Abdiel narrando
A sentei na moto e fiquei segurando. Após colocar o capacete nela, sentei na moto e coloquei o meu capacete.
- Passe os braços ao redor da minha cintura. - Como ela demorou, me virei um pouco para trás e peguei o braço dela. - Chega um pouco mais para frente. - Ela se ajeitou. Passei um braço dela por minha cintura e logo peguei o outro, passando por minha cintura também. Fechei os olhos sentindo aquilo, era estranho sentir o abraço de Ellie, mesmo que contra a vontade dela. Tê-la muito próximo assim fez meu coração acelerar. - Se segura.
Acelerei a moto e ela se agarrou em mim. Com o tempo acho que a dor aumentou, pois senti seu corpo tremer e ela me apertou um pouco mais. A levei no hospital mais caro que tinha na região, eram especialistas em ortopedia.
A peguei no colo, após tirar os capacetes. Caminhei até a recepção do hospital.- Boa tarde. Em que posso ajudar? - A recepcionista do hospital nos atendeu.
- Boa tarde. Ela caiu e machucou o pé, está roxo e inchado.
- Vou fazer o cadastro, vou pedir que alguém traga uma cadeira de rodas. - Em menos de um minuto, já tinha alguém com a cadeira de rodas. A sentei e ficamos esperando nos chamar.
- Está doendo muito? - Me abaixei em sua frente para perguntar. Pois as lágrimas estavam escorrendo em seu rosto.
- Está doendo muito. - Ele virou um pouco o rosto para o lado para eu não vê-la chorando.
- Já vão te atender. Pior se implicarem, pois ainda sou menor de idade. - Cocei a cabeça, estava balançando as pernas pelo nervoso. Tentei pensar em um jeito.
- Abdiel, o que houve? - Um amigo do meu pai, que era médico, entrou na recepção e me avistou.
- Olá, tudo bem com o senhor? Essa e minha amiga Ellie, ela caiu e machucou o pé.
- Posso dar uma olhada, mocinha? - Ele abaixou na frente dela e mexeu no seu pé para um lado, ela fez uma cara feia. Ele apertou o tornozelo dela, ela deu um grito e as lágrimas rolaram mais ainda. - É uma luxação, mas o nervo está torcido. Vai demorar de 2 há 6 semanas para melhorar.
- O quê ? Não posso ficar esse tempo todo em casa, preciso trabalhar. - Ellie falou olhando para nós dois.
- O trabalho vai ter que esperar. Vem, vamos para a sala de raio x. - Disse o médico. O maqueiro veio para empurrar a cadeira.
Entramos para fazer o raio x e realmente era o que ele falou, menos mal que não quebrou nada.
O pé de Ellie foi engessado, até no joelho. Ela foi encaminhada para a sala de medicação, pois estava com muita dor.- Obrigada doutor. - Ellie o agradeceu.
- Agradeça a esse menino aqui. - O médico me abraçou. - Podia piorar, se ele não te trás logo. Melhoras, qualquer coisa é só falar.
- Obrigado, doutor Arthur. - Falei.
- Cuide bem dela. E você cuide bem dele. - Ele saiu da sala.
- Ellie, desculpe pela minha estupidez. Não sei o que está acontecendo comigo. Sou impulsivo, mas agora está piorando. Não sei se é meu instinto de proteção que está aflorado, isso é muito novo para mim.
- Te peço desculpas pelo jeito que me comportei mais cedo. Guarda uma coisa, eu nunca vou ficar a favor do Ian e contra você. Você é meu amigo. - Ouvir aquilo aqueceu meu coração. - Não quero que você se meta em encrencas por minha causa. Eu me preocupo com você.
- Não precisa se preocupar comigo, ok? Isso de Ian e eu já é antigo. Eu já tive uma briga com ele, por isso saí da escola. Nós dois repetimos de série no ano da briga, ele por não voltar à escola e eu por meus pais viajarem muito. Cá estamos, nós dois na mesma sala. Eu não suporto esse jeito dele, acha que todos tem que o reverenciar.
- Agora está explicado porque ele piorou comigo, está me usando para te atingir. - Ela riu.
- Por isso relutei para me aproximar de você. Eu já sabia que ele faria isso. Desculpe.
- Sem problemas. Só não quero te causa problemas. Se ele falar com o pai dele e eu perder a bolsa, não vou sofrer. O que vai me fazer sofrer é ver você em encrencas.
- Pode ficar tranquila que você não vai perder sua bolsa. Disso eu tenho certeza. - Sorri para ela. Aliás, meu pai é o dono da escola. O pai de Ian é apenas um dos investidores. Mas não contei isso pra ela.
- Por favor, não se meta em confusões por minha causa. Eu te imploro. - Os olhos dela estavam tristes.
- Se for preciso eu vou, não posso te prometer isso. Consegue viver com isso? - Fui sincero.
- Eu tenho opção? - Ela sorriu para mim.
- Não, não tem. - Sorri de volta.
- Vou fazer o quê? O jeito é aceitar. Podemos tirar uma foto? Meu primeiro gesso. - Ela levantou um pouco a perna.
- Com certeza. - Peguei o meu celular e ela pegou o dela. - Aqui estamos com Ellie e seu primeiro gesso. Como está se sentindo? Vai ter que ficar de molho por duas semanas, ou mais. - Estava filmando ela.
- Estou com dor ainda. Mas estou preocupada, vou perder meu emprego. - Ela fez um biquinho.
- Eu te contrato. - Falei enquanto a filmava. - Agora você vai cozinhar para mim, te pago o dobro do que você ganhava no restaurante. - Ela olhou assutada para a câmera.
- É sério isso? - Ela sorriu.
- Muito sério. - respondi enquanto a filmava. Estava observando seu rosto pelo celular.
- Vou pedir minha demissão. - Ela levantou um dos braços para comemorar, o outro estava com soro e medicamento.
- Então você é a minha mais nova funcionária.
- Já comecei meu trabalho com as férias. - Ela gargalhou.
- É tão bom te ver sorrir. - Desliguei o celular. - Não chora mais não, eu te peço. Você não tem noção do que eu senti. A sensação da impotência é horrível, você querer fazer algo e não poder. - Meus olhos ficaram rasos de lágrimas.
- Eu tenho juntado muitas coisas dentro de mim. Dá para contar nos dedos, de uma mão, as vezes que eu já chorei.
- É complicado. Mas não faz mais isso não, tá bom? - Meus olhos estavam pesados de tantas lágrimas. Fiquei encarando aquele olhos azuis.
- E se me der vontade de chorar, o que eu faço? Prendo se estiver ao seu lado? - Ela riu.
- Pelo menos me avisa, daí eu me preparo.
- Está bem. Vem aqui, senta do meu lado, vamos criar nosso Vlog. - Ela chegou para o lado, na cama, sentei do seu lado e reclinei a cama. - Viu, deu nós dois aqui. - Ela olhou para mim e sorriu. - Vamos fazer uma selfie, os dois na cama hospitalar.
- Esse Vlog vai ter muitas lembranças. - Sorri. Tiramos a selfie fazendo biquinho.
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Remember
RomanceRemember A vida é feita de lembranças, sejam elas boas ou ruins. A vida é uma coleção de momentos. O que passamos na vida nos impulsiona a conquistar coisas e chegarmos em lugares altos. Nossa memória tem o poder de guardar tudo o que passamos. T...