Abdiel narrando
Minha mãe teria que resolver o que ela arrumou.
Ellie se arrumou com uma calça jeans e um tricô de gola alta. Eu também estava vestido parecido com ela. Colocamos um sobretudo por cima e saímos.- Pronto para se divertir? - Ela estendeu a mão para eu bater.
- Let Go. - Respondi, batendo em sua mão.
Chegamos no parque, Ellie estacionou o carro e fomos andando em direção as luzes coloridas.
Andamos na roda gigante, eu me senti uma criança de dez anos. Nunca me diverti tanto em um parque.- Está gostando? - Ela me perguntou.
- Sim. Estou sim. E você? - Ela respondeu que sim com a cabeça.
Fomos em todos os brinquedos que podíamos. Ellie sorria de uma forma descontraída, eu faria qualquer coisa para vê-la sorrir assim todos os dias. Ela me fez comer hambúrguer na rua. Até que gostei.
Tenho até medo de estar muito feliz, dizem que a alegria dura pouco.
Ficamos ali até o parque fechar, valeu cada segundo.- Vou te levar em casa. - Ela falou.
- Eu bem que queria dizer que não precisava, mas meu celular está sem carga, não tem como chamar um carro.
- Eu faço questão. Falei que ia cuidar de você. - Ela sorriu.
- Muito obrigado. Você é um anjo.
- Só estou fazendo minha função. Você não tem amigos?
- Não tenho. Você quer ser minha amiga?
- Quero. - Ela sorriu. Fomos andando em direção ao carro. Entramos e continuamos a conversar. Ellie contou sobre sua vida, nesses quatro anos.
- Pode entrar. - Abri a porta de casa para ela entrar.
- Agora que você está seguro, já vou indo.
- É sério que você já vai? Pode ficar aqui se quiser. Tem mais dois quartos, vazios. - Senti meu corpo ficar estranho, só de ouvir que tenho que ficar longe dela eu adoeço.
- Você está bem, Abdiel? - Ellie se aproximou de mim. - Você ficou pálido de uma hora para outra. - Ela colocou a mão em minha testa. - Você está ardendo em febre.
Ellie me ajudou a chegar no quarto. Me ajudou a tirar as meias e a calça, minha cabeça doía muito.
- Desculpe por isso. Eu estava de cueca box na frente dela.
- Não se preocupe, já vi muitas pessoas assim. Minha profissão me constrange algumas vezes. - Ela sorriu.
Entrei no banheiro e acabei de tirar a roupa. Temei um banho, mas o frio estava me congelando.
- Ellie, me ajude? - Falei do banheiro. Minha vista estava escurecendo. Foi só o tempo de eu vestir a cueca e segurar na pia.
- Posso entrar? - Ela bateu na porta. - O que está acontecendo? Vem aqui, você tem que deitar.
- Estou com muito frio. - Eu estava sem camisa. Ellie me deitou e me cobriu. Mostrei onde estava o remédio de dor e febre. Ela trouxe com água.
- Como vou e deixar você assim? - Ela passou a mão no rosto.
- Fica aqui comigo? Pelo menos até eu dormir.
- Está bem. - Minha vista escureceu e eu apaguei.
Ellie narrando
Nunca me diverti tanto na vida. Não tenho lembranças felizes, só tenho algumas tristes e esse vazio dentro de mim.
Abdiel e eu parecíamos duas crianças no parque de diversões, o sorriso dele é tão perfeito.
Estou feliz em poder fazê-lo sorrir.
Após o parque fechar, fomos para a casa dele.
Eu ia deixa-lo em casa e ir embora, amanhã bem cedinho estaria de volta.O rosto de Abdiel ficou branco, seus lábios perderam a cor. Isso me causou espanto, quando coloquei a mão em sua testa senti que ele estava queimando de febre.
O ajudei a tirar suas meias e sua calça. Evitei que ele abaixasse a cabeça. Ele tomou banho com a aporta destravada e eu fiquei no quarto dele, esperando o banho acabar.Ele tomou um banho bem rápido. Ouvi sua voz fraca me chamando, perguntei se podia entrar no banheiro.
Estava receosa dele não ter conseguido vestir pelo menos a cueca, para minha alegria, tinha vestido.
Ele estava agarrado na pia, parecia que sem aquilo ia desabar.
O ajudei a chegar na cama, Abdiel se queixava que as vistas estavam escurecendo.
O deitei e fui buscar os remédios e a água.Eu não poderia ir embora e deixar uma pessoa assim.
Ele pediu para eu ficar pelo menos até ele dormir.
Concordei e ele desmaiou.- Ai meu Deus! O que eu faço? - Passei a mão no rosto. - Fui no armário e peguei uma blusa para ele. O tempo estava muito frio.
O descobri e tentei vestir a blusa nele. Enfiei em sua cabeça e peguei um braço para enfiar na blusa. Ao pegar o outro, congelei olhando o que estava na sua costela.
Tinha uma tatuagem de nutricionista, a data de aniversário dele e meu nome estava lá, meu nome estava lá.
Como assim? Levantei assustada. Coloquei as duas mãos na boca, meu coração parecia que ia sair pela boca.
Quem era Abdiel? Tive vontade de sair correndo.
Acabei de vestir a roupa nele e o cobri.- Ellie, fica comigo. Por favor. - Ele segurou o meu braço. Seus olhos estavam entre abertos. - Eu preciso de você perto de mim.
- Eu não vou pra lugar nenhum, pode descansar. Vou ficar aqui com você. - Ele puxou o meu braço e eu caí deitada do lado dele.
- Desculpe, eu tenho medo de você sumir. Só assim vou conseguir descansar. Fica aqui comigo, eu te imploro.
- Está bem. Vou ficar aqui. - Ele enfiou o braço embaixo da minha cabeça e me puxou para perto dele. Fiquei imóvel, ele só estava de cueca e blusa. - Pode relaxar, só quero ter certeza que você não vai sumir e me deixar novamente. - Ele acabou de falar e apagou.
Abdiel dormiu agarrado em mim. Tateei a cama procurando meu celular. Eu tinha que ter uma selfie disso, apesar de estar muito sem graça.
Peguei o celular e tirei uma selfie. Vai que ele me processa por estar agarrada nele, ele é o senhor intocável. Tinha provas que foi ele que me abraçou.Fiquei por algumas horas assim, estava tão frio que até agradeci o quentinho dele.
Abdiel começou a suar, o acordei para tomar outro banho. Ele estava visivelmente debilitado.
Após o banho , ele se vestiu e deitou novamente.- Fica comigo, por favor. Eu te pago.
- Nem tudo é o dinheiro, só quero que fique bem. - Ele me puxou e me abraçou, eu estava virada de frente para ele. Meu rosto ficou na altura de seu peitoral. Seu cheiro vinha direto no meu nariz, que cheiro maravilhoso.
- Você sempre cuidou de mim sem se importar com você. Obrigado por existir. Eu estava com tanta saudade de dormir assim com você. - Uma lágrima rolou no canto do olho dele e escorreu até o meu rosto.
Me senti tão reconfortada naquele abraço, como se eu precisasse daquilo. Apesar de não entender muito bem o que ele falou, relaxei e dormi agarrada em Abdiel.
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Remember
RomanceRemember A vida é feita de lembranças, sejam elas boas ou ruins. A vida é uma coleção de momentos. O que passamos na vida nos impulsiona a conquistar coisas e chegarmos em lugares altos. Nossa memória tem o poder de guardar tudo o que passamos. T...