Capítulo 41

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Abdiel narrando

Quando Ellie atendeu a ligação por vídeo, pude ver que ela não estava bem. Vi de cara que ela estava em um hospital. Falou que era o banheiro do quarto da mãe dela, de um certo modo ela não mentiu.
Fingi que ia dormir para ela não ficar preocupada e me obrigar a ficar onde eu estava.
Vi seus olhos gritando por um abraço meu. Como vou me concentrar nas coisas? Eu queria saber o que estava acontecendo, não poderia deixa-la sofrer sozinha.
Após ela desligar o celular, peguei minha mochila e parti para o aeroporto.
Para minha sorte, um avião ia decolar em 10 minutos. Comprei a passagem e sai correndo, ser atleta me ajudou a subir as escadas correndo. Ter pernas longas tem suas vantagens.

Entreguei a passagem e corri para entrar no avião. Só tinha lugar na classe econômica, nem me importei. O importante é que eu veria Ellie em algumas horas.
Ao desembarcar, liguei para Bitencourt. Só poderia ter sido ele quem levou senhora Helena para aquele hospital.
Como os banheiros dessa rede de hospitais são todos iguais, eu teria que descobrir em qual senhora Helena estava.
Já economizei tempo perguntando diretamente para ele. Se eu tivesse que ir em um por um, eu perderia muito tempo.

No que ela estava era um que ficava próximo a minha casa, esse eu já conheço de cor e salteado. Só vivia internado lá.
Dirigi para lá.
Entrei na recepção e dei o nome de Ellie e senhora Helena. Mandaram eu seguir por um corredor e me deram o número do quarto.
Fui caminhando e avistei Ellie abaixada, abraçada com as pernas, chorando horrores.
Por que ela não me contou que estava carregando dores?
Me aproximei e coloquei minha mão em seu ombro. Seus olhos procuraram os meus, como se ela estivesse chamando por mim. Me senti o porto seguro de alguém, pela primeira vez. A levantei e a envolvi em meus braços.
Ellie ficou mais calma depois do abraço.

Após o médico conversar conosco, fomos para minha casa.
Estacionei o carro na garagem e abri a porta para ela descer.

- Você precisa descansar. - Ellie passou a mão no meu rosto.

- Só se você vier comigo. - A abracei. - Você vem?

- Sim. - Ela forçou um sorriso.

- Eba! - Desfiz o abraço e estendi a mão para ela segurar. Fomos caminhando para o quarto. - Vou tomar um banho rapidinho. Prometo não demorar.

- Eu também quero tomar banho, mas esqueci as roupas no hospital.

- Pode vestir as minhas, só escolher. Vem aqui. - A puxei pela mão. A coloquei dentro do closet. - Só escolher o que quer vestir. Vou desocupar um lado para por suas coisas. Já era pra eu ter feito isso. Ou se quiser, pode escolher algum dos quartos.

- Não precisa se preocupar. Me ajude a  escolher a roupa?

- Você tem preferência por calça ou short?

- Pode ser short e t-shirt.

- Está bem. - Abri uma gaveta e peguei a t-shirt. Abri a outra e peguei o short. - Está bom esses?

- Está ótimo. Muito obrigada. - Ela me deu um selinho. - Vou tomar banho lá no outro banheiro, pode tomar banho no banheiro do seu quarto. Não demoro.

- Ellie, pode tomar banho no meu. Não tem problemas, eu tomo no outro.

- Não, pode ir. Já volto. - Ela me deu um selinho e saiu. A tristeza era nítida.

Entrei no banheiro e tomei banho, tentei relaxar um pouco embaixo da água quente.
Desliguei o chuveiro, me sequei, me vesti e sai procurando Ellie.
A luz do outro banheiro estava ligada, sentei no sofá a esperando sair.
Estava demorando, então decidi bater na porta.

- Ellie, está tudo bem?

- Já vou sair. - Sua voz era de choro. Ela abriu a porta e tentou sorrir para disfarçar.

- Por que você está sofrendo sozinha? - A puxei para um abraço. - Eu não sou o seu amigo? Eu não sou seu namorado? Quero que você conte comigo, ou você só vai deixar a parte fácil para mim?

- Desculpe, amor.

- Por que está se desculpando? Eu só não quero que você sinta dor sozinha, divide comigo. Pode ser?

- Sim. - Ela abaixou a cabeça. Levantei seu rosto e sequei a lágrima que escorreu.

- Agora mudando de assunto, me chama de amor novamente? Eu fico louco querendo que você me chame assim. - Eu me sinto tão especial ouvi-la me chamar de amor. Falei também para tentar alegra-la.

- Amor, eu te amo. - Os olhos vermelhos pelo choro se estreitaram um pouco, por causa do seu sorriso.

- Eu amo seu sorriso. Eu te amo, Ellie. Vem, deixa eu grudar em você. - Deitamos na cama e eu nos cobri. A puxei para perto de mim. Ela enfiou o rosto no meu pescoço e eu enfiei o nariz em seus cabelos. Assim dormimos grudados um no outro.

Já era 10:00h e ainda estávamos grudados um no outro, deitados na cama.

- Vou fazer nosso café da manhã. - Ela ameaçou levantar, a agarrei pela cintura e a puxei novamente.

- Fica aqui. Você sabe o quanto é ruim  ficar longe de você? - Tomei seus lábios.

- Eu sei o quanto é ruim ficar longe de você. - Ela passou a mão no meu rosto.

- Eu tive vontade de manobrar o carro e voltar. Ver você ficando para trás, me deu uma dor insuportável no peito. - Ela sorriu.

- Senti a mesma coisa, eu queria correr atrás do carro e pedir para você me levar junto. Estamos muito apegados um no outro.

- Isso é ruim? - Perguntei.

- Não sei até onde é bom. Mas eu não quero ter que me desapegar.

- Nem eu. - Passei a mão em seu rosto. - Vou ter que fazer uma ligação, eu já tinha esquecido que fugi do hotel, sem avisar ninguém.

- Amor, você fez isso? - Ela colocou as mãos na boca.

- Eles vão entender o motivo. Não tinha como avisar, estava muito tarde.  Você é minha prioridade, eu já deixei isso bem claro.

- Te amo. Parecia que você sabia que eu estava precisando daquele abraço. Não sei o que teria acontecido se você não estivesse chegado. Obrigada por tudo.

- Estou aqui para cuidar de você. - Dei um selinho nela.

- Agora faz sua ligação que vou fazer o café da manhã. - Ela levantou para sair do quarto e eu fui atrás. - O que foi? - Ela sorriu.

- Não quero ficar longe de você. - A abracei por trás e fui caminhando grudado nela. - Vou te ajudar a arrumar a mesa.

- Amor, faz logo a ligação. Eu cuido disso aqui.

- Está bem, mas vou ficar aqui na sala. É mais perto de você. - Ela sorriu e eu sorri de volta.

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