais de saúde do time.

Subimos de elevador e descemos no nosso andar. Abri a porta apressado, Ellie entrou e acendeu as luzes. Entrei e tranquei a porta.
Ellie me derrubou no sofá e tomou meus lábios. Como ela consegue ser tão incrível assim? Não me canso de sentir seus lábios nos meus.

Após muitos beijos, ela levantou para preparar nossa refeição. Após nossa refeição, tomamos banho e deitamos agarradinhos. Logo pegamos no sono.

A noite passou voando, mas eu descansei bem. Não preciso mais de remédios para dormir.
Dei um selinho nela e pedi para Ellie ficar na cama, logo voltaria.
Ela obedeceu? Não.
Levantou e foi fazer meu café da manhã. Tomamos café juntos e voltei com ela para o quarto, a deitei e dei um selinho.

- Te amo. - Ela falou.

- Eu que te amo. Obrigado por cuidar tão bem de mim.

- Você é o meu amor. Cuidado.

- Terei cuidado, descansa. Te amo. - Dei outro selinho nela e sai do quarto.  Peguei a bolsa com as coisas e desci para esperar o carro que nos levaria.

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