Capítulo 40

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Ellie narrando

Entrei no quarto e minha mãe estava lá, inconsciente.
Passei a mão em seu braço e dei um beijo em sua testa.

- Estou aqui com a senhora, trate de ficar boa logo. Está querendo me deixar mais cedo? - Tentei controlar as lágrimas. - Ainda faltam três meses, não faz isso. - Sequei as lágrimas. - Vou sentar aqui no cantinho. - Sentei na poltrona e me permiti chorar quietinha.

No horário do almoço, Abdiel mandou  uma foto da marmita, disse que foi a nutricionista dele quem fez.
Respondi para ele comer tudinho.

Como eu queria que ele estivesse aqui, preciso tanto do seu abraço.
As horas se passaram, trouxeram minhas refeições no quarto.
Minha mãe continuava dormindo.
Senhor Bittencourt pediu para entregar algumas roupas para mim, acho que já sabia que eu não ia querer sair dali.
Abdiel fez uma chamada de vídeo. Entrei no banheiro para falar com ele, dei a desculpa de que estava no banheiro do quarto da minha mãe. Que por sinal era. Como ele não conhecia, acreditou.
Seu rosto estava abatido, parecia estar cansado e triste. Tentei coloca-lo para cima.
Ele deitou e me mandou um beijinho com a mão, disse que irá sonhar comigo.

- Te amo, vou sonhar com você também.

Respondi.

- Te amo. Falta pouco para ficarmos juntos novamente. Amanhã te ligo novamente. - Ele sorriu daquele jeito que faz meu dia mais feliz. 

- Está bem. Descansa.

Abdiel desligou e eu desabei. Estou com tanto medo, com medo e sozinha.
Peguei a manta e deitei na poltrona do quarto. Fiquei ali observando o monitor, até meus olhos começarem a pesar.

Acordei na madrugada com a minha mãe se mechendo muito, os monitores estavam todos disparados. Antes que eu pudesse levantar, uma equipe médica entrou. Me pediram para esperar do lado de fora, pois teriam que fazer um procedimento.
Sai da sala e fiquei no corredor.
Os médicos demoraram para sair, o pânico foi me dominando. A crise de choro veio. Me abaixei e abracei minhas pernas, encostei a cabeça no meu braço e deixei a lágrima rolar.
Só queria que aquilo tudo passasse logo, queria que Abdiel estivesse aqui.

Senti uma mão quente no meu ombro. Levantei a cabeça e achei estar vendo miragem. Será que dor estava me fazendo ver coisas?

- Oi. Como você está? Vem aqui.

- Abdiel? Você está aqui mesmo?

- Sou eu meu amor. - Ele me levantou e me abraçou.

- Ah, como eu estava precisando do seu abraço. - Solucei abraçada com ele.

- Por que você não me falou nada? Eu falei que vou cuidar de você. Você não pode aguentar dores sozinha, estou aqui para dividir com você.

- Você tem sua vida, você tem seus sonhos. Não pode parar por minha causa.

- Ellie, olha para mim. - Ele segurou meu rosto. - Você é o meu maior sonho, você é minha vida. Você ainda não entendeu isso? Se essa oportunidade se passar, outras apareceram. O que não pode é você tentar ser forte sozinha. - Ele me abraçou. - Você é minha prioridade. Eu te amo.

- Obrigada. Obrigada por estar aqui comigo. Te amo. - Tentei controlar o desespero. - Como você descobriu que eu estava em um hospital?

- Você acha que eu não conheço banheiro de hospital? Nesse hospital em particular, já fiquei várias vezes internado por desnutrição. Como já falei, eu sou péssimo para comer. Sempre tive desmaios e outros piripaques, devido a falta de alimentação.

- Como você conseguiu chegar tão rápido?

- Sai igual a um desesperado direto para o aeroporto. Ainda bem que o avião já estava saindo. Peguei meu carro no aeroporto e liguei para o senhor Bittencourt, eu sabia que só poderia ter sido ele que levou  sua mãe para o hospital. Aquele homem é incrível. Daí ele me passou o endereço.

- Realmente, ele é incrível.

- Você se alimentou? Hum? - Ele segurou meu rosto com as duas mãos e me olhava nos olhos.

- Sim. - Olhava em seus olhos também. - Me beija, por favor? - Ele se aproximou vagarosamente e tomou meus lábios.

- É horrível ficar sem você. - Ele falou depois de me beijar. - Tenho necessidade de você, está tudo muito aflorado em mim, está tudo muito intenso. Eu não sei lidar com isso. - Abdiel respirou fundo.

- Eu sei como é. - Ele me abraçou.

- Não esconda suas dores de mim, por favor.

- Obrigada por cuidar tão bem de mim. - Afundei meu rosto em seu tórax.

- É você quem cuida de mim, já te falei.

- Com licença. Senhorita Ellie? - O médico veio até nós.

- Sim. - Abdiel me soltou do abraço.

- Estabilizamos sua mãe, mas ela está entubada. Vamos tentar operar amanhã para ver se ela sai dessa. Se não operamos ele corre risco do mesmo jeito, então vamos optar por operar e tentar salva -la.

- Obrigada doutor. - Agradeci.

- A senhorita não poderá ficar com ela. Só depois da cirurgia, quando ela for para o quarto.

- Vou leva-la para minha casa. Obrigado doutor. - Abdiel apertou a mão dele.

- Pera aí, eu te conheço. - O médico tentava lembrar de onde o conhecia.

- O senhor desnutrido. Esse foi o apelido que o senhor me deu.

- Ah, isso mesmo. - O médico e Abdiel sorriram. - E como está a alimentação? Tem tempo que você não aparece por aqui.

- Minha namorada está cuidando de mim. A comida dela é maravilhosa. Estou até fortinho, está vendo? - Ele mostrou o braço.

- Está com a aparência saudável mesmo. Que bom que arrumou alguém e que ela cuida de você. Estou feliz por vocês terem um ao outro. Leva essa menina para descansar e vê se descansa também, parece estar cansado. Se cuidem e se alimentem.

- Pode deixar. Obrigado, mais uma vez. - Abdiel falou e apertou a mão do médico novamente.

- Obrigada doutor. - Abdiel passou o braço por cima dos meus ombros e me puxou para mais perto dele.

- Vamos? - Ele olhou para mim.

- Sim. - Ele deu um beijo em minha testa. Fomos caminhando em direção ao elevador. Descemos até o estacionamento, Abdiel abriu a porta do carro para eu entrar e deu a volta entrando do outro lado.

- Vamos descansar um pouco, daqui a pouco voltamos. - Ele puxou a minha mão e deu um beijo. - Vou te levar para a minha casa por que é mais perto daqui.

- Está bem meu amor. Obrigada por tudo.

- Eu que te agradeço.

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