A carona

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Os estagiários se sairam muito bem durante as primeiras semanas, o Big se tornou o queridinho das pacientes e isso era um ponto positivo pra quem realmente desejava clinicar, Mike era Wanwand na versão masculina, sempre que uma das enfermeiras flertava com ele, ele saia com elas pra curtir.

Jim e Noom eram solícitas, acompanhavam os casos designados à elas com total profissionalismo, com certeza seriam ótimas médicas.

Bam e Yoko não eram diferentes das outras, mas pareciam mais passionais, eu também me via assim, então criei um trabalho mais firme com elas, porque precisávamos demonstrar empatia por nossos pacientes, contudo tínhamos que ter um determinado equilíbrio para conseguir compreender e ajudar.

...

Era 14 horas de uma sexta feira quando resolvi liberar os meus subordinados, estava chovendo bastante e como a maioria usava transporte público, preferi que eles não se arriscassem a ficar presos na clínica, em último caso tínhamos alguns leitos que os médicos usavam, contudo preferi evitar.

Depois de dispensa-los, voltei a minha sala pra organizar alguns documentos e estudar as fichas dos pacientes que os estagiários estavam atendendo.

Acho que foram apenas cinco minutos antes da primeira interrupção, Wanwand bateu na porta e colocou a cabeça pra dentro, ela queria sair e beber alguma coisa, já que a chuva parecia não querer parar e era pouca a quantidade de pacientes que chegavam, ela decidiu deixar dois plantonistas para atendimento.

Eu agradeci a oferta e apontei para as pastas em cima da minha mesa, ela bufou, mas entendeu saindo logo em seguida.

Quando abri uma nova pasta ouvi outra vez uma batida na porta, era Yoko:

- Doutora... Posso entrar? – Ela ajeitou o óculos de leitura e sorriu timidamente.

- Pensei que havia liberado vocês por hoje!- Afirmei sinalizando que entrasse.

- A senhora liberou – Ela se aproximou sem desviar os olhos dos meus – Mas eu quis ficar, o pessoal resolveu ir para um bar aqui em frente e eu achei mais interessante estudar alguns casos – Ela justificou enquanto se sentava a minha frente.

- Yoko, não vejo motivos pra você continuar por hoje, ainda mais com o clima que está lá fora, não tem medo de ficar sem locomoção?

- Obrigada pela preocupação doutora, mas qualquer coisa eu chamo um Uber, posso ajudar a senhora?

- Bem – Observei o olhar atento daquela menina e pensei que além de fofa, ela era esforçada e bonita, não queria pensar em outras coisas, então balancei a cabeça em afirmação e ela abriu um sorriso largo, aquele simples gesto dela me causou um leve arrepio – Enquanto eu termino de analisar os casos que vocês atenderam, você separa estes aqui.

Trabalhamos por duas horas, contudo com a ajuda da Yoko consegui finalizar a organização antes do que havia previsto, então decidi pagar um café na lanchonete da clínica:

- Quantos anos você tem? – Perguntei para iniciar uma conversa menos profissional.

- 22, quase 23 – Respondeu orgulhosa – E a senhora?

- Tenho 30 – Disse tomando um gole do meu café – Já terminou o nosso expediente Yoko, pode me chamar de Faye.

- Está bem – Ela ficou ruborizada e por alguma razão eu gostei de vê-la assim.

- Você deveria ter aproveitado o dia pra descansar ou ver algum namorado – Falei sem pensar.

- Não tenho namorado e se eu voltasse pra casa quando a senhora liberou a gente, provavelmente estaria ocupada com as minhas obrigações.

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