Capítulo 63

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Abdiel narrando

Chegamos e eu disse a ela que tinha uma coisa para lhe dar, abri a porta do apartamento e ela entrou.

- Senta aqui, vou pegar. - Fui no  quarto e peguei nossos antigos celulares. Entreguei o dela em sua mão.

- O que é isso? Por que está me dando isso? - Ela estava com uma interrogação no olhar.

- Assim que ele ligar, você põe seu dedo atrás dele. - O celular ligou e ela pôs o dedo onde desbloqueia.

- A minha digital desbloqueia esse celular? Por quê? - Ela me olhava confusa.

- Esse era seu celular, há quatro anos.

- Como assim? - Ela passou a mão no rosto.

- Eu comprei igual ao meu, só a cor que é diferente. Ainda bem que acertei, você gosta de rosa. - Sorri.

- Como você sabe? Você nunca perguntou sobre isso.

- Temos um vlog, postamos muitos vídeos e fotos lá. A senha do vlog é Abdiellie. Clichê, não acha? - Ela me olhava atenta.

- Eu posso mexer no celular?

- Claro que sim. Pode ver. - Ela entrou logo na galeria.

- Essas fotos, você está nelas. - Os olhos dela estavam arregalados. - Abdiel, você era meu melhor amigo, é isso?

- Também. - Sorri.

- Quem é essa senhora aqui? Ela se parece comigo.

- É sua mãe.

- Minha o quê? - Ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas.

- Sua mãe, o nome dela era Helena.

- Abdiel, eu não quero ver mais não. - Ela me deu o celular. Encostou a cabeça no sofá e tapou os olhos com as mãos. - Ah, meu Deus! O que está acontecendo? - Ela começou a chorar.

- Ellie, desculpe te contar assim.

- Por isso eu sinto algo diferente por você. - Ela destapou os olhos. - Me fala, o que você era meu? - Ela estava em prantos. - ME FALA, ABDIEL. - Ela estava desesperada.

- Eu era seu noivo. Eu tinha te pedido em casamento, mas você só casaria comigo depois de cinco ou seis anos. No caso era quando acabasse a faculdade.

- Ai, minha cabeça. Então quer dizer que as alianças...

- Isso, são nossas.

- Abdiel, vou deitar. Não estou me sentindo bem. - Ela chorava.

- Deixa eu ficar com você.

- Eu preciso ficar um pouco sozinha, desculpe. - Um novo medo se instalou em mim. Que medo dela ir embora. - Boa noite, ela levantou e caminhou para o quarto onde estava seus coisas. - Boa noite.

- Eu posso te dar um abraço? - Perguntei.

- Melhor não, boa noite. - Ela levantou e foi para o quarto. Senti meu coração partindo.

- Boa noite.

Da sala dava para ouvir-la chorar. Sentei do lado de fora do quarto dela, encostado na porta. Ellie chorou por muito tempo, até tudo ficar em silêncio.
Acabei adormecendo sentado ali.

- Abdiel. Acorda. Abdiel. - Ela me sacudia, mas eu não conseguia reagir. Era madrugada ainda.  Acho que me deu hipotermia. - Me ajude a te levar para cama. Vem. - Ela me levantou do chão, eu ajudava mas não muito.

- Estou com frio. Falei muito baixo.

- Fica aí, vou fazer um chocolate quente, já volto.  - Em alguns minutos ela estava de volta. - Vou te ajudar a sentar. - Ela me sentou e me ajudou a beber o chocolate, estava no ponto ideal para beber. Quando acabei de beber ela me deitou novamente. Foi levar a caneca e voltou. - Vou deitar com você.

- Obrigado. - Ela deitou e me abraçou, joguei meus braços por cima dela. Ellie nos cobriu.

- Você quer me matar? - Ela começou a chorar. - Eu não posso perder você, está escutando? Você tem que se manter vivo para me fazer lembrar das coisas, eu tenho que cumprir minhas promessas para você.

- Ellie, não chore. Eu sinto dor quando você chora. Eu não vou morrer, está bem? Só se você me deixar para sempre, aí eu morro.

- Se quando amanhecer eu for embora? O que você vai fazer? - Ela falou em meio as lágrimas.

- Eu vou me tornar o homem mais infeliz do mundo, mas não vou poder te impedir. No fundo vou tentar me reconfortar, pois saberei que você está viva.

- Eu queria lembrar de tudo, queria poder preencher esse vazio que sinto.  Queria que essa tristeza fosse embora.

- Vai ser aos poucos. Não fique forçando a mente. - Ellie sentou na beirada da cama e se entregou as lágrimas.

- Eu já falei que eu sinto dor quando você chora. - Meu rosto já estava molhado pelas lágrimas. - Tenta não sofrer, por favor. Vem deitar comigo, ainda estou com muito frio, preciso de você. - Ela deitou de barriga para cima. Eu estava de lado, virado de frente para ela.

- Eu fui uma pessoa boa para minha mãe? - As lágrimas escorriam nos cantos de seus olhos.

- Você foi a melhor filha que ela pode ter. Você é perfeita em tudo. Com o tempo você vai ver o vídeo dela, o quanto foi feliz.

- Estou sentindo uma dor no meu peito. - Ela chorava desesperadamente.

- Vou te levar para o médico. - Comecei a ficar nervoso.

- Não precisa. Só quero ficar aqui, quietinha.

- Ellie, vira aqui para mim. - Ela virou de lado, ficamos um de frente para o outro. Passei a mão em seu rosto. - Vamos tentar dormir, pare de ficar pensando muito. - Ela estendeu a mão e acariciou meu rosto. Fechei os olhos sentindo o toque dela. Aquilo curava qualquer coisa.

-  Obrigada por existir. - Ela olhava em meus olhos. - Com certeza eu devo muita coisa a você.

- Você não me deve nada. Tudo o que eu sou hoje, é graças a você. Sempre acreditou em mim, mais do que eu mesmo. Se tem alguém aqui que deve alguma coisa para alguém, esse cara sou eu.

- Abdiel, posso te pedir uma coisa?

- Você pode me pedir o que você quiser. Até se me pedir para buscar a lua, eu vou dar um jeito.

- Me beija? - Eu não acreditei no que eu estava ouvindo.

- O que você quer?

- Quero que você me beijei. Por favor.

- Ellie, se eu começar a te beijar, eu não vou conseguir parar. Eu sou dependente dos seus lábios, eu tenho que me controlar todos os dias para não te agarrar e tomar seus lábios.

- Você não quer, é isso? - Ela arrancou a coberta de cima de si e levantou, ameaçou a sair do quarto. Levantei em um pulo e a segurei pela cintura, a outra mão enfiei na sua nuca.

- Tem certeza do que está me pedindo? - Meu nariz roçou em sua pele. - Eu não vou conseguir te deixar em paz depois disso.

- É o que eu mais quero. - Ela estava entregue.

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