Capítulo 60

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Ellie narrando

Ele tinha que me chamar em voz alta.
As meninas repararam que era ele, se eu não reagisse logo, aquele supermercado ia parar. O caos ia se instalar.
Decidi chamá-lo de amor, assim que os casais se tratam.
Para minha surpresa, Abdiel começou uma crise de choro dentro do supermercado.

- Ei, o que foi? Vem aqui. - Eu o abracei. - Vamos para o carro. Com licença meninas, meu namorado está passando mal. - Elas abriram caminho e afastaram os pensamentos de que era o Abdiel. Caminhei com ele até no carro. - Fique aqui, eu vou lá pagar. - Me virei para entrar no supermercado, ele segurou meu braço.

- Ellie. - Tinha dor em seus olhos.

- Você está passando mal novamente? - Abaixei em frente a ele. Abdiel estava sentado no carro, com as pernas para fora.

- Eu estou precisando de você. - As lágrimas escorreram por trás do óculos.

- Está sentindo o quê? - Coloquei a mão em sua testa.

- Uma dor terrível no meu peito. - Ele se entregou ao choro.

- Abdiel, você não pode viver assim. Eu vou te levar para o hospital.

- Não precisa, eu só preciso de você. Você pode me abraçar?

- Vem aqui. - Eu o levantei e abri os braços. Me agarrei nele.

- Obrigado. - Ele me envolveu em seus braços.

- É sério, você tem que ir ao psicólogo. Vai te fazer bem.

- Vou procurar um. - Após ele se controlar eu o deixei no carro e fui pagar as compras. Peguei o carrinho e fui para a fila. Para a minha infelicidade, Ian estava no supermercado e me viu. Eu já estava passando no caixa.

- Ei, sumida. Só assim para eu te ver.

- Oi Ian, estou em horário de serviço. Estou comprando as coisas para fazer o almoço, então não posso demorar.

- Você teve que vir comprar os ingredientes para fazer a comida? Que isso? Você não pode ficar trabalhando naquele hotel, que absurdo é esse?

- Eu não fui contratada pelo hotel. Fui contratada por um jogador de futebol. Sou a nutricionista pessoal dele, vim comprar as coisas porque ele foi transferido tem poucos dias, não tem muita coisa no quarto dele.

- O quê? Como você não me conta isso? Você não pode ficar nesse emprego. Onde já se viu, você vai ter que ficar para lá e para cá com ele. Você já viu como esses jogadores viajam?

- Ian, eu vou continuar no meu emprego, ok? Me dá licença que você está me atrapalhando, minha voz começou a se elevar.

- Você é uma ingrata, isso sim. - Ele gritou atrás de mim.

- Ingrata? Quem é você para falar de ingratidão? Eu sempre te ajudei em tudo. Com seus deveres então, quantas vezes nem dormi para te ajudar. Sempre fiz o que me falava, sempre fiz de tudo para não te magoar. Sempre fui presente na sua vida. Agora  vem falar de ingratidão? Por isso não te contei, sabia que ia querer me fazer desistir. Eu me sinto útil, pela primeira vez desde que acordei daquele coma. Se você é realmente meu amigo, deveria ficar feliz. - Ele segurou meu braço.

- Desculpe, está legal? Temos que conversar.

- Eu já falei que estou em horário de trabalho. Me solta.

- Não vou soltar coisa nenhuma, você vai conversar comigo agora. O que está acontecendo com você? Por que está diferente?

- Ian, eu só vou falar uma vez. Abdiel tem horário para comer, eu não vou ficar aqui me desgastando com você.

- O quê? Qual o nome que você falou. - Os olhos dele se arregalaram. - Fala, Ellie. - Ele apertou mais meu braço.

- Você está me machucando, me solta.
- As pessoas começaram a parar para ver.

- Você vai vir comigo, você não vai mais para esse emprego. Nem que eu tenha que te manter em cárcere privado. - Ele puxou meu braço e eu puxei para o lado oposto. Me desprendi dele e cai com as sacolas nas mãos.

- Me deixa em paz, Ian! - Gritei com ele e me deu uma crise de choro.

- Você e essa sua mania de tudo ser na sua hora, não é mesmo, Ian? - Abdiel o encarava. Como assim, ele o conhecia.

- Ah, então é você mesmo? - Ian falou com raiva.

- Em carne, músculo e osso. - Abdiel debochou. - Vem Ellie. - Ele abaixou para e me pegou do chão. Eu estava de pé apoiada em Abdiel.

- Você vem comigo. - Ian segurou no meu braço.

- Me solta! - Falei entre os dentes. - Você não é meu dono.

- Ela já pediu para você solta-la. - Abdiel estava de costas para Ian, de frente para mim. Ian estava segurando meu braço.

- Não vou soltar coisa nenhuma. - Ian falou com raiva.

- Desculpe por isso, Ellie. Mas depois você vai me dar razão. - Abdiel virou e fechou o punho, jogou o corpo para trás e para frente. O soco pegou em cheio no nariz de Ian. Ele caiu por cima das coisas. Abdiel o levantou e começou a andar para cima dele. Eu entrei em desespero. Manquei até eles e me enfiei no meio.

- Ei, ei,ei. Olha para mim. - Abdiel estava cego. Minha perna doía e eu estava tentando me manter de pé. Se alguém o conhecesse ali, poderia arruinar sua carreira. Ele fechou a mão novamente e deu outro soco em Ian, que caiu todo torto no chão. Tinha sangue em seu nariz e em sua boca. Decidi tentar novamente parar Abdiel, não podia falar seu nome. - Amor. - Passei a mão em seu rosto. Ele parou na hora e voltou os olhos para mim.

- O que foi Ellie? Desculpe, você está bem?

- Me pé está doendo muito. - Eu já não conseguia apoiar no chão.

- Está vendo o que você fez novamente Ian? Você não muda, não é mesmo? - Ele gritou com ódio. - Se não fosse por ela ter se machucado, você ia ver. - Ele me pegou no colo e pegou as bolsas no chão. Fomos direto para o carro.

- Eu não vou conseguir dirigir, está doendo muito. - Me encolhi um pouco.

- É sério que vou ter que dirigir? - Os olhos dele estavam arregalados. Abdiel passou as mãos nos cabelos.

- Está doendo muito , Abdiel. - Fechei os olhos e encostei a nuca no banco. As lágrimas começaram a escorrer. Abdiel deu a volta no carro e ligou, começou a dirigir.
Ele estava com as sobrancelhas franzidas, as vezes limpava os olhos com as costas das mãos.
Chegamos no hospital e ele me pegou no colo. Entrei direto para a sala de raio x.
Pelo menos não quebrou nada, foi só luxação.
Meu tornozelo foi imobilizado, me transferiram para a sala de medicamentos, pois estava com muita dor.

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