Capítulo 27

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Abdiel narrando

Caminhei até a sala e tranquei a porta, tranquei o portão e segui viagem rumo ao hotel.

Cheguei no hotel e mandei mensagem para Ellie avisando que já estava naquele lugar maravilhoso, só que não. Minha mãe veio logo em minha direção.

- Por que seu cabelo está amassado? - Ela ajeitou com as mãos. - Você andou de moto Abdiel? Que vontade de te agarrar pelas orelhas.

- Estava com fome, vou fazer o quê? Fui em casa fazer alguma coisa para comer. Essas comidas exóticas, sabe que não gosto disso.

- Você tem que crescer, isso sim. Nem experimenta as coisas e já vem com preconceito.

- Já podemos ir embora? - Perguntei cortando o assunto.

- Não, ainda tem a dança.

- Dança? Que dança? - Não é possível que eu ia ser obrigado a dançar.

- Você vai dançar valsa com Anne.

- Aff. - Coloquei a mão na testa. - É sério mãe? Já não fiz presença o suficiente?

- Sim, você vai dançar. E faça direito. - Ela cruzou o braço dela no meu e foi me arrastando para onde meu pai estava. A tal valsa começou e e eu fui obrigado a dançar.

Anne estava com a cara de poucos amigos. Dançou sem vontade, mas sorria para os fotógrafos.
Acabei minha missão naquele hotel, não via a hora de ir embora.

- Então, vamos? - Falei com meus pais.

- Filho, não poderemos ir com você. Tem outro evento, não sabemos a hora que vai acabar. Vamos direto para o hotel.

- Tudo bem, estou indo então. - Eles me deram um abraço. Sai triste, peguei a moto e fui em direção ao meu apartamento.

Tomei um banho, vesti a roupa de dormir e mandei mensagem para Ellie, dizendo que já estava deitado.
Agradeci mais uma vez pela refeição.
Pensei, pensei, até que dormi.

Hoje é sábado, meu aniversário. Como sempre, estou sozinho.
Peguei o celular para ligar para meus pais, ia convida-los para comer fora. Para minha não surpresa, tinha uma mensagem da minha mãe.

Oi filho, estamos voltando para Paris, houve um imprevisto.
Espero que seu dia seja lindo.
Feliz aniversário.

Meu olhos ficaram rasos de lágrimas, eles sempre fazem isso.
Deitei de lado na cama, na posição fetal e me permiti chorar, afinal, não tinha ninguém vendo. Fiquei assim por algumas horas.

Ouvi a campainha tocar, tive esperança de ser eles. Olhei pela câmera, mas só enxergava balões de aniversário.

- Entrega para Abdiel. - Ela falou e começou a sorrir. Tirou os balões de frente de seu rosto. - Vai deixar eu entrar ou não?

- Ellie? - Corri para a porta e abri imediatamente. - Como você trouxe isso tudo? Vem, entra. - Peguei as duas caixas que estavam no chão e Ellie trouxe os balões amarrados na muleta.

- O motorista me ajudou. Vamos organizar sua festa.

- Uma festa para dois? - Sorri.

- É bom que poderemos comer mais. - Ela piscou um dos olhos para mim.

- Vou tomar banho e já volto. Quer que eu te ajude a sentar?

- Não se preocupe, pode ir. Já estou expert nas muletas.

- Corri para o quarto, peguei um short e uma regata e me enfiei no banheiro.

- VÊ SE DEMORA, PARA DAR TEMPO DE EU ARRUMAR AS COISAS. - Ela gritou da sala.

- TÁ BOM. - Gritei de volta. Tomei banho lentamente. Meu sorriso estava enorme. O que Ellie estava aprontando agora? Sai do banho e me vesti, calcei o chinelo o fui em direção a sala. - Estou saindo, heim.

- Pode vir. - Quando sai, vi o que ela estava aprontando.

- Cara, você não existe! - Coloquei as mãos na boca, surpreso. Só Ellie mesmo para fazer uma coisa dessa. Tinha bolo, salgadinho, docinho e os balões. Tinha alguns bonecos jogando futebol.

- Surpresa! - Ela abriu os braços e gritou para mim.

- Você é incrível, sabe disso? Eu nunca tive uma festa de aniversário. Não que eu me lembre.

- Sério? Então vamos filmar, seu primeiro aniversário. - Filmamos e tiramos fotos. Meu sorriso estava tão grande.

- Ellie, eu ganhei um presente dos meus pais.

- Sério? Por falar nisso, cadê eles? - Ela olhou ao redor.

- Já foram para Paris, foram hoje pela manhã. - Meu semblante caiu.

- Ei, nada de ficar triste. Eu estou aqui, sua melhor e única amiga. O que você ganhou de presente? Quero ver.

- Ganhei um carro. - Eu ainda estava triste.

- Você vai ficar com essa cara? Hoje é seu dia. Olha, eu vim de longe, cheia de bolsas e com o pé doendo. Eu não quero que você fique triste, me sacrifiquei por você. - Ellie andou para perto de mim, abaixou um pouco para olhar nos meus olhos. Parecia querer tocar em mim, mas recuou as mãos.

- Ellie. - Ainda estava de cabeça baixa. - Você pode me abraçar?

- Oi? Você quer que eu te abrace?

- Sim. Eu quero.

- Mas não vou abraçar. - Ela falou, cruzou os braços e sorriu. Ouvir aquilo fez meu coração disparar e uma onda de tristeza me dominou.

- É sério isso? - Levantei a cabeça para olha-la. Meus olhos estavam rasos de lágrimas.

- Ei, não precisa fazer essa cara. - Ela estava preocupada.

- Eu estou te pedindo um abraço, acredite, é mais difícil para mim do que para você. - Virei as costas para ir para o quarto, não queria chorar perto de Ellie. Ao me virar, Ellie correu em minha direção e passou os braços por mim.

Congelei, sentindo seus braços passarem por mim.
Ela deitou a cabeça nas minhas costas e envolveu minha cintura com seus braços. Meus braços estavam caídos na lateral do meu corpo. Fechei os olhos, sentindo a vibração do meu corpo.

- Desculpe pela brincadeira. Não quero te ver triste. Aceite minhas desculpas, por favor. - Tirei os braços dela da minha cintura. Ela se afastou um pouco de mim. Permaneci por alguns segundos de costas para ela, de olhos fechados e respirando fundo.

- Ellie, desculpe por isso. - Falei ainda de costas. Virei e a puxei para meus braços, ela parecia não entender o que estava acontecendo.  A apertei forte em meus braços, apoiei o queixo em sua cabeça e deixei as lágrimas escorrerem. - Obrigado por ser tão especial para mim. - Não queria ter que solta-la nunca mais.

- Abdiel, posso te abraçar de volta? - Ela estava com os braços caídos na lateral do corpo.

- Por favor, faça isso.


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