Capítulo 70

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Abdiel narrando

Ver Dereck com raiva é engraçado. Como ele estava com ciúmes de uma coisa que nem era dele?
Vai entender a mente desse povo de ego grande.

Após nosso café, esperamos por mais uns 16 minutos e o nosso carro chegou. Como Dereck ia para o mesmo lugar, decidimos leva-lo conosco.
Ele ameaçou ir atrás com Ellie, parei de braços cruzados e olhei para a cara dele, deixando bem claro meu desconforto. Ainda bem que se mancou, foi na frente com o motorista e Ellie e eu fomos atrás.

Descemos na garagem do hotel e pegamos as malas, subimos de elevador. Dereck procurava um jeito de falar com Ellie. A porta do elevador abriu para Dereck descer.

- Tchau Dereck! - Falei para ele descer logo, pois hesitou um pouco.

- Até mais Abdiel. Ellie, estou nesse andar, apartamento 503, se quiser aparecer... - Ele mordeu o lábio inferior, deu uma olhada para ela e desceu.

- O que foi isso? - Ellie gargalhou assim que o elevador fechou as portas.

- Eu vou deixar você no apartamento e vou bater lá no apartamento 503, preciso ter uma conversa com esse cara.

- Deixa isso pra lá. É só eu não dar confiança. Eu só quero você. - Ela falou a mão no meu rosto. Eu nem podia beija-la ali, tinha câmeras no elevador. Assim que o elevador abriu, peguei em sua mão e caminhamos o mais rápido que conseguíamos.
Destranquei a porta do apartamento, Ellie entrou puxando algumas malas e eu entrei com o resto. A porta se fechou atrás de mim.

- Vem aqui. - A puxei pela cintura. - Deixa eu te beijar e descarregar meu ciúme. - Ellie segurou meu rosto com as duas mãos e tomou meus lábios.
Ela estava totalmente entregue a mim e eu a ela. Como eu desejo essa mulher, mas não quero ultrapassar seus limites. Não quero passar uma sensação que estou forçando algo. Até porque ela ainda está com amnésia, vai que acabo a expulsando...

- Amor, te amo. - Ela falou, ainda encostada nos meus lábios.

- Não faz isso! - Franzi as sobrancelhas e olhei em seus olhos. - Você quer me matar? Estou aqui me controlando e você vem me chamar de amor e dizer que me ama. Você sabe o que me causa ouvir me chamar de amor?

- Lembrei da primeira vez que te chamei assim. Você estava arrumando as malas para viajar para outro estado. Eu tinha preparado suas marmitas, eram seis marmitas. - Ela sorriu. - Te chamei de amor e você veio do quarto. - Ela fechou os olhos e sorriu. - Seu rosto sempre foi perfeito. Você veio com os olhos entre abertos e mordeu os lábios quando se aproximou.

- Quanto detalhe. Foi desse jeito, você quer ver? Tem no vlog.

- Sério? Quero ver. - Ela me deu um selinho. Fui na bolsa pegar o celular.
Sentamos para assistir o vídeo. Ellie tapou a boca com a mão. - É exatamente do jeito que me lembro. Amor, estou conseguindo me lembrar das coisas aos poucos.

- E eu estou muito feliz por isso. - Passei a mão em seu rosto.

- Ainda está cedo, vamos deitar? - Ela me puxou pela mão e me levou para o quarto. - Quero ficar agarrada em você. Sentir seu toque e seu cheiro me traz paz.

- Faço das suas minhas palavras. - Deitamos e ela se aninhou em mim. - Te amo, Ellie.

- Eu que te amo. Vamos falar para todo mundo que você e eu estamos juntos?

- É sério isso? - Eu estava com os olhos arregalados.

- Sim. Não quero guardar esse segredo.

- Mas isso pode mudar tudo, não sei se é permitido namoro entre funcionários. Só para você não ser punida de alguma forma.  Qualquer coisa eu peço demissão. - Sorri.

- Não, se for te trazer problemas é melhor deixar em off.

- Você é minha nutricionista, não do time. Eu acho que não tem problemas.

- Deixa pra lá, é melhor deixar em segredo.

- Por mim eu posto hoje mesmo, que estou namorando. Vou por no Instagram.

- Não, é melhor esperar. - Ela sorriu. - Não quero estragar sua carreira.

- Eu só tenho carreira por causa de você. Um dia você vai lembrar. Vai lembrar que eu sempre fui sozinho, sem a presença dos meus pais. Você encheu meus dias de alegria e me incentivou a ser um jogador de futebol. Eu não desisti porque você acreditou em mim. Se eu perder a carreira por causa de você, eu perco feliz. O que eu não posso perder é você. - Passei a mão em seu rosto e dei um beijo em sua testa.

- Você é incrível. Me passa tanta segurança. Eu acho que seria impossível eu te conhecer e não me apaixonar. Você tem um jeito que me deixa doida, me faz perder as forças. Eu não tenho forças para ficar longe de você. Quem te conhece e mão se apaixona? Certo que eu não iria me declarar, mas torceria para despertar as mesmas coisas em você.

- Você foi feita para mim, Ellie. Você me salvou várias vezes. Até quando eu pensei ter te perdido para sempre. - Lembrar disso sempre me causa dor. - Quando eu tentei tirar minha vida, você sempre vinha em minha mente e me dizia para não desistir.

- Sobre o acidente, você lembra como foi? Eu só tenho relapsos de memórias. - Ela me olhou curiosa.

- Lembro de tudo, mas o culpado não foi preso. Ao envés disso o mandaram para outro país. Meus pais não quiseram me contar quem foi. A pior parte foi acordar e receber aquela notícia, só de pensar meu peito dói.

- Que notícia?

- Que eu tinha perdido você. - Comecei a chorar lembrando do dia.

- Falaram para você que eu tinha morrido? - Ela estava com os olhos arregalados.

- Sim. - Sentei na cama e cai em prantos. Segurei a cabeça com as mãos. - Eu acordei no hospital, perguntei por você e me falaram que não tinha resistido. Ah, Ellie. Como doeu ouvir aquilo, eu nem conseguir respirar conseguia. Briguei porque me salvaram e deixaram você. Desejei morrer todos os dias. Me senti tão culpado, por isso não dirigi mais. A pior parte foi voltar para casa e ver suas coisas lá.

- Fica calmo, eu estou aqui. Com a mente um pouco apagada, mas estou aqui. - Ela ficou em pé entre minhas pernas e eu abracei sua cintura. Ela apoiou minha cabeça em sua barriga e beijou.

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