Eu não quero mais

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De novo

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De novo. De novo. De novo. De novo. De novo. De novo. E novamente. E mais uma vez. Mais uma. Mais uma. E outra. Outra. Outra. Outra maldita vez.

Por que isso está acontecendo comigo?

— Eu não aguento mais.

Eu não sou um herói. Não posso ser. Eu sequer posso ser Izuku Midoriya.

— Era isso que queriam que eu soubesse? Bem, eu já sei.

Izuku piscou letargicamente enquanto erguia a vista de seus pés. Seus olhos se encontraram com o de Bakugou Katsuki. Os sons a sua volta explodiram, o fazendo sair de sua mente para notar que seu corpo lhe levou ao mesmo caminho de sempre.

Ah, Kaachan está sendo sufocado e os heróis não fazem nada.

Ele reconhecia isso, essa cena. Era uma situação tão simples de ser resolvida.

Seu corpo se mexeu antes que ele pudesse raciocinar sobre. Não era por vontade de salvar Katsuki. Não era por querer ser um herói ou por medo de uma vida ser tirada a sua frente sem que pudesse fazer nada. Não era porque um vilão estava solto, supostamente por sua causa. Em sua mente ao arrancar Bakugou daquela gosma nojenta só se passava uma coisa.

Aqui não. Bakugou não merece uma morte tão fácil.

O resto do dia foi tão previsível, talvez por já ter vivido algumas vezes. Levou bronca por ter se intrometido, caminhou sozinho para casa depois de ser segurado para escutar como Bakugou era elogiado por sua peculiaridade. Em seguida seu colega lhe alcançou para jogar em sua cara o quão frágil era seu ego, o que ele também já sabia muito bem. E por fim All Might se colocou em sua frente.

Quando as palavras saíram da boca do símbolo da paz, o esverdeado chorou. Não por felicidade, por se sentir emocionado de ouvir que podia ser um herói, muito menos por ter chance de realizar seu sonho.

Chorou pela injustiça, pela saudade, pela raiva.

All Might não esperou que ele se recuperasse do choro e pegou seu celular que havia, é claro, caído de seu bolso quando a força das pernas de Izuku se foi e seus joelhos bateram violentamente no chão. O herói não o auxiliou nisso, o assistiu cair com o mesmo sorriso inabalável antes de fazer seu pequeno trabalho de troca de números, sem sequer seu consentimento. O mandou encontrá-lo na praia – mesma ladainha de sempre –, e então se inflou novamente e sumiu, sem esperar sequer uma resposta positiva, sem verificar seu bem-estar. Mas, novamente, ele já sabia que seria assim.

E pensar que a primeira vez que isso aconteceu eu desmaiei ao ver que esse lixo de celular todo fodido por Bakugou e sua gangue tinha o número do incrível número um.

Ao chegar em casa após se recuperar, ainda sem dizer uma palavra, encontrou sua mãe chorosa e desesperada. É claro, seu querido filho estava passando na televisão como um idiota suicida que se atirou contra um vilão quando supostamente a situação estava controlado pelos heróis na área.

Onde foi que eu errei?Onde histórias criam vida. Descubra agora