Capítulo 20

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Ellie narrando

Demorei a dormir, minha perna estava doendo muito. Não quis ficar reclamando, até porque Abdiel estava fazendo muito por mim. Ele dormiu segurando minha mão e cheirando minha coberta.

Fiquei observando aquele rosto perfeito, como um cara pode ser tão lindo assim?
Abdiel dormia serenamente, seu rosto transmitia tanta paz. Após muito observar, meus olhos começaram a pesar. Soltei a mão dele e o cobri, me encolhi embaixo da coberta e continuei o observando. Até que ele conseguiu descansar, fique feliz.

Acordei com um cheiro de café da manhã, minha mãe abriu a porta do quarto vagarosamente.
Fiz sinal para ela não falar, para não acorda-lo. Ela andou na ponta do pé até mim, me observou toda. Fez um gesto, me perguntando se eu estava bem. Respondi que sim.

Ela me ajudou a levantar da cama e me pôs de pé, eu estava morta de vontade de ir ao banheiro, mas desisti durante a noite, não queria acordar Abdiel.
Fui ao banheiro, logo após escovei os dentes e amarrei os cabelos.
Voltei para o quarto e tentei pegar o celular, pois ia despertar para tomar o remédio. Ao tentar pegar, cai sentada na cama.

- Ellie, está tudo bem. - Abdiel levantou em um pulo do chão.

- Bom dia. Desculpe. Está tudo bem sim.

- Ai, que susto! - Ele colocou a mão no peito, na altura do coração. - Eu desmaiei, foi isso? Pra quem nunca dormiu na casa dos outros, dormi melhor do que em casa.

- Essa é minha mãe. - Ele nem tinha a visto ali.

- Perdão, bom dia senhora. Desculpe minha falta de educação. É que estou muito preocupado com essa moça aqui.

- Bom dia. Eu entendo. - Minha mãe sorriu para ele. - Ellie é muito distraída e não consegue parar quieta.

- Ah, pronto! Vão se unir contra mim? - Eles sorriram.

- Vamos tomar café? Está na mesa.

- Eu faço o seu suco, ou o que você beber.  - Falei para ele.

- Desculpe, sou chato para comer o que os outros preparam.

- Sem problemas. - Minha mãe sorriu.

- Desculpe eu perguntar, Ian não falou nada com a senhora sobre Ellie? - Ele estava curioso.

- Aquele menino é estranho, você deve saber. Ainda mais ele estando errado, você acha que ele falaria?  Ian não se importa com pessoas, ainda mais sendo pobres.

- Esse Ian me dá nos nervos. Ele gosta de explorar as pessoas.

- Abdiel. - Fui logo cortando antes que ele falasse algo sobre mim. Minha mãe não aceitaria, se descobrisse que  Ian me explora. 

- Oi. O que houve? - Ele olhou para mim.

- Vamos, vou preparar seu café. Tem como você pegar minha muleta? - Sorri.

- Tem sim.

- Mãe, pode ir na frente, Abdiel me ajuda.

- Ok. - Ela saiu.

- Abdiel. Por favor, não conte a ela sobre Ian. O que ele faz comigo, ela não vai aceitar. Caso ela vá contra ele, pode perder o emprego.

- Se ela perder o emprego, eu contrato sua mãe também.

- Por favor, não cause tristeza para ela. Já pensou que ela pode se culpar?

- Está bem, não vou falar nada, ok? Mas vou defender você dele, disso você tenha certeza.

- Ela está com problemas cardíacos, não pode sofrer fortes emoções.

- Você quer que eu veja um médico para ela? Posso fazer isso por você.

- Já fomos em vários, o mesmo diagnóstico. Não tem muito o que fazer, o negócio é tomar remédio e repouso. Mas ela faz repouso?

- Já sei quem você puxou. - Ele sorriu.

- Para de bobeira. - Sorri de volta.

- Mas é sério, eu posso ver um médico para ela. Vou ver com meus pais se eles sabem de algum bom.

- Obrigada. Vem tomar café. Do que você gosta?

- Suco, ovos mexidos e torradas.

- Fácil. - Me apoiei na muleta e fui mancando. Abdiel sentou na cadeira e eu fui atrás do espremedor.

- Vou te ajudar, não vou ficar aqui assistindo não. - Ele cortou as laranja e colocou no espremedor, me ajudou a cortar os pães. Minha mãe nos observava.

- Você põe na mesa? - Ele levou o suco e as torradas para a mesa. Abdiel me ajudou a fazer os ovos mexidos. Tomamos o nosso café da manhã de uma maneira descontraída. Observei Abdiel comendo as coisas com um apetite fora do comum. Após o café da manhã, ele se ofereceu para lavar as louças.

- Que menino precioso. - Minha mãe o admirava. - Além de lindo, é educado e prestativo.

- Tenho que concordar. - Suspirei e apoiei a cabeça na mão, meu braço estava apoiado na mesa.

- O que foi esse suspiro aí? - Minha mãe me cutucou sorrindo.

- Eu nem me iludo, mãe. Sei que Abdiel é um padrão muito alto para mim. Já dei sorte de tê-lo como amigo. Nem me iludo pensando em outras coisas.

- Se for com ele, eu deixo você namorar. - Ela sorriu para mim, só para me provocar. Pois ela não queria que eu namorasse.

- Abdiel, minha mãe falou que se for com você, ela deixa eu namorar. - Gritei para ele, provocando minha mãe. Ela tentou calar minha boca. Cai na gargalhada

- Sério? - Ele secou as mãos e veio em nossa direção com o celular na mão, gravando. -  Estou aqui deixando registrado, a mãe de Ellie falou que ela só pode namorar se for comigo. É isso mesmo? Senhora... Como é mesmo o nome da senhora?

- Helena. Meu nome é Helena . - O rosto da minha mãe parecia latejar, de tão vermelho que estava.

- Então está fechado o trato? Ellie só vai poder namorar se for comigo?
- Abdiel filmava e gargalhava.

-  Coitada de mim, vou morrer solteira. - Zombei. Tapei o rosto com as mãos.

- Eu sou tão feio assim? Não entendi a parte de morrer solteira. - Abdiel ficou meio sem entender.

- Pelo contrário, é por ser tão lindo. Até parece que uma pessoa igual a você, iria namorar alguém como eu. Por isso é melhor desistir logo, vou morrer solteira.

- Não entendi. Então quer dizer que eu vou escolher uma pessoa para namorar por classe social, é isso?

- Seu padrão é alto. - Sorri.

- E se você atender esse padrão? - Ele me olhou sério. - Do que adianta uma pessoa da classe alta sem conteúdo? Não vou ter o que conversar, não vou poder ser verdadeiro, vou ter que fazer coisas que eu não gosto só para agrada-la.
Com você eu posso ser eu mesmo, ainda posso desfrutar dos seus cuidados.

- Isso é um pedido de namoro? - Falei brincando. Minha mãe congelou, olhou para nós dois.

- Ainda não. - Ele sorriu daquele jeito, com os olhos.

- Ainda não? - Gargalhei. Como ele consegue ser tão perfeito? 

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