— Bicho papão, bicho papão, não venha mais cá, que o pai do menino manda te matar. Dorme neném, dorme neném, quem te incomodar no seu sono papai manda para o além — Izuku cantarolava saltitando, por fim parando ao chegar em frente à porta da 1-A — O portão para o céu ou para o inferno? Sempre é difícil saber com adolescentes hormonais. Não é sensei?
— O que você estava cantando? — Aizawa se ergueu um pouco dentro do saco de dormir, preferindo não questionar como o outro lhe notou. Levou um momento para raciocinar que este aluno em específico estava muito diferente de quando o viu no exame de admissão.
Como alguém pode crescer em altura e músculos tanto assim em dois meses?!
— Ah, eu sei que é uma música um pouco macabra, me desculpe. É a única coisa que eu sei do meu pai, que ele cantava essa música para mim. Pode parecer estranho, mas me acalma porque me lembra que eu ainda não o conheci, então preciso continuar em frente — Izuku deu um sorriso triste em direção ao professor, em seguida se curvou — Inclusive, Aizawa-sensei, peço desculpas antecipadamente. Estive frequentando uma psicóloga e melhorei muito nos últimos meses, porém com Kaachan na mesma sala que eu, é provável que eu acabe causando algum problema hora ou outra.
— Como você sabe quem eu sou?
— O quadro de professores da U.A não é um segredo, e não tem outros heróis com cabelos e olhos negros, ou com personalidade para estar em um saco de dormir se escondendo dos alunos — O mais velho viu as bochechas do esverdeado tomarem um tom um pouco mais avermelhado — Além disso, o senhor é um dos meus heróis favoritos, Aizawa-sensei — Midoriya se levantou com surpresa ao escutar o sinal de início de aula — Oh, me desculpe, eu estorvei o senhor. Vou entrar logo.
Aizawa observou Izuku respirar fundo, bater nas bochechas e sorrir antes de abrir a porta. No momento que o Midoriya passou pelo arco, ele foi bombardeado por dois outros alunos, mas assim que o sensei o viu fechar o punho tremendo, decidiu que era hora de entrar em cena.
Parece que tem alguém interessante esse ano.
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Não foi surpresa para Shouta que o aluno que lhe chamou a atenção estava inegavelmente em primeiro em todas as provas de aptidões físicas. A diferença dele para os dois sequenciais – Momo Yaoyorozu e Shoto Todoroki, era enorme. Velocidade, força e podia voar. Não que ele ficasse de olho nos dados do atual número um, mas por algum motivo no sistema desse ano não estava como base os dados gerais dos alunos, mas sim os recordes que ele obteve em sua época de estudante. Izuku Midoriya o ultrapassou em todos.
Talvez Nedzu já soubesse que tinha um aluno com tal potencial em sua sala. Ele estava demonstrando ter ainda mais força do que o próprio All Might em seu mesmo ano. Talvez ainda melhor porque, em sua concepção, Toshinori era burro enquanto Izuku demonstrou um raciocínio muito bom até então.
Não que tivesse algum rancor de All Might, mas seria uma satisfação para ele ser sensei de um herói que iria superar o símbolo da paz.
Apesar disso, Aizawa não negligenciou os outros alunos, e por isso percebeu Katsuki Bakugou. Quando Midoriya lhe disse que causaria problemas por causa de Kaachan, ele pensou que o aluno tivesse algum problema de temperamento ou personalidade. Não seria incomum considerando que crianças com tanto poder costumavam ter o rei na barriga. Mas após escutar Midoriya chamar Bakugou de Kaachan, ele notou que poderia ser o contrário.
Tinha que investigar o passado de ambos.
Midoriya poderia fazer um bom trabalho, mas seus olhos treinados notaram que ele tremia, ainda mais na presença de Bakugou que parecia estar próximo de voar no pescoço do esverdeado. O que aconteceu, quando o loiro não conseguiu bater nem metade da distância no arremesso de bola que o outro teve.
Aizawa interveio, a tempo, mas não conseguiu impedir as palavras de Bakugou de saírem. E pareceu que eram facas no corpo de Midoryia, já que ele lacrimejou. Os sussurros saíram assim que Bakugou fechou a boca.
— Desculpa pelo tumulto, sensei — Izuku se curvou, os olhos fortemente fechados — E não, Kaachan, não foi isso que aconteceu.
— Não? Pois saiba que eu não me importo! — O loiro tentou novamente acertar o outro com suas explosões — Saiba que a minha peculiaridade ainda é melhor! Ainda é mais chamativa, por isso você a escondeu!
— Não! — Izuku gritou, ainda curvado, todos viram lagrimas pintarem o chão — Minha peculiaridade é acúmulo de energia, então como eu não tinha nenhuma aos quatro anos, não foi identificada. Eu fiz um novo teste quando ela despertou no vestibular. Quem gostaria de dizer que é sem quirk? Eu não sabia também!
— Despertou no vestibular? — Uraraka repetiu com horror.
— Ah, sim, eu tecnicamente não tinha poder algum até o vestibular. Te salvar foi a primeira manifestação que tive na vida Uraraka-san. Sinto muito — Izuku murmurou — Eu fui te salvar sem saber se conseguiria, poderia ter te colocado ainda mais em perigo. Eu só... Quando te vi... Não me importo se a sua é melhor Kaachan, eu só quero salvar a todos que eu puder.
— Seu merd...
— Bakugou Katsuki! Se você fizer qualquer movimento, ou falar mais alguma coisa, não precisa voltar a U.A amanhã. Não irei tolerar esse tipo de comportamento — Bakugou sentiu um arrepio subir por sua espinha com a fala de seu professor. Suas mãos não conseguiram mais fazer nenhuma explosão — Agora vou mostrar os resultados, então se comporte, moleque.
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Katsuki rosnou enquanto se sentava em sua cadeira. Quarto lugar. Ele já estava com muita raiva de ficar em segundo no vestibular, sentia que todos em sua escola fundamental o olhavam com zombaria ao ter o nome daquele Deku antes do seu. E agora não era apenas ele, havia outros dois figurantes a sua frente.
E como se isso não bastasse os outros alunos da sala estavam rodeados em volta do Deku como se ele fosse algo. Ele não era, porra. Deku estava abaixo de si em todos os sentidos. Todos veriam isso. Ele mostraria isso.
Katsuki Bakugou era o melhor, inegavelmente o melhor.
E se acostumem com as mudanças de Izuku de "o pai do diabo" para um "anjo".
Aizawa notando que tem algo a mais é um erro corrigido, não me conformo com o cannon apenas ignorando o passado de ambos. E ele botando ordem é tudo, amo esse homem.
Sempre que for citado que Izuku está cantarolando algo, lembrem dessa cantiga kkkkk.
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Onde foi que eu errei?
FanfictionOs vilões são realmente os vilões? Izuku se perguntou isso desde sua vigésima volta. Agora ele tinha certeza de uma coisa: se o importante era o fim, o caos do processo era necessário